— O que é isso? — ele quis saber.

Brezalots não eram encontrados nesta parte do continente.

— Similares aos cavalos. — expliquei. — Gigantescas e majestosas criaturas, em grande parte selvagens e implacáveis, mas o Komizar conseguiu subverter a beleza delas, transformando-as em armas. Centenas morreram aqui também.

No meio do caminho, vimos um memorial de pedras com uma camisa branca esfarrapada em cima, ondulando na brisa. Fiquei observando enquanto Shawn absorvia aquilo tudo, os túmulos em massa, os ossos humanos espalhados, trazidos à superfície pelas feras que escavavam o solo, as armas enferrujadas e abandonadas, cobertas por uma grama espessa, um crânio aqui e outro ali, com seus sorrisos voltados para os penhascos. Os olhos dele eram como nuvens escuras, varrendo o local de um lado para o outro.

— Quantos morreram? — ele quis saber.

— Vinte mil. Em um dia. Porém, como Sarva mencionou, isso foi apenas um piquenique de primavera em comparação ao que eles haviam planejado.

Ele não disse nada, mas seu maxilar estava rígido. Ele se virou, lançando um olhar duro e demorado para Sarva. Vi em seus olhos o mesmo tipo de fome que eu vira nos de Ariana quando ela olhou para Bahr.

De súbito, Kardos deu um grito, seu pé afundando na terra até a altura do joelho. Ele lutou para se soltar e olhou para trás. Era apenas uma cova que havia desmoronado, mas todos eles olharam para aquilo com horror, até mesmo o capitão, esperando que uma mão ossuda viesse à tona. Sim, essa era uma tortura que eles próprios haviam criado.

Conforme nos aproximávamos do fim do vale, avistamos cavaleiros vindo na nossa direção. Notei que o capitão ficou visivelmente animado, mas depois praguejou. Eram tropas morriguesas. Um tremor discreto passou por Torback.

— Começou com as estrelas. — disse Phineas, sem pensar. Eu me virei e olhei para ele. Seus olhos estavam vidrados, sua expressão, perdida. — Foram as tembris que nos mostraram. As estrelas trouxeram...

— Cale a boca! — ordenou o capitão.

— Por quê? — quis saber Phineas. — Que diferença isso faz agora? Todos nós vamos morrer, de qualquer forma.

— O que você quer dizer com começou com as estrelas? — perguntei.

— Calado! — berrou Torback.

— Nós não vamos morrer! — grunhiu Bahr. — Ainda dá tempo!

— É tarde demais. — disse Phineas. — É tarde demais para todos nós.

Ele olhou para Shawn.

— Sinto muito. Nunca existiu uma cura para a febre. Ele sabia que isso faria vocês nos ouvirem. Eu tentei...

— Canalha idiota. — Sarva se lançou na direção dele.

Uma flechada de aviso sibilou pelo ar, mas, ao mesmo tempo, Bahr se jogou para cima de Phineas, enfiando o punho no estômago dele. Hailey, Ariana e eu nos movíamos com rapidez, derrubando Bahr e Sarva de barriga no chão e pressionando as espadas em suas costas. Justin e Selena prepararam suas flechas, ordenando que Shawn, Torback, Kardos e o capitão ficassem de joelhos.

Phineas permaneceu paralisado, boquiaberto, com os olhos arregalados como se estivesse aterrorizado pela repentina onda de comoção. Então vi um filete de sangue escorrendo na frente de sua camisa. Ele caiu de joelhos, ainda sem conseguir falar. Deixei Bahr com o rosto no chão, ordenando que ele não se mexesse, e fui até Phineas assim que ele caiu para a frente. Uma gigantesca costela de brezalot se projetava de suas costas. Olhei para o capitão, que havia estado bem atrás de Phineas. Ele tinha uma expressão cheia de convencimento e desprovida de remorso.

SWEET ARROW         {SHAWMILA}Where stories live. Discover now