CAPÍTULO 35

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               POV LAUREN JAUREGUI

Enquanto eu tentava conter o corpo trêmulo de Camila, eu prestava o meu depoimento ao policial que nos interrogava.

Chamar a segurança do local e, consequentemente a polícia foi a melhor opção. O criminoso ali não era a minha Camila e nem mesmo eu, era somente aquele escroto nojento.

– E você quis atirar? — o policial perguntou, me fazendo revirar os olhos.

É óbvio que eu quis atirar. É óbvio que, se eu pudesse, destruiria esse desgraçado com as minhas próprias mãos. Mas eu sabia que precisava me conter, mesmo sabendo que agi em legítima defesa.

– Não tive escolha — falei ainda sentindo o corpo de Camila trêmulo — vocês tem acesso a todas as câmeras do local, será mesmo que não podemos prestar essa queixa em outro momento? — perguntei — minha namorada não está bem, obviamente — respirei fundo.

– Eu entendo, mas ainda sim preciso que me acompanhem — deixou claro.

Bom, no fim não tivemos escolha. Por sorte, ninguém daquela festa quis furar a sua própria bolha para perceber o que estava acontecendo ali. Isso me deixou mais aliviada, já que eu não queria nenhuma exposição em cima de Camila e do inferno que ela acabou de viver.

Fomos até a delegacia e, a um pedido meu, Kenea não tardou a aparecer. Conversamos rapidamente com ela e logo nossos depoimentos foram tomados. Infelizmente, não me deixaram ficar ao lado de Camila, somente Kenea pôde acompanhá-la.

Respirei fundo, sentando em uma cadeira enquanto aguardava as duas saírem da sala. Ainda sentindo o meu corpo em alerta, peguei o meu celular e mandei uma mensagem para a Normani.

WhatsApp on

Camila está comigo. Avise a Dinah.

WhatsApp off

Eu jamais contaria nada do que aconteceu para elas assim, por mensagem ou ligação.

Meu celular vibrou na minha mão e, ao ver o nome da Verônica na tela, toda a raiva voltou a me dominar. Raiva principalmente de mim mesma. Afinal, se eu não tivesse seguido por esse caminho, nada disso teria acontecido. Se eu não tivesse sido uma grande covarde, Camila ainda estaria comigo, provavelmente em casa, mas com certeza em segurança.

Escolhas.

Eu fiz as minhas guiadas por um medo incomum. Medo de destruir a vida da mulher que amo e, veja bem, olha aonde tudo isso nos trouxe? O meu medo causou tudo isso. A culpa é minha e eu jamais vou me perdoar por tudo o que causei a Camila. Jamais.

Enquanto eu me perdia nos meus pensamentos, vi as duas saírem da sala. Camila estava nitidamente abalada, seu rosto pálido e banhado a lágrimas, visivelmente frágil e destruída. Aprecei-me a levantar para recebê-la em meus braços.

– Eu tô aqui com você, prometo — sussurrei abraçando-a com força — vai ficar tudo bem — beijei a sua testa, sentindo o meu coração destruído.

Não obtive nenhuma resposta além de um abraço apertado e mais lágrimas. Desde que tudo aconteceu, Camila nada disse. É como se ela estivesse em um estado de paralisa. Ela só chora, mas nada diz, não para mim. Essa é outra coisa que está me enlouquecendo.

– Não precisa me acompanhar — avisei a Kenea ao ouvir me chamarem — fique com ela — pedi beijando a mão de Camila — eu já volto, meu bem — acariciei o seu rosto antes de seguir para a sala da delegada.

– Lauren Michelle Jauregui Morgado? — questionou assim que me sentei na cadeira.

Sim — afirmei respirando fundo.

Doutora! Where stories live. Discover now