43 - Não Vivemos Mais no Passado

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Deanna quis falar, individualmente, com cada um de nós. Primeiro Rick.

Fiquei com Judith, até ele terminar. Depois Daryl foi chamado e foi horrível ver ele entrando naquela casa, se afastando para um lugar estranho, do qual eu não sabia se podia protegê-lo.

Logo depois, Deanna me chamou, e eu segui ela para dentro de uma casa bem mobilada, com estantes enormes e cheias de livros. Tinha um sofá grande e, na sua frente, um mais pequeno, onde ela me pediu que sentasse.

Sentei, colocando o bastão sobre as pernas.

- Se importa que eu grave a nossa conversa?

Olhei ela e vi que indicava uma câmera. Dei de ombros e ela ligou ela.

- Muito bem. Pode me dizer o seu nome?

- Zoe Barnes.

- O que você fazia antes, Zoe?

Ergui o queixo. - E o que isso importa? Não vivemos mais no passado.

Ela sorriu. - Curiosidade, além disso, aqui em Alexandria, todo mundo tem um trabalho e, se soubermos a ocupação de cada um, fica mais fácil.

Eu ri. - E quem paga meu salário? Você?

- Seu salário é ter casa e comida. Se manter viva.

Assenti. - Ah tá.

- O que fazia antes, senhorita Barnes?

- Concertava motos e carros, porquê?

- Sério? Hum. Não temos nenhum desses, ainda.

Ergui um dedo. - Não, nem pensar! Eu fico com o que quer que o Daryl fique!

Deanna sorriu. - Você e o senhor Dixon estão juntos?

Fiquei olhando ela. Estávamos? Nem eu sabia que estávamos juntos. Estávamos mais próximos, isso com certeza, mas juntos?

Encarei ela e respirei fundo.

- Estamos sim.

Ela assentiu. - Percebi. Ele é assim que nem você e a forma como ele te olha e se move, junto de você, mostra que ele tem um sentimento de proteção enorme por você.

Franzi o cenho. O quê?

- Hum. - Foi tudo o que respondi.

Ela riu. - Ele me deu a mesma resposta. - Indicou a porta. - E a bebê? Vi que se preocupa.

- Todos preocupamos. A Judith é... - Dei de ombros. - A Judith. E se depender de mim, nada chegará nela. Nada.

Deanna assentiu e cruzou as pernas.

- Aaron me falou de você. Ele me pediu para tentar convencer você a trabalhar com ele. Ele acha que você e o Dixon seriam ótimos com as pessoas.

Eu ri, ri bastante, e depois ergui a mão.

- Tá. Eu e o Daryl? Com pessoas? Uhum, sei.

- Não seriam?

Me inclinei na frente. - Escuta, eu não acredito nesse conto de fadas que você tem aqui, tá? Todos esses muros, essas roupas, essa felicidade e facilidade em ter tudo... Não me parece real. A gente viveu lá fora desde o início, eu estava sozinha, com um cachorro, desde o início. Eu perdi minha família. Então, a gente sabe como é. Vocês? Me perdoe a sinceridade, mas vocês parecem ter esquecido do mundo em que vivemos. - Levantei. - Terminámos?

Ela ficou me olhando e sabe Deus o que ficou passando naquela cabeça. Mas acabou assentindo e desligando a câmera.

- Terminámos.

Saí da casa, me aproximando de Daryl e puxando ele ligeiramente para longe do grupo.

Ele me olhou, sem entender e eu suspirei.

- Eu falei que a gente estava junto. - Disse de uma vez. - Tipo... Junto, junto.

Daryl ficou me olhando tanto tempo que achei que virara pedra.

- Daryl?

- Hum. - Disse ele. Depois assentiu. - Tá... - Deu de ombros. - Ela perguntou, eu... Eu falei a mesma coisa, porque ela se mostrou muito interessada em você.

Aquilo foi como levar um soco no estômago. Não por Deanna se interessar na minha pessoa, mas por ele ter dito que estava comigo.

Sorri e assenti.

Acabei ficando com uma casa só para mim e o Dixon, já que éramos um casal, mas acabámos por ir para casa do Rick, onde todo o grupo se juntou para passar a noite.

Vasculhamos o lugar, vendo por onde poderíamos fugir se algo desse errado.

Eu e Daryl estávamos junto do berço da Jude, quando Deanna regressou, ficando surpresa por ver todos juntos ali.

Começou a distribuir "trabalhos" por todos: Rick e Michonne seriam policiais, Abraham iria com uma equipe que parecia recolher madeira e afins, Glenn ficaria na equipe do Nick, que eu nem entendera o que eles faziam, mas era onde estava um dos filhos da Deanna, Maggie iria ficar com ela e ser treinada para gerir um lugar assim... Enfim. Os únicos que ficaram sem tarefas fui eu, Daryl e Sasha, porque Deanna não sabia onde nos colocar, apesar de Aaron me querer a mim e ao Dixon.

Quando ela saiu, olhei Judith, dormindo e senti a mão de Daryl tocando no meu braço.

- Aaron falou o porquê de querer a gente?

Dei de ombros. - Pessoas. Ele disse que nós somos bons com pessoas. - Sorri.

Daryl franziu o cenho. - Que idiota. - Depois respirou fundo. - Escuta, a gente não tem de estar junto só por causa dela. Se você...

Encarei ele. - Eu não falei que estava com você por causa dela. Foi por mim.

Daryl ficou me olhando, acabando por assentir, depois deu de ombros. - É, mas ela nos deu uma casa, e se ficarmos... - Mordeu o lábio. - É...

- Eu vivo com você desde que cheguei nesse grupo. Qual a diferença?

Ele deu de ombros.

- Daryl. Eu falei a verdade. Só faltou dizer que gosto de você. Porque eu gosto, eu me importo.

Ele ficou sem jeito, mas assentiu.

- Eu também me importo com você.

Tirei alguns fios de cabelo da frente do seu rosto e sorri.

Na manhã seguinte, todos saíram para os seus novos empregos. Todos menos eu e Daryl  que ficámos na casa: ele limpando a besta e eu o bastão, sentados no pórtico.

Carol surgiu, sorridente e com roupas limpas.

- O que vocês estão fazendo aqui? - Perguntou.

De repente, comecei a rir, segurando a barriga e ela me olhou.

- O que foi?

Não consegui responder, e Daryl respondeu por mim.

- Você está ridicula.

Ela bateu na sua cabeça. - Pelo menos não sou eu que fico fingindo uma relação que, no fundo, é verdadeira. Ah, se peguem, logo. - E desceu as escadas.

Parei de rir e olhei Daryl, vendo que ele ficara muito quieto e mudara de cor. Depois percebeu que eu o olhava e me olhou de volta.

- O que foi?

Sorri. - Escutou ela.

Ele estreitou os olhos. - Quer parar?

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