17. O findar de uma luta e o começo de outra.

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O menino esforçou-se para se erguer, mas seu corpo permanecia imóvel.

— Fique tranquilo, preciso de você vivo. Neste estado, você não conseguirá realizar nada; esta magia impede a regeneração do corpo, a menos que eu cure. Vou atrás daquela pirralha e, em breve, voltarei para lidar com você.

Com a certeza de que o jovem rapaz não se levantaria novamente, Faylin virou as costas, dirigindo-se na direção de Elena, que já havia se adentrado profundamente na floresta.

— Luz sagrada - Príncipe do céu! — o jovem rapaz pronunciou com sua voz rouca e fraca.

Recitando essas palavras, o jovem agonizante começou a flutuar. Faylin imediatamente virou-se para trás e percebeu uma imensa concentração de mana no céu, formando um círculo e emitindo uma luz que envolvia todo o corpo do menino, curando-o.

Faylin tentou atacá-lo, mas correntes de luz emergiram do solo, prendendo-o ao chão.

— Luz sagrada - Expurgo!

Desta vez, raios caíram do céu, incinerando completamente tudo em uma área de 2 km.

No instante em que aquela poderosa magia foi desencadeada, todos na cidade com sensibilidade à mana perceberam uma intensa manifestação de poder.

O Rei agiu prontamente, despachando um grupo de soldados liderados por Gian, que agora assumira o papel de capitão, após o Capitão Cleones ser designado para supervisionar patrulhas e investigações em outras cidades.

Elena ainda encontrava-se dentro do raio de 2 km e quase foi atingida pela explosão mágica. No entanto, antes que a magia pudesse alcançá-la, o jovem rapaz surgiu diante de seus olhos, envolvendo-a em um abraço que criou um escudo ao redor deles.

— O que está acontecendo? — ela indagou, visivelmente assustada.

— Eles não virão mais atrás de você. Acredito que o exército chegará em breve. No entanto, a magia aqui ainda está instável; é perigoso permanecer perto da área da explosão. Tente encontrar seu cristal. Infelizmente, não poderei ajudá-la com isso agora, pois preciso deixar o bosque!

Antes de soltá-la por completo, o garoto segurou a barra da manga de sua camisa, respondendo ao pedido silencioso de Elena.

— Meu nome é... — ele pronunciou seu nome, mas ela não conseguiu compreender. Em um piscar de olhos, ele desapareceu.

Aturdida, sem compreender plenamente o que se desenrolara e quem era o misterioso rapaz, Elena voltou seu olhar para trás e testemunhou a devastação ao seu redor. Uma vasta cratera marcava o local onde antes estavam aqueles homens estranhos.

O dia estava prestes a findar, e ninguém a havia encontrado ainda. Sentindo-se ansiosa e melancólica, Elena caminhou por horas até alcançar o local onde seus colegas de equipe foram atacados.

Ao chegar, deparou-se com a ausência de corpos. Sobressaltada, examinou minuciosamente o entorno, percebendo marcas de rastejo no chão, seguidas por rastros de sangue. Decidiu seguir aquelas trilhas, culminando na descoberta do corpo de Rayon, apoiado em uma árvore.

Ele repousava sobre uma poça de sangue, sua cabeça pendia para baixo, o corpo rígido e frio, o sangue outrora fluindo, agora seco. Aquela cena era deplorável e triste, evidenciando a árdua batalha travada pelo jovem para preservar sua vida. Nesse momento, Elena foi transportada de volta às lembranças de sua vila.

"Por que essas tragédias sempre recaem sobre mim? Por quê?" – ela refletiu desconsoladamente. Recordações das provocações de Rayon afloraram em sua mente, provocando lágrimas e sorrisos.

Inclinando-se para se despedir do "Coroa de Abacaxi", notou algo em suas mãos. Rayon segurava dois cristais de pedido de socorro, um presumivelmente destinado a Elena e outro a ele próprio. Ambos encontravam-se fragmentados, surpreendendo-a ainda mais.

— Por que ninguém veio? Os cristais já estão despedaçados... então por quê? – ela indagou a si mesma, já apreensiva e angustiada diante da situação.

Era evidente que Rayon havia sucumbido há mais de uma hora, considerando que os cristais haviam sido fragmentados nesse intervalo. Contudo, nenhum guia ou cavaleiro surgiu. Elena optou por aguardar alguns minutos, porém, nenhum socorro se materializou. Assim, decidiu tentar encontrar a saída por conta própria, erguendo-se e avançando alguns metros, até deparar-se com o corpo de Alice, que estava sendo consumido por slimes.

Sua mente congelou, uma sensação desagradável percorreu todo o seu corpo, calafrios desceram por sua espinha, e ondas de enjoo reviraram seu estômago, resultando em vômitos. A cena de alguém sendo dissolvido dentro daquelas pequenas gelatinas era terrivelmente horrorosa.

Elena agachou-se, pegou algumas pedras que jaziam no chão e lançou-as contra os pequenos slimes, enfurecendo-os e fazendo-os correr em sua direção. Ciente de que não conseguiria derrotar esses pequenos monstros naquela situação, considerando que eram quatro, cada um atacando simultaneamente, ela percebeu que a única opção era fugir. Slimes eram seres lentos e pouco inteligentes, portanto, logo perderiam sua trilha.

"Pelo menos metade do corpo de Alice permaneceu intacta, e ela poderá ser dignamente sepultada! Perdoe-me por não ser capaz de oferecer mais, mas, por agora, é o único gesto que posso fazer por você, Alice!" – Elena pensava e chorava enquanto escapava da investida daqueles pequenos seres.

As Crônicas De Elena - e o Passado Esquecido!Where stories live. Discover now