11 - Ruiva

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Zoe:

Desci da moto, depois de desligar ela, olhando a loja abandonada na nossa frente. Peguei o bastão e fui até á porta que estava perfeitamente trancada com pedaços de madeira e correntes.
Olhei para trás, vendo Daryl sair da pick up com Loki, pegar a besta e se aproximar.
Indiquei a loja. - Acha que tem alguma coisa aí?
Ele deu de ombros. - Vamos ver.
Assenti, erguendo o bastão. - Para mim, isso é o suficiente.
Bati com o punho do bastão na porta, com força e depois esperámos, para ver se tinha zumbis.
Loki olhava o edifício atentamente, sentado junto da perna de Daryl.
Revirei os olhos. Meu cachorro escolhia cada amigo...
De repente, dois zumbis surgiram nas janelas, batendo com as mãos nos vidros imundos, abrindo e fechando suas bocas nojentas e negras como cavernas.
Rodei o bastão e me aproximei da janela, me coloquei um pouco de lado e olhei Daryl.
- Cuidado com os olhos.
Ele franziu o cenho.
Ergui o bastão e bati na janela, quebrando o vidro.
Daryl ergueu a besta e mirou um dos mortos.
Ergui os braços, e bati com o bastão na cabeça do outro, usando depois o espinho que estava na ponta para furar a sua cabeça.
Sacudi o sangue assim que terminei e olhei Daryl, vendo que ele estava bem.
Tirei os vidros que poderiam machucar a gente, da janela, e pulei no interior, sendo seguida por Loki.
Olhei o cachorro. - Vai.
Ele correu por entre os corredores, sumindo na escuridão.
- Onde ele vai com tanta pressa? - Perguntou Daryl, passando a fita da besta pela cabeça, para prender ela nas costas.
Sorri. - Às compras, ué? - E me afastei.
Me sentia segura o suficiente com o caipira para saber que poderia procurar o que precisávamos sem me preocupar muito com zumbis. Daryl estava sempre atento e era rápido. Era estranho, mas confiava nele.
Andei pelos corredores e Loki surgiu do meu lado, trazendo na boca, uma embalagem daquela carne seca horrível.
Sorri e peguei. - Nossa senhora, Loki, isso é horrível.
Ele latiu e eu olhei ele.
- Estou abrindo, calma. Eu, hein?
Abri e dei o conteúdo para ele, que comeu com grande satisfação.
Revirei os olhos. - Vou procurar comida de cachorro decente.
Continuei andando e achei a fórmula para a Judith. Peguei todas as latas e coloquei num cesto que achara por ali.
Continuei andando e parei na frente de uma estante de livros.
Peguei um de super heróis, que anunciava o aparecimento de um determinado herói, como se ele fosse realmente importante.
- Tentei ter uma dessas, mas meu pai me matava se eu pedisse, então eu só ficava admirando ela pela vitrine.
Olhei para trás, vendo Daryl ali, parado, segurando com uma mão na fita da besta, me olhando.
- Você?
Ele assentiu. - Deveria ter uns sete anos.
Olhei o livro novamente e depois ergui o olhar, entregando para ele.
- É seu.
Ele pegou, parecendo hipnotizado pela capa e depois me olhou.
- Valeu.
Assenti e me afastei, mas depois voltei para trás e parei na sua frente.
Daryl me olhou, desconfiado, e visivelmente nervoso quando me aproximei tanto, que poderia sentir a sua respiração.
Ergui as mãos e toquei nos cantos da sua boca, puxando para cima, fazendo um sorriso sinistro nele.
Incrivelmente, Daryl não me afastou.
- Você deveria sorrir mais, Daryl Dixon.
Aí sim, ele sacudiu as minhas mãos, me deu as costas e se afastou, mas levando o livro.
Sorri, neguei com a cabeça e me afastei.
Estava vendo uns chocolates vencidos, quando Loki fez um barulho que eu conhecia muito bem. Tinha zumbis por ali.
Olhei em volta, procurando, e depois lembrei do Daryl.
- Loki, o Daryl. Acha o Daryl!
Ele começou a correr e segui ele, mas assim que achámos o caipira, Loki parou, latindo e rosnando, pronto a salvar seu novo amigo.
Daryl estava no chão, a besta afastada dele, suas facas fora do seu alcance, e um morto sobre ele, que ele segurava a todo o custo.
- Daryl! - Corri na sua direção.
Agarrei o morto e puxei, tirando de cima dele. Depois peguei a faca do cinto, tentando que aquele nojento não me mordesse, e espetei sua cabeça, puxando a faca de novo e soltando o corpo.
Olhei Daryl, já de pé, e pegando a besta.
- Você está bem? - Perguntei.
Ele assentiu, respirando rápido. - Valeu, esse idiota me fez cair.
Assenti peguei uma das facas, enquanto ele pegava a outra, e entreguei.
Seus dedos tocaram os meus e senti um choque. Soube que ele sentira também e ergui o olhar.
- Desculpa. - Falei.
Ele assentiu, em silêncio.
Depois, olhando ele, tomei coragem, respirei fundo e joguei a pergunta que me assombrava desde que saíramos da prisão.
- Seu irmão era o Merle Dixon?
Daryl franziu o cenho. - Era. - Daryl me olhava como se eu fosse a presa e ele o caçador, um caçador selvagem e implacável. - Como você sabe o nome dele?
Fechei os olhos e depois abri, olhando um Daryl nervoso.
Indiquei a porta, na direção da moto.
- Era eu quem arranjava ela quando, pelos vistos, você, não conseguia.
- O quê? - Daryl se aproximou de mim. - Você era a ruiva?
Sorri, Merle me chamava assim. Assenti.
- Era, era sim. Foi por isso que consegui ligar ela, lembrei do jeito que você tem de fazer com a mão.
Daryl me olhava como se eu fosse verde.

FLASHBACK ON

" - Zo!
Respirei fundo e saí das traseiras.
Eu escutara a voz dele, mas tinha esperança de que o meu "pai" deixasse ele ir embora antes de me chamar.
Revirei os olhos, coloquei a ferramenta que estava usando sobre a caixa e saí, entrando na parte da frente da garagem, onde meu padrasto consertava os carros.
Eu trabalhava com ele desde os dezasseis anos, idade em que me recusei a continuar a estudar. Foi a maior besteira do mundo, mas naquela altura me pareceu a correta. Meu padrasto tratava dos carros, e eu das motos.
Merle estava ali, do lado da sua moto, com as mãos nos bolsos e com aquele jeito idiota dele. Sorriu assim que me viu.
Suspirei. Não gostava muito do Merle.
- Ruiva! Que bom ver você de novo.
Assenti, me abaixando junto da moto e tocando nela.
- O que houve dessa vez? - Perguntei.
Merle se aproximou.
- Credo, Ruiva, nem um cumprimento decente. Pow, sou seu cliente regular.
- É merda nenhuma! É só o cara que vem esgotar minha paciência. Mas me fala! O que o seu irmão não conseguiu arranjar dessa vez?
Merle sorriu e se apoiou na parede.
- A moto não liga, meu irmãozinho trocou umas merdas aí, e ficou mexendo, mas... - Deu de ombros. - Continua igual.
Suspirei e olhei ele.
- E não pensou em trazer o seu irmão? Como que eu vou saber onde ele mexeu, o que ele trocou? Ah, vou ter de verificar tudo.
Merle riu. - Não precisa do meu irmão, você me tem a mim. - Levantei e Merle se aproximou. - Sabe que eu sei fazer as coisas muito bem?
Eu ri. - E por acaso, você perguntou se eu queria?
Ele riu. - Você é brava, gosto disso. A gente podia sair para beber alguma coisa, e deixar essa moto para depois.
Estreitei os olhos. - Eu te odeio Merle. E não fique contando que eu abra as pernas para você, não. Preferia morrer.
Ele assentiu. - Você vai mudar de ideia. Me liga quando isso estiver pronto?
Assenti, subindo o apoio da moto e segurando ela para não cair.
- Como sempre. - Empurrei a moto para as traseiras.
- Toma cuidado com ela! - Gritou Merle.
Revirei os olhos. - Como sempre! - Gritei de volta.
Coloquei a moto no lugar dela e suspirei.
- Como que eu vou saber onde o outro idiota Dixon mexeu? - Passei a mão pelo cabelo.
Abaixei junto da moto e fiquei olhando ela. Tinha um longo dia de trabalho pela frente."

FLASHBACK OFF

Trust MeWhere stories live. Discover now