72 - Os Mortos Não Falam

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Michonne falara com Tara, informando sobre algo sinistro que Rosita e Eugene haviam visto e do qual fugiam.

Quando Tara reuniu comigo, Daryl e Jesus, nenhum de nós queria acreditar que aquilo era verdade, pois nossa amiga escutara os mortos falarem.

Franzi o cenho, pensando, enquanto os restantes falavam. Seria possível que os zumbis pudessem evoluir para um nivel diferente? Não, eles estavam mortos, as coisas mortas não se modificam, a não ser para ficarem mais podres ainda. Sorri sozinha, que merda de pensamento.

- Eu vou dar uma olhada. - Disse Daryl, prontamente, chamando minha atenção. - Michonne falou a direção?

Tara assentiu e olhou um velho mapa aberto sobre a mesa grande. - Aqui. Estavam seguindo nessa direção.

Daryl assentiu. - Se sair agora, pego eles ainda de dia.

- Vou junto. - Falei.

Tara ergueu a cabeça para mim. - Nem adianta tentar impedir, né?

Sorri e neguei. - Não.

Jesus acabou por falar que viria com a gente, então preparámos nossas coisas e saímos da comunidade.

Era algo libertador, poder sair assim, sem ter que olhar por cima do ombro a todo o instante, sem a sombra de Negan e dos Salvadores pairando sobre nós.

Pouco antes de sairmos, Yumiko perguntou se estava tudo bem e se precisávamos de ajuda. Confesso que tive uma certa pena, não era fácil todos em nosso redor desconfiarem da gente. Mas neguei, até porque não iria colocar ninguém em perigo sem necessidade e ainda nem sabíamos com o que estávamos lidando. Se é que existia alguma coisa. Mas eu duvidava que meus amigos inventassemm algo assim.

Saímos andando pela floresta, na direção que Tara indicara, e a princípio não vimos nada, nem morto e nem vivo.

Deixei os meninos falarem entre si, enquanto minha mente dava voltas e voltas sobre o que estávamos fazendo. E foi quando vi, mais na frente, afastados uns bons metros, um grupo de mortos, se concentrando todos no mesmo lugar. Andando de lá para cá, em círculos.

- Os mortos não fazem aquilo. - Disse Daryl, se abaixando na vegetação e observando o grupo.

Eu e Paul abaixámos junto dele.

- Parecem que estão seguindo algo. Ou que alguma coisa os faz agir assim. - Falei, começando a odiar tudo aquilo.

- Deve ter uns trinta ali, não? - Disse Paul. - Nunca vi eles se comportarem daquele jeito.

Assenti. - Seria legal se a gente pudesse confirmar o que a Rosita e o Eugene falaram, mas acho que não deveriamos arriscar, não nesse lugar.

- Não temos esconderijos. - Confirmou Daryl. - É um lugar aberto. Seria suicídio fazer isso.

Assenti, concordando.

- Vamos? - Disse Paul. - Falamos com os outros e pensamos num plano decente.

Daryl ficou olhando o grupo. - Matamos todos eles. Esse é o melhor plano.

Olhei os meninos. - Alexandria precisa saber.

Daryl me olhou durante alguns minutos mas depois assentiu. - Michonne fechou a comunidade a novos sobreviventes, mas acho que isso põe em risco todos nós. Falaremos com a Tara e seguimos para Alexandria.

Assenti, levantando e os três nos afastámos daquele lugar.

Enquanto Daryl preparava as suas coisas, eu e Dog esperávamos junto da moto. Prendi meu bastão em um dos lados da moto, atrás, deixando o outro lado livre para a besta do Daryl.

Iríamos regressar a casa e isso sempre me dava dor de barriga, já que a dor da perda de Rick e Carl ainda era muito recente, e tudo ali me lembrava dele. Mas nossos amigos haviam regressado e a gente sempre olhava por nossa família.

- Z.

Olhei para trás, vendo Henry se aproximando e parar junto de mim. Indicou a moto. - Vão em Alexandria?

Assenti. - Se comporta, viu?

Ele sorriu. - Minha mãe me trouxe para o Dixon ficar de olho em mim, e agora ele vai embora.

- Só vamos tratar de assuntos que envolvem todos nós, depois regressamos. - Empurrei ele no ombro, devagar. - Não arruma problemas.

Henry riu. - Você é muito mais legal do que o carrancudo do Daryl. Sei nem como foi gostar dele.

- E deveria saber porquê?

Olhámos para o lado, vendo Daryl se aproximando e parando junto da moto, prendendo a besta.

Olhei Henry, revirei os olhos e ergui a mão, o punho fechado, para ele bater.

- Se cuida, moleque.

- Vocês também.

Tara se aproximou, imitando meu gesto com a mão e depois me abraçou.

- Tomem cuidado. - Se afastou, sorrindo.

- Pode deixar. - Depois abracei Paul. - Toma conta dela.

Tara revirou os olhos e Paul sorriu. - Como sempre.

Subi na moto, junto com Daryl, Dog latiu e saiu correndo pelo portão, na nossa frente. Saímos logo atrás, deixando Hilltop para trás e seguindo na direção de Alexandria.

- Que bom ver vocês novamente!

Aaron me abraçou com o braço saudável, apertando contra si e eu ri.

- Também e bom ver você, Aaron.

Ele se afastou, cumprimentou Daryl e depois fechou o portão. - Então... Vieram pelo que a Rosita viu?

Daryl assentiu. - Nós vimos. São estranhos.

Aaron assentiu. - Então é verdade. - Respirou fundo. - Bom, penso que está na hora de reunir o Conselho.

Daryl assentiu e depois me indicou. - Para além de Alexandrina, a Z está representando Hilltop, então será mais do que uma mera reunião.

Senti um arrepio ao escutar tais palavras. Ainda era estranho pensar em mim como uma líder.

Senti a mão de Aaron no meu ombro. - Ele ficaria orgulhoso.

Assenti, sabendo de quem ele falava, e foi quando meus olhos captaram movimento mais atrás, afastado de nós.

Negan saía da horta, colocava um cesto sobre uma das mesas e regressava, seguido por um homem que não tirava os olhos dele.

Senti o coração parar e franzi o cenho, depois olhei Aaron.

- O que ele está fazendo? Porque soltaram ele?

- Michonne acha que Negan tem de merecer a comida que come, então ele está fazendo pequenos trabalhos aqui dentro. Ajudando. - Me olhou. - Não está armado. Eu não concordo com essa liberdade, mas fazer o quê?

- Fazer o quê?! Você faz parte do Conselho, tem opinião! Gabriel, todos os outros! - Indiquei o homem. - Ele teria nos matado a todos, se tivesse a chance.

- Eu sei, Z. Isso não foi ideia minha.

Daryl tocou no meu ombro. - Falaremos sobre isso com a Michonne.

Eu vi, no seu rosto, que ele odiava aquela ideia tanto quanto eu.

- Vamos. - Disse Aaron. - Gabriel está na sala do Conselho e Michonne deve andar por aí.

Segui ele, mas sempre olhando o Negan e o seu olhar acabou achando o meu.

Devagar, Negan levantou, ficando parado, me olhando, enquanto eu segurava o seu olhar. Tinha algo na sua expressão, mas eu ignorei. Minha mente apenas conseguia pensar que aquele homem matara meus amigos, torturara meu marido e a mim e nos fizera viver um inferno.

E eu queria ele morto.

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