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Annabeth.

Existe diferença entre escolha e decisão.

Fazer uma escolha é você ter opções a respeito de como agir e precisar justamente escolher uma delas. Já a decisão é tomar uma iniciativa perante aquela escolha. Assumi-la, torná-la real.

E é nisso que estou hesitando, porque dentro da minha cabeça já existe uma escolha. Uma escolha que preciso assumir e tornar real.

Uma escolha que preciso transformar em decisão.

Conheço Percy Jackson desde os meus doze anos. Fui apaixonada por ele aos dezesseis. E hoje, aos dezenove, ele é meu melhor amigo.

Meu melhor amigo que está apaixonado por mim.

Nunca imaginei que isso fosse acontecer. Nunca imaginei que Percy ou qualquer outra pessoa pudesse se apaixonar por mim, a mesma Annabeth que ficou famosa por ser fria e indiferente aos sentimentos das pessoas por simplesmente ter enfiado na cabeça que não precisava de ninguém. Porque essa Annabeth não precisa, ela é suficiente.

Que pena que tudo isso é só uma imagem que construí para as outras pessoas verem, porque a verdadeira é extremamente frágil e quebradiça. Sentimental. Insuficiente. Física.

E amar uma pessoa assim seria como se sustentar em cima de uma plataforma de vidro suspensa no ar, correndo o risco de partir ao meio e te derrubar constantemente. Porque ela não é forte, não é confiável. Não é nem ao menos instável.

É o puro risco. Um erro.

E eu não quero ser um erro na vida de Percy Jackson.

Luke não fala muito enquanto dirige, e sou grata por isso. Nunca estivemos juntos de verdade, é só conveniente para os dois passar um tempo juntos de vez em quando. Sem sentimentos. Sem amarras.

As pessoas podem achar que sou covarde, mas só sou alguém que teve experiências traumáticas demais. Alguém que nunca sentiu firmeza e confiança quando ouvia falar sobre a palavra amor. Alguém que provavelmente nem sabe o que é amor de verdade, porque nunca se permitiu sentir isso.

Vermelho é a cor do sangue, e o amor te faz sangrar. É a cor do perigo, da luxúria. Da tentação. Quente e abrangente feito fogo. Feroz e violento como a guerra. É a cor da ira, do desejo, da paixão. Uma faca de dois gumes: salvação e perdição. Uma benção, ou será uma maldição?

Tudo que sei sobre o amor me faz pensar que ele é como a cor vermelha.

-Você está bem? -Luke acaba perguntando. -Estou te achando meio quieta, você geralmente não é assim.

Puxei ar para os pulmões com força, sentindo meu peito inchar antes de soltá-lo devagar, demorando para dar uma resposta.

-Percy. -falei, como se isso explicasse tudo.

Observei as sobrancelhas dele se unirem, o semblante se moldando em pura confusão, assim como eu imaginei que aconteceria. Ele sabia quem era Percy, mas nunca falo dele quando estamos juntos. Geralmente não falo de Percy para ninguém além das meninas. Ele é como um segredo que prefiro manter guardado comigo, sem envolvê-lo profundamente nas minhas confusões com Luke e minha família. Porque diferente dessas duas coisas, ele é real e bem sólido.

Costumo pensar em Percy como a única pessoa capaz de me fazer esquecer completamente a realidade, e isso é algo que preferia guardar só pra mim.

Até agora.

-E o que tem ele?

Luke nunca se interessou em acompanhar o futebol, prefere o basquete. Sei que não tem a menor chance de ter visto o jogo de domingo, e provavelmente nem sabe que Percy está jogando no profissional agora. E essa com certeza não é uma história que eu gostaria de reproduzir. Não que eu ache vergonhoso, mas é no mínimo embaraçoso.

Red - (au percabeth)Where stories live. Discover now