͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏͏ ͏ ͏ ͏ ͏𝖾𝗂𝗀𝗁𝗍

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As lágrimas de dor se misturavam com a água quente do chuveiro molhando os seus fios ruivos e azuis, já as lágrimas de raiva pareciam brilhar, tinham um destaque que somente Tori podia ver.

Por alguns segundos ela queria socar a parede até não aguentar mais, até se sentir esgotada ao ponto de dormir por doze horas sem interrupções. Ao desligar o chuveiro os soluços pareciam ter acabado, e levado junto com ele qualquer resquício de humanidade da garota. Se sentia um robô incapaz de sentir qualquer coisa, era melhor assim.

Vestiu uma roupa qualquer se seu guarda roupa, uma calça jeans levemente folgada, fez questão de dobrar a barra, uma camiseta branca com uma estampa de banda, que costumava ser de seu irmão, e o casaco que sempre usava por cima. Também colocou meias brancas e os mesmos sapatos de antes, seus all stars vermelhos que tinham resquícios de sangue.

Victoria se olhou no espelho levemente embaçado do banheiro por alguns segundos, seus fios de cabelo ainda molhados o que deixava o azul mais escuro, olhou para seus olhos um pouco vermelhos e inchados, as sardas em suas bochechas que pareciam formar um céu de estrelas e os lábios avermelhados. Era estranho, mas, mesmo com todos esses detalhes marcantes em seu rosto, ela não se reconhecia mais. Faltava algo.

Ouviu seu irmão a chamar na sala, aquilo a tirou daquele transe que estava prestes a entrar. Tori foi até ele, o mesmo se encontrava na antiga poltrona de seu pai apoiando os cotovelos nos joelhos. Um simples balanço de chaves diziam mais que tudo. Eles foram para o carro.

Na rádio tocava algumas músicas antigas, as quais Finney parecia saber todas. Ele cantarolava enquanto batia no volante algumas vezes. Era engraçado como os dois se vestiam de forma parecida sem nem combinar, como se tivessem essa ligação desde sempre. O garoto também vestia uma calça jeans folgada e uma camiseta de banda, mas ao invés do casaco era uma camisa de botão azul marinho. Nos pés os all stars pretos cheios de desenhos de sempre.

Tori gostava de dizer que ele se vestia de uma forma semelhante ao Kurt Cobain.

── Acha que vão ter muitas pessoas? - Ele perguntou.

── Sim… Amber queria que fosse grande, provavelmente terão pessoas que eu não conheço e que também não me conhecem - Ela respondeu olhando para ele.

Estavam quase chegando.

── Entendi. Você está de boa com isso?
Tori deu de ombros.

── Acho que estou, o que importa é que a Mindy, Chad, Liv e…

Ela parou por alguns segundos como se sua voz tivesse sido roubada, foi como um soco bem em seu estômago. Pareceram levar horas para ela voltar a falar, mas essa pequena pausa durou apenas alguns segundos.

── É… o que importa é que vou ter amigos lá… - Ela termina a frase e volta a olhar para a estrada.

── Quero que se divirta, tá bem? Pode chorar depois o quanto quiser, mas agora é o seu momento.

Ficaram em silêncio por alguns segundos, um clima pesado tomando conta daquele pequeno espaço entre eles. Tori então diz:

── Então eu posso beber?

Finn ri baixo revirando os olhos.

── Não até completar 30 anos, pelo menos.

── O quê?! Não é justo!

O clima pesado se dissipou em segundos.

Hawke parou o carro alguns metros da grande casa de Amber, os dois desceram e já sentiram um vento forte e gelado os atingir. Definitivamente não estava assim quando saíram de casa. Ignorando aquilo, eles caminharam até a casa já ouvindo música levemente alta e vendo pessoas entrando e saindo, logo eles entraram também.

𝗕𝗢𝗥𝗡 𝗧𝗢 𝗗𝗜𝗘  :  𝗍𝖺𝗋𝖺 𝖼𝖺𝗋𝗉𝖾𝗇𝗍𝖾𝗋 ੭ Where stories live. Discover now