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Madalena

Esta semana ainda só vai a meio, mas eu sinto-me como se estivesse a vivê-la há um mês. Talvez uma parte desse sentimento se deva ao facto de estar a ter uma semana menos atarefada que a anterior e, como tal, ter mais tempo livre. Contudo, verdadeiramente, o que me está a criar este sentimento é a ansiedade com que tenho vivido os meus dias. Não voltei a ter notícias da polícia, por isso o mais provável é que a minha queixa não me tenha servido de muito. Além disso, passo a vida a olhar por cima do ombro, a sentir-me paranóica por achar que o Alexandre pode aparecer a qualquer momento, saído de qualquer canto.

Quando contei à Marta o sucedido, porque ela reparou que algo não estava bem comigo, ela mostrou-se bastante preocupada e, desde então, insiste em que saiamos sempre em simultâneo para eu não ter de vir sozinha. E a verdade é que esse pequeno gesto significa imenso para mim, porque, quando não estou sozinha, sinto-me de facto mais segura.

Por toda esta ansiedade que tem pautado os meus dias, levantar-me da cama de manhã tem sido uma tarefa difícil. Sinto que voltei atrás algumas semanas e que voltei a mergulhar naquela maré de azar, que estou cheia de "más energias" e que voltei a entrar naquele poço escuro. Contudo, estou realmente a esforçar-me para contrariar essa corrente, por isso salto da cama para o duche e depois tento arranjar-me rapidamente, visto que fiquei na cama mais do que o suposto. Umas jeans azuis escuras de cintura subida e uma camisola de lã cinzenta são as peças escolhidas, combinadas com uns botins rasos pretos e um casaco da mesma cor. Os meus pertences vão parar à mala do costume e apenas coloco creme hidratante na cara, as habitual pérolas nas orelhas e seco o cabelo.

- Bom dia! - cumprimento a Soraia, ao entrar na cozinha.

- Bom dia. - ela cumprimenta-me de volta - Dormiste bem?

- Sim. E tu? - pergunto, preparando a minha taça de cereais.

- Otimamente. - ela sorri - Não pareces particularmente entusiasmada.

- Está a ser uma semana difícil, só isso. - respondo, encolhendo os ombros.

- Hey, as coisas hão de melhorar, okay? Só precisas de esperar mais um pouco. - a minha melhor amiga lança-me um sorriso encorajador - Bem, tenho mesmo de ir. Ficas bem?

- Claro que sim. - sorrio.

- Diz-me alguma coisa quando chegares ao trabalho. - ela relembra-me.

- Sim, mãe. - ironizo, levando-a a revirar-me os olhos antes de sair pela porta do apartamento.

Depois de terminar o pequeno-almoço, apenas visto o casaco e pego nas minhas coisas, saindo de casa. Está um típico dia de inverno, embora, em teoria, ainda não tenhamos entrado nessa estação do ano - chuva, vento e frio -, por isso conduzo com cuidado até chegar ao meu local de trabalho.

- Bom dia! - cumprimento a rececionista à entrada e sigo, depois, para o meu escritório.

Depois de uma primeira semana atribulada e atípica, devido aos preparativos da gala Dragões D'Ouro, esta semana tem sido bastante tranquila - aquilo que a Marta apelida de uma semana normal para esta altura do ano. Hoje, vamos ter uma reunião com uma empresa que organiza viagens em grupo para coordenar os últimos pormenores da estadia de um grupo de 30 pessoas, que chegará no final de dezembro, para aqui celebrar a passagem de ano.

Além do trabalho normal de ajudar clientes sempre que necessário e de garantir que as atividades regulares do hotel estão a decorrer conforme esperado, estamos a começar a tratar do planeamento de eventos e atividades para o mês de dezembro, mês de épocas festivas. Normalmente, é uma época em que o hotel fica mais cheio e em que existem todas as semanas atividades e eventos diferentes para as pessoas poderem usufruir do hotel e da cidade, em geral.

Lucky Strike | Diogo Costa ✔️Where stories live. Discover now