Capítulo 45

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POV LAUREN JAUREGUI

O ar gélido do hospital constrastava com a minha pele quente. Quente demais. Meu coração parecia não querer acertar mais as batidas após esse momento catastrófico com Keana.

– Droga, droga — neguei com a cabeça enquanto relembrava tudo.

Keana foi a pessoa mais nojenta que já encostou em mim. Eu não lembrava de nada daquilo e, sinceramente, preferia não ter lembrado. Mas agora entendo a sua obsessão, entendo a sua doença por mim, tão doente ao ponto de se aproveitar do meu momento mais vulnerável para me usar, me manipular, me ter em suas mãos...

– Desgraçada — neguei com a cabeça com uma fúria incomum dentro de mim.

Mas, mais forte do que essa fúria, era a minha preocupação com Camila. Ela não atendeu a minha ligação, não respondeu a minha mensagem, mas eu sabia que isso era normal porque Camila é sim o tipo de aluna que nem se quer pega no celular durante a aula. Eu sabia disso, mas mesmo assim, estava inquieta.

– Alguma cirugia de emergência? Algum caso de extrema emergência? — questionei a minha assistente.

– Não, senhora. Somente consultas — afirmou me fazendo assentir.

– Cancele todas e qualquer caso de emergência, repasse para o plantonista — pedi antes de sair daquele ambiente frio.

Eu não gosto de sair do hospital e sobrecarregar meus colegas de profissão, mas hoje era imprescindível fazer isso. Preciso estar com Camila, preciso tê-la sob meus olhos, preciso.

Com pressa, sai pelas ruas de Nova York rumo à Universidade que tanto amo e tenho prestígio. O caminho era facilmente percorrido e reconhecido por mim, mas, logo hoje, o trânsito resolveu estar insuportável. Filas de engarrafamentos, buzinas a todo momento que faziam minha cabeça martelar, mas nada, absolutamente nada se compara ao aperto do meu peito.

– Vamos lá, Camz — suspirei enquanto ligava pela milésima vez — só atenda, por favor — desejei apertando ainda mais minhas mãos no volante.

Camila não atendeu...

Não viu nenhuma mensagem...

Não me deu nenhum sinal...

Quando meu carro finalmente parou no campus de saúde da Universidade, sai do mesmo atordoada. Ainda eram 18:10 da noite, mas não me importei com o horário, não me importo de ter que ficar aqui esperando-a, só preciso estar por perto.. só isso..

– Lauren, que surpresa boa — Will afirmou me abraçando — a vontade que dá é de te trancar nessa Universidade e não te deixar sair mais — disse me fazendo rir.

– Não seja bobo, em breve estarei de volta — suspirei — preciso que chame Camila para mim, hum? — olhei para ele — sei que ela está em aula, mas.. — parei de falar ao ver o seu semblante confuso.

– Camila não está aqui — Will afirmou fazendo meu estômago embrulhar.

Como ela não está aqui? Ela me disse que teria aula até às 19h, que depois iria até o seu apartamento para seguir para o meu.. como ela não está aqui se ainda são 18:15? Como?

– Como? — questionei tentando respirar fundo.

– A última aula da turma dela foi cancelada a cerca de uma hora — afirmou me olhando — eu mesmo emiti o comunicado liberando todos eles — explicou, mesmo que eu sentisse que não estava absorvendo muita coisa — está tudo bem? Precisa de algo? — foi solicito.

– Não, tudo bem — neguei com a cabeça — nos desencontramos, foi isso — afirmei mais para mim do que para ele.

Will tentou me puxar para conversarmos mais, mas neguei alegando estar atrasada demais. Ainda sentindo o meu corpo trêmulo, retornei para o meu carro enquanto ligava para Camila.

Doutora! Where stories live. Discover now