27. Yuri

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Maravilhada por tais palavras, meu ser se encantou. Minha mana, pura? Em que constelação se desdobrava esse mistério? A cada instante junto ao espírito, crescia meu interesse. Um fascínio bordava meu pensamento, repleto de indagações, neste mundo espiritual, um reino de encanto e mistério.

— O que é mana pura? - inquiri, provocando um olhar curioso da mulher.

— Aaahh! Isso será árduo de descrever. — ela, em ponderação, tocou o queixo. — Olhe fixamente para mim. — a mulher falou, e num piscar, desapareceu.

— Para onde ela foi? - murmurei, envolta em incertezas.

— Hahaha! Ainda estou presente! - sua voz ecoava, embora eu não visse sua forma.

— Onde? invisível ficaste! — perguntei, lançando minhas mãos ao vento, em busca do invisível. 

O espírito ressurgiu, diante de mim, um retornando a sua existência.

— Não estava invisível, apenas fundi-me à energia circundante, tornei-me mana novamente.

—  Como assim, outra vez?

— Ah! Nós, entidades espirituais, somos tecidos de pura energia, um fulgor que humanos nominam "mana", mas nós, na esfera etérea, chamamos de vida.

— Mana pura, então, é um eco do poder? — indaguei, envolvida na intriga, meus olhos estavam radiantes. 

A mulher, com um gesto audaz, tocou minha fronte com um peteleco lúdico.

—  Despeça-se desses devaneios. HAHAHA — ela riu. — Mana pura denota proximidade com a essência, facilitando a absorção e liberação de vastas ondas de energia.

— Por que, então, que meus pontos de mana não se recuperam? - declarei, observando meus atributos. Minha mana, teimosa, mantinha-se em baixa, uma recuperação morosa.

— Este enigma é verdadeiramente peculiar, Elena. Que entidade é essa? - sem meu discernimento, a mulher emergiu ao meu lado, apontando para a marca que indicava meu nível.

— Este é um marcador de nível. - repliquei.

Após alguns momentos, algo incomum capturou minha atenção, e, surpreendida, questionei ao espírito.

— Como consegues enxergar meus atributos e nome se não liberei para que os vejas?

— Preciso de tua liberação para tal? Simplesmente observei uma centelha azulada convergindo numa figura quadrada e fui investigar.

— Um instante! Permite-me entender. Tens a habilidade de discernir qualquer expressão de mana?

— Por que a perplexidade? Não acabei de declarar ser forjada dessa essência?

— Sim... mas... — suspirei, e logo declarei! — Ahh! Desisto, abdico da compreensão. Jamais considerei que a tabela de atributos fosse tecida de mana.

— É a primeira vez que vejo esse fenômeno.

— Como assim? Os Elfos não possuem uma? Nunca contemplaste a de teu contratante?

Uma sombra melancólica adentrou os olhos daquela mulher encantadora. Seu brilho vacilou por um breve momento.

— Há dois mil anos, ninguém ousa me invocar. Meu último encontro foi com um humano, Ethan Cryspin. Naquela era, não existiam estas entidades flutuantes que denominais de status.

— Ethan Cryspin, o fundador de Ettore? Então és Yuri, a Rainha Espírito da Luz e da Água?!

Esta revelação me deixou atônita. Estava diante do Rei Espírito, um dos mais poderosos, cuja história é épica e recontada nos ventos. A mesma entidade que ao lado do grande Ethan, desafiaram a dez dragões malignos, num espetáculo que ecoou pela eternidade.

— Oh, então tens conhecimento dele.

— Como não conheceria? Ele foi o titã dos feitiços, o maior mago. Na guerra contra demônios, suas mãos esculpiram a paz. Edificou um reinado no rastro da última grande batalha, uma era a florescer.

O fulgor nos olhos da Rainha Espírito ressurgiu, orgulho e satisfação ao evocar as memórias de seu último pacto, Ethan, o mago da criação.

— Por que ninguém mais te invocou? Tu és rainha, e mesmo despois da guerra, ainda persistem monstros e demônios, forças ainda a desafiar.

— Bem... alguns tentaram, mas há uma condição, uma condição a considerar.

— Quais? - perguntei, envolta na curiosidade.

— Primeiro, a maioria dos humanos carece de mana. Para abrir portais na invocação, essa carência que se faz evidente.Até Elfos, com o passar do tempo, veem minguar sua dádiva mana, podendo eles evocar um Rei com um atributo, mas para um ser como eu, exige mais que tal quantia de energia. Segundo, a mana necessita ter pureza, se aproximando à essência primordial. Quanto mais pura, mais próximo da harmonia celestial. E, à medida que o espírito espera, sem ser convocado, torna-se mais árduo para alguém realizar tal um chamado.

— Por quê? — questionei, em busca de compreender os mistérios entrelaçados neste tecido de mana e poder.

— Minha adorável, neste intervalo cósmico, acumulamos nossa energia espiritual, Assim, para nos evocar, será preciso uma força mais sobrenatural. — Yuri expressava, tocada pela tristeza.

—  Se detenho a energia pura, posso te evocar. Bem... contanto que uma profissão me conduza a ascender mana, não? — eu disse, numa tentativa de alegrá-la.

— Profissão? Isso é estranho. Os Elfos desconhecem tal caminho. E Ethan, em sua essência, era mago nato, sem o percurso comum de uma profissão.

— Em tempos primordiais, os seres nasciam e cresciam desprovidos de rumo profissional, perdendo tempo, dissipando talentos, sem vislumbrar seu potencial. Há mil e quinhentos anos, um artefato mágico emergiu lendo o corpo e a mana. Ao usá-lo a primeira barra de status aflorou, revelando talentos. Daí em diante, todo humano, ao vir ao mundo, já porta seu status intrínseco e aos dez anos abraça uma profissão, traçando seu destino magnífico.

— E por que careces de uma profissão? — Yuri perguntou com curiosidade.

— Bem, ainda não atingi o nível 10...—  respondi, num tom de simplicidade.

Curiosa e pensativa, Yuri fixou o olhar em mim e questionou mais uma vez.

— O que é nível?

— É a experiência que acumulamos ao derrotar monstros. 

A Rainha da Luz e da Água surpreendeu-se. Seus olhos se alargaram, e uma expressão de descontentamento estampou-se em seu rosto.

—  Vocês drenam a energia de outros seres, que repugnante ato! – Yuri proferiu, com desgosto no olhar.

As Crônicas De Elena - e o Passado Esquecido!Where stories live. Discover now