𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪

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Permaneço ali sozinha e em completo silêncio, mas não demora muito para boa parte da equipe do Barcelona chegar para prestar apoio ao Pedri nesse momento difícil. Quando dizem que são mais que um clube eles não mentiram.

Levanto-me daquela cadeira e cumprimento todos os meus conhecidos e dou meus pêsames para os pais da Martina.

──── Hey, fica aqui com a gente ── Gavi diz assim que me vê voltando para a cadeira.

──── Eu prefiro ir sentar ali, a Luna já está pesando um pouco ── digo.

Gavi se senta ao meu lado e segura minha mão entrelaçando os nossos dedos.

──── Você não está sozinha! Somos uma família ── diz o rapaz.

Suspiro cansada e deito a cabeça em seu ombro. Permaneço nessa posição por um bom tempo, até nos chamarem para a despedida final.

Vamos todos caminhando até o local do enterro, e formamos uma roda em volta da cova que foi cavada para a minha amiga. Gavi permanece com o braço em volta da minha cintura e meu olhar vai direto até Pedri, que está chorando de joelhos ao lado de Ferran e Eric.

──── Me corta o coração vê-lo assim... ── digo baixo, queria que somente o meu ex escutasse.

──── Te entendo, mas ele vai ficar bem. O Pedri é forte.

Enquanto o caixão vai descendo, sinto a minha ficha caindo. Ela realmente se foi e nunca mais vai voltar. Se eu soubesse que nosso abraço no karaokê teria sido o último, eu teria aproveitado muito mais.

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Uma vez em casa, tiro aquela roupa e vou direto para o banho.

Sinto a água quente caindo sobre a minha pele fria devido ao clima, passo as mãos pelo meu cabelo pensando em como Pedri está e como serão nossos dias daqui pra frente.

Permito que todo choro que segurei venha a tona agora, e por tal motivo, passo um bom tempo dentro do banheiro do meu quarto.

Abrir a porta do banheiro para sair me trás uma sensação de estar voltando para o mundo, tendo que enfrentar essa realidade dolorosa que estamos vivendo. Junto as minhas poucas forças e saio do banho, coloco uma roupa confortável e me sento na minha cama.

Gavi resolveu passar essa noite aqui comigo, já que o Eric ficará na casa do Pedri oferecendo apoio.

──── Trouxe isso para você ── Gavi diz adentrando meu quarto com uma bandeja em suas mãos. Quando ele se aproxima posso ver um copo com suco, que pela cor suponho ser de laranja, um lanche natural e uma salada de frutas.

──── Obrigado mesmo, mas não estou com fome ── digo. Não queria fazer desfeita desse gesto tão cuidadoso dele, mas nada me desce.

──── Eu sei que não é fácil, mas lembra do que eu disse que você precisa pensar na Luna? Então ── Gavi argumenta e deixa a bandeja no criado mudo ── Você não comeu quase nada hoje, e por mais difícil que seja, precisa estar nutrida.

──── Eu não consigo... ── respondo. Eu sei que preciso fazer isso pela minha pirulitinha, mas não dá.

──── Só um pouquinho, nem que seja somente as frutas.

Depois de muita insistência por parte de Pablo, eu decido comer um pouco.

──── Agora descansa, amanhã é outro dia ── Pablo diz e em seguida beija minha testa.

──── Dorme aqui comigo ── peço. Eu preciso dele ao meu lado...

──── Tem certeza? Eu posso dormir no quarto do Eric, sem problemas.

──── Por favor... ── Gavi concorda com a cabeça, então me ajeito para deitar com ele.

Não demorou muito para ele fechar os olhos. Sua respiração tranquila entregava que já havia dormido. Permaneço ali, olhando os minutos se passarem na tela do meu celular. Essa noite parece não ter fim.

Mais uma vez olho para o celular, 03:26 da manhã. Solto um suspiro. Que noite infindável.

Desbloqueio o aparelho e entro nas redes sociais, afim de tentar distrair a mente, mas foi inútil, já que só se fala da morte da Martina.

Sinto um gosto amargo invadindo minha boca, e rapidamente vou ao banheiro, me ajoelho em frente ao vaso sanitário e coloco tudo para fora.

Em questão de segundos, sinto alguém prendendo o meu cabelo, é o Gavi. Após essa ação, ele permanece ali acariciando minhas costas.

E assim passamos o resto da madrugada. Da cama para o banheiro e do banheiro para a cama inúmeras vezes.