Lucky Strike | Diogo Costa ✔️

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Uma semana depois

Apesar de ser uma pessoa otimista por natureza, nunca achei que, no espaço de uma semana, eu conseguisse arranjar emprego na minha área – por vários motivos: primeiro, porque tenho apenas um ano de experiência; depois, porque é uma área extremamente concorrida. Seja por sorte ou porque gostaram do meu currículo, fui chamada para uma entrevista num hotel em Vila Nova de Gaia, o Hotel Vincci, para ser responsável de eventos. É uma excelente oportunidade, numa área que eu adoro, por isso espero mesmo que corra tudo bem.

Passei a semana toda a enviar currículos para tudo quanto era sítio, por isso ter sido recompensada com esta boa notícia é excelente. No e-mail, eles disseram que estavam a precisar de contratar alguém com urgência e que eu lhes parecia a pessoa certa, mas queriam uma entrevista presencial para poderem decidir. Só espero que eu lhes continue a parecer a pessoa certa e eles decidam contratar-me.

De resto, nada mudou. Infelizmente, o Alex continua a achar que tem um papel na minha vida. Manda-me mensagens diariamente – algumas de um tom bastante agressivo – e apareceu cá em casa já por duas vezes, chegando a ameaçar que arrombaria a porta, se fosse preciso, para falar comigo. Gravei as duas conversas, porque estou realmente empenhada em arranjar provas que ele me persegue para poder mostrar à polícia – acho mesmo que isso pode ser a única solução para este problema.

Contudo, hoje pode ser um ponto de viragem na minha vida, por isso quero pensar só em coisas boas. A entrevista está marcada para as 14h, por isso decido sair de casa mais cedo e almoçar nalgum lado antes. Tomo um duche rápido e depois perco mais de 5 minutos a encarar o meu roupeiro e a tentar decidir que roupa é apropriada para uma entrevista de emprego. Opto por umas calças pretas (que ficam sempre bem em qualquer ocasião), combinadas com uma blusa branca básica e um blazer em tweed em tons de castanho, que era da minha mãe. Coloco um conjunto de dois colares prateados, com duas medalhinhas pequenas, e uns brincos de pérolas pequenos também. Decido calçar uns sapatos pretos rasos, visto que não me sinto, de todo, confortável a usar saltos altos, e coloco os meus pertences numa mala preta. Por fim, trato do cabelo, secando-o e fazendo algumas ondas com o meu modelador. No que diz respeito à maquilhagem, como não tenho grandes skills nem estou muito habituada a fazer grandes coisas, opto apenas por colocar corretor de olheiras, rímel e um batom super discreto.

Decido ir experimentar um restaurante italiano, que fica a menos de 10 minutos de carro do hotel. Felizmente, ontem devolveram-me o carro (e quase paguei um rim), o que torna as minhas deslocações mais fáceis. Assim, almoço calmamente no restaurante, comendo uma massa divinal e, perto da hora da entrevista, desloco-me até ao hotel. Deixo o carro no estacionamento e dirijo-me até à receção, conforme as indicações que me deram.

- Boa tarde. O meu nome é Madalena Vicente e eu venho para uma entrevista de emprego com a dra. Marta Vales. – cumprimento o rececionista e identifico-me, prontamente.

- Boa tarde. Vou ligar para o escritório da doutora, para confirmar se está disponível para recebê-la. – o funcionário informa-me, ao que eu assinto, aguardando que faça o telefonema – Sim, a doutora Marta vem já recebê-la.

- Certo, muito obrigada. – sorrio, afastando-me um pouco para dar a vez à pessoa seguinte.

Não tenho de esperar mais que 5 minutos, até que uma mulher, na casa dos 40 anos, se aproxime de mim. É uma mulher bastante bonita e que emana boa-disposição. O seu sorriso deixa-me logo menos nervosa.

- Olá, Madalena. Que bom conhecê-la! – ela rapidamente me cumprimenta com um aperto de mão – Vamos até ao escritório para conversarmos um bocadinho, pode ser?