Red - (au percabeth)

26.4

Percy.

Estelle ficou quietinha no banco de trás do carro, ela estava com cara de sono desde que saímos do cinema. Tocava Taylor Swift no rádio, e eu podia perceber os lábios de Annabeth se movendo conforme a letra da música. Eram quase onze da noite agora, provavelmente passaríamos a madrugada acordados se ela realmente fosse querer ver outro filme comigo.

Parei o carro na frente do prédio da minha mãe, que ficava na calçada oposta à sorveteria e desci, abrindo a porta do passageiro e pegando minha irmã no colo.

—Não demoro. —digo para a loira. —Vou só deixar ela lá em cima.

Annabeth assentiu, sorrindo fraco para mim. Ela parecia quase tão cansada quanto Estelle.

Peguei o elevador com a pequena já adormecida em meu colo. Bati na porta e foi Paul quem abriu, sorrindo ao ver a filha toda agarrada em mim.

—Onde está a minha mãe? —pergunto baixinho, entrando no apartamento e andando em direção ao quarto de Estelle.

—Está dormindo no sofá. —ele responde num tom igualmente baixo.

Acomodei minha irmãzinha na cama, tirando seus sapatos, cobrindo-a com sua manta de unicórnio colorida e deixando um beijo no topo de sua testa.

—Annabeth ficou no carro. —digo para Paul assim que fecho a porta do quarto atrás de mim. —Não quero deixá-la esperando. Diz pra mamãe me ligar quando puder?

Ele assentiu.

—Claro. —sorri, dando-lhe um abraço rápido. —E é interessante usar preservativo, sabe? —senti as bochechas ficarem vermelhas, e Paul deu dois tapinhas no meu ombro ao se afastar.

—A gente não…

—Relaxa, garoto. Estou só brincando com você  — ele também sorria agora. —Mas ela é bonita. — acrescentou de forma nada despretensiosa, erguendo as sobrancelhas em seguida.

—Ela é linda. —corrigi, coçando a nuca. —Mas a gente ainda não tem nada, eu acho. É confuso.

Paul acena positivamente com a cabeça, suspirando.

—Quer um conselho de pai? —fiz que sim e ele prosseguiu: —Ela é uma garota e, caso não dê certo, existe um mundo cheio delas por aí. Sei que pode parecer absurdo agora, sei o quanto Annabeth é especial para você, mas não se prenda em algo do qual não tem certeza. Você é o cara certo, não só mais um. Acredito que ela saiba disso também.

Fico olhando para ele, reflexivo, mas também com um pouco de… raiva? Eu não entendia, estava tudo uma bagunça de novo. Passei a noite toda com Annabeth depois de nos beijarmos e mal conversamos. Estelle ficou sentada entre nós dois na hora do filme, e no resto do tempo praticamente tivemos toda a atenção tomada por ela também. Mas não culpo a pequena, o objetivo daquilo tudo era justamente a diversão dela, não a minha vida amorosa.

E agora o meu padrasto estava me dizendo para não aceitar menos do que eu mereço, e isso me lembrou da própria Annabeth dizendo que não poderíamos ficar juntos porque ela acabaria partindo meu coração.

—Obrigado, Paul. —é só o que digo, concluindo para mim mesmo que realmente não queria falar daquele assunto no momento.

Quando voltei para o carro, me deparei com uma Annabeth adormecida, o que me fez sorrir inexplicavelmente, fazendo todo o resto parecer sumir. Ela havia dormido sentada no banco com a cabeça apoiada no encosto, o cabelo jogado de qualquer jeito no rosto e a boca entreaberta. Dava para ouvir a sua respiração juntamente com a voz da Taylor Swift que agora estava em um volume baixo no rádio. Afastei seus fios loiros do rosto antes de puxar o cinto e dar a partida.