46. com um coração cheio.

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Aquelas caóticas íris avelãs.

Estive tão preocupada com ele me corrompendo quando, na verdade, estive arruinada desde que elas pousaram no meu rosto pela primeira vez.

Mas, caramba, ele era burro.

Atravessei o gramado, precisando de alguma distância do resto do mundo. Peguei o caminho até o banco abaixo da sombra de uma árvore, o mesmo lugar em que estivemos meses atrás, quando pensávamos que tínhamos, realmente, tudo sob controle. A piada estava com a gente o tempo inteiro, cada segundo em que quisemos acreditar que nada disso poderia de fato ser maior do que nós. Maior do que o passado e as consequências dele no presente e como nossas atitudes irão definir o que será do presente.

Há essa força exigindo que Ethan defina tudo antes de tentar.

Eu não queria que Alyssa se preocupasse e adquirisse mais munição para se culpar, então ontem, quando ela estava ocupada tentando encontrar uma maneira de recuperar os pertences de seus pais que Malorie vendeu, eu ocupei sua cabeça com a ideia de um encontro no dia anterior. Ela pareceu aliviada por saber que estávamos bem, e doeu, porque as palavras dele ainda eram tão ácidas quanto no momento em que foram proferidas. E no dia seguinte, eu me forcei a dizer a ela que ele era o idiota que terminou comigo.

Ele foi tão lógico sobre tudo.

X + Y = Eu te amo, mas tenho um problema, portanto não sou decente o suficiente, logo, devemos terminar.

Talvez eu devesse agradecer porque esse foi um término respeitoso e compreensivo e eu devia essas duas coisas a ele. Eu realmente entendia, mas era a ideia de perder Ethan que me deixava completamente irracional e furiosa, porque ele deveria confiar que éramos fortes o suficiente. Ele era o único que não enxergava que suas origens não definiam a pessoa que ele era, o que ele representava no meu coração e como eu conhecia sua essência para afirmar cada palavra.

Ethan não era um anjo. Ethan tinha muitas camadas, muita escuridão e frieza entre cada uma delas, incluindo aquele canto escuro em sua cabeça que ele acreditava ser presente da herança genética de Malorie, de alguma forma. Todas aquelas características questionáveis dele, sendo produto da pessoa que mais queria machucá-lo da maneira que fosse possível.

Ethan era filho de Malorie, e eu mentiria se dissesse que essa não era uma compreensão que mudava todo o cenário e, sim, fazia sentido.

O que ele não entendia era que Ethan James Young não era o bebê que ela deixou para trás. Suas características boas superavam todas as outras.

E sim, não sabíamos se Alyssa seria capaz de passar por cima disso. Mas, se eu tinha certeza que as origens não definiam quem ele era, como Alyssa poderia resumi-lo ao filho de Malorie quando dividia uma vida inteira ao seu lado?

Eu sei que sentimentos e emoções são muito complicados, mas a estupidez de Ethan em relação a eles era um contraste curioso com sua óbvia inteligência.

— Ei, Gwen.

Ergui meu olhar turvo e disperso para encontrar Leon St. John aproximando-se cautelosamente, esquadrinhando meu rosto como se estivesse tentando antecipar qual seria a energia de nossa interação. Ele estava mancando, mas teimosamente, andava sem suas muletas para apoio. Alyssa deveria estar muito contente com ele.

— Oi! — forcei um sorriso, deslizando para o lado para que ele pudesse sentar. — Como você está se sentindo?

Leon bufou, lentamente ocupando o espaço ao meu lado com um pequeno suspiro.

— Bem, apesar dos pesares. Dói, mas o que dói mais é o que a lesão representa.

Que talvez ele nunca volte a jogar como antes.

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