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Madalena

Todo o percurso entre o Porto e Santo Tirso é feito com o meu coração na boca. Estou tão triste pelo Diogo! Ele já me falou algumas vezes do avô e eu sei o quão importante ele era para o Diogo. Não imagino como ele deve estar a sofrer! Só quero poder abraçá-lo e confortá-lo de alguma forma. Nem se quer dormi nada de jeito, só a pensar em tudo isto.

Confesso que há outra coisa que me inquieta: o facto de eu estar prestes a conhecer a família do Diogo. É claro que isso é um pormenor irrelevante, dada toda a situação, mas não deixa de me deixar algo ansiosa, sobretudo tendo em conta o estado meio indefinido em que eu e o Diogo nos encontramos. Quero dizer, não namoramos, mas também não é como se fôssemos apenas amigos. Seja como for, tudo isso é irrelevante neste momento e não faz sentido estar a preocupar-me com isso agora.

Chego a Santo Tirso por volta das 13h, mas, antes de dizer alguma coisa ao Diogo, procuro um local para almoçar. Opto por parar num café que tem uma placa a informar que serve petiscos, decidindo-me por uma bifana e um copo de limonada. Quando termino a minha refeição, após beber um café, envio mensagem ao Diogo, para tentar perceber onde devo ir ter com ele. Sigo as suas instruções até à capela onde vai decorrer o funeral do seu avô.

Odeio este tipo de ocasiões, porque nunca sei o que dizer ou fazer, mas não ficaria bem comigo mesma sabendo que não estive aqui para o Diogo – se fosse ao contrário, também gostaria que ele estivesse presente.

Quando saio do carro, não evito sentir-me intimidada por não conhecer nada nem ninguém. Nem se quer sei onde está o Diogo, por isso não sei bem o que fazer. Contudo, quando o avisto, também à minha procura, os meus pés não perdem tempo a avançar até ele.

- Estás aqui. – ele suspira ao ver-me e logo eu o puxo para um abraço forte e longo.

- Estou aqui. – murmuro de volta.

Eu sinto os seus braços aumentarem a força em torno do meu tronco, mas não me importo. Também eu aumento a força do abraço, puxando-o mais para mim e depositando beijos suaves no seu ombro. O momento em que eu percebo que ele está a chorar é o momento em que algo se quebra dentro de mim. Não sei o que fazer para curar a dor dele e não sei como lidar com o sofrimento daqueles que me são importantes. Quem me dera que ele não tivesse de passar por isto.

Apenas mantenho o nosso momento, sem me mexer, apenas acariciando levemente o seu cabelo. Não sei quanto tempo passa até quebrarmos o nosso abraço, mas sei que não me importaria de ficar aqui para sempre, se isso o ajudasse a sentir-se um pouco melhor.

- Obrigado por estares aqui. – o Diogo agradece, deixando-me um carinhoso beijo na testa.

- Não tens nada que agradecer. Não ia conseguir ficar em casa, sabendo que estavas a passar por uma coisa assim... Eu sei que tens a tua família, mas quis estar aqui para ti. – afirmo.

- E não imaginas quão importante para mim é que tu estejas aqui. A sério, Madalena... Estava a precisar de ti. – o Diogo declara.

Passo as mãos levemente pelo seu rosto, limpando o vestígio das lágrimas, e deixo um beijo na sua bochecha.

- E sempre que precisares, eu estarei aqui. – afirmo.

- Eu vou entrar, o serviço vai começar. – o Diogo afirma.

- Claro. Vai para ao pé da tua família. Eu fico por perto. – declaro – Se precisares de mim, é só olhares. – ele assente e pega rapidamente na minha mão durante uns segundos, antes de se juntar à sua família.

Lucky Strike | Diogo Costa ✔️Where stories live. Discover now