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14 de setembro

Após quase duas horas a conduzir, finalmente estaciono o carro em frente ao meu apartamento. Como passei os últimos dias com o meu pai no Gerês, hoje decidi vir logo direta para casa, em vez de ir ainda a Penafiel, visto que gosto sempre de ter um dia antes de retomar ao trabalho para organizar as minhas coisas. Com algum custo, lá consigo pegar em todas as minhas tralhas e carregá-las até ao apartamento que partilho com a Soraia.

- Cheguei! – exclamo, ao entrar no apartamento, calculando que a minha amiga já esteja em casa.

- Madalena! – ela exclama de volta, surgindo do quarto e abraçando-me – Uau, belo bronze.

- Então, tive de aproveitar bem. – gargalho – Como estás?

- Já podia ir de férias outra vez. – a minha melhor amiga comenta, o que nos leva as duas a gargalhar alto – Mas estou bem. E tu?

- Também. Estes dias foram bons para descansar, apesar de ter sido um modelo diferente de férias. – respondo.

- Como correu tudo? – Soraia questiona.

- Pacífico. A primeira semana estive com a minha mãe e os meus tios e fomos todos passar uns dias a Vigo. – explico – E depois esta última semana estive com o meu pai, pelo Gerês. Fomos acampar e fazer trilhos. Foi muito giro. Apesar de tudo, eles estão os dois muito comprometidos em fazer as coisas com o máximo de normalidade possível. Inclusive, conseguimos estar os três juntos sem que parecesse muito constrangedor. Acho que já me habituei a toda esta situação.

- Olha, pelo menos, conseguem ter uma relação civilizada e isso é muito importante para a sanidade mental de todos. – a Soraia observa e eu assinto em concordância – Calculo que queiras ir arrumar as tuas coisas e tomar um duche, por isso eu vou voltar para o meu episódio da minha série. Não te preocupes com o jantar, que eu encomendo pizzas para nós.

- Uuh, boa! Obrigada. – sorrio-lhe, depositando um beijo na sua bochecha antes de seguir até ao meu quarto.

Separo a roupa que é para lavar da que está lavada, arrumando o segundo monte no armário e colocando a restante na máquina da roupa. Aproveito também para fazer a cama de lavado, uma vez que tirei os lençóis antes de ir de férias, e para dar uma arrumadela rápida ao quarto.

Por volta das 20h30, a Soraia chama-me, indicando que as nossas pizzas já chegaram, por isso junto-me a ela na cozinha, onde aproximamos a mesa da janela, de onde entra um ar bastante fresco que contrasta com o quente do apartamento.

- Já me falaste um bocadinho das tuas férias, mas não me disseste se tens falado com o Diogo... - a Soraia comenta, o que me faz rir, porque percebo que ela quer saber em que ponto estão as coisas entre nós, sem o perguntar diretamente.

- Sim, temos falado. – respondo de forma curta, mas logo elaboro – Praticamente todos os dias.

- E como estão as coisas entre vocês? – ela inquire.

- Iguais. Nada mudou, Soraia. Aliás, desde que ele voltou do Algarve, nós mal estivemos juntos. – explico – Agora, daqui em diante, veremos.

- Se ele quiser dar um passo em frente, tu estás pronta? – a minha melhor amiga questiona-me, desta vez, num tom cauteloso e quase preocupado.

- Estou. Pensei muito nisso durante estes dias e, sinceramente, estou mais do que pronta para dar um passo em frente e encerrar de uma vez por todas o capítulo da minha vida que o Alexandre marcou. Não me vou mais prender a uma relação falhada e não vou permitir que ela me impeça de tentar novamente. – declaro convictamente – Eu quero ser feliz, eu mereço ser feliz e eu sei que o Diogo não é nada como o Alexandre. Eu sei que, com ele, as coisas podem dar certo e eu já não vou prender-me por ter medo.

Lucky Strike | Diogo Costa ✔️Where stories live. Discover now