Lucky Strike | Diogo Costa ✔️

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1 de Julho

Hoje é o dia em que abre, oficialmente, o mercado de transferências de Portugal e, embora não o seja oficialmente, é o dia que materializa todas as preocupações que tenho carregado comigo nos últimos dois meses e meio, desde o dia em que me falou da possibilidade de sair do Porto.

Têm sido emoções difíceis de gerir – uma mistura entre sentir-me feliz e orgulhosa por vê-lo progredir na sua carreira e explorar outros voos e sentir-me preocupada e insegura quanto ao futuro da nossa relação. É claro que, quando comecei a namorar com ele, eu sabia que a carreira dele é instável, que agora está aqui e daqui a uns tempos pode estar noutro sítio qualquer, mas acho que não pensei em como me ia sentir quando esse momento chegasse. Se, por um lado, eu acredito que a distância é só um obstáculo que nós podemos contornar e que a nossa relação pode sobreviver a isto, por outro lado, assusta-me sentir-me tão insegura e pensar que as coisas podem mudar. O Diogo pode conhecer alguém novo. Ou eu. Ou podemos simplesmente sentir que os sentimentos se estão a desvanecer com a distância. Ou passar a discutir mais porque estamos menos vezes juntos e os horários vão ser mais difíceis de conciliar. Ou... ou... ou...

Eu sei que são tudo suposições e que isto sou eu a pensar demasiado sobre algo que ainda nem aconteceu, mas não consigo evitar. Tenho tentado abstrair-me deste assunto, sobretudo quando eu e o Diogo estamos juntos, porque não quero que ele denote esta minha ansiedade e insegurança e porque quero que possamos aproveitar todos os momentos que temos juntos, mas tem sido cada vez mais difícil.

Além de hoje começar o mercado de transferências, começam também as minhas férias e a semana que eu e o Diogo reservámos para estar juntos e viajar. Temos voo para Palma de Maiorca dentro de duas horas e, em vez de me começar a preparar para sair de casa, porque o Diogo deve chegar muito em breve, estou aqui perdida nestas divagações.

Convenço-me, finalmente, a lavar a louça do pequeno-almoço e trocar o pijama pelo conjunto confortável e fresco que escolhi para usar durante a viagem – umas calças de um tecido super leve azuis escuras e uma t-shirt branca com riscas azuis. Calço as minhas Converse All Star, verifico novamente se não me esqueço de nada e preparo a mala preta onde vou levar os meus objetos pessoais básicos, assim como um casaco para vestir no avião, se tiver frio.

À hora combinada, Diogo avisa-me que chegou e eu saio do apartamento, após deixar todas as janelas fechadas e trancar a porta. Finalmente, sinto que a ansiedade boa da viagem está a ser mais importante do que tudo o resto, por isso tento focar-me nisso e não em todas as outras preocupações que inundam a minha cabeça.

- Bom dia! – o Diogo cumprimenta-me com um enorme sorriso, mal entro no carro, o que me contagia logo – Estás bem?

- Muito melhor agora. – respondo com verdade – E tu?

- Muito melhor agora. – ele repete as minhas palavras, aproximando-se de mim para um beijo rápido mas apaixonado – Não te esqueces de nada?

- Acho que não, podemos ir. – digo, apertando o cinto de segurança.

A viagem até ao aeroporto é bastante rápida, ao contrário do processo de check-in e de despachar as malas para o porão, que é algo demorado. O ponto positivo disso é que depois a espera até embarcar torna-se mais curta e, num piscar de olhos, o avião está a descolar.

Algumas pessoas reconheceram o Diogo no aeroporto e, embora isto já tenha acontecido antes e não me cause qualquer tipo de confusão, hoje ele foi abordado por algumas pessoas, geralmente, homens mais velhos, sobre a sua possível saída do Porto. Já há alguns jornais a fazer especulações, daí as pessoas já comentarem e terem aproveitado a ocasião para fazer perguntas. O Diogo respondeu da melhor forma possível, dizendo que, neste momento, ele continua a ser jogador do FC Porto.