51 - Ideia Ridícula

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A conversa com o líder de Hilltop não correu como planejado. Ele não queria nossa ajuda e nem que recebessemos algo em troca, caso acabassemos com os Salvadores. Não adiantava nada do que o Rick falasse.

Paul, ou Jesus, pareceu ficar um pouco desiludido, já que a ideia de acabar com esses Salvadores parecia ser a melhor coisa que poderia acontecer para eles.

Daryl estava do meu lado, fora da casa grande, olhando Rick, que falava com Paul.

Neguei com a cabeça, o que chamou a atenção dele. Olhei ele e dei de ombros.

- Acho isso uma besteia enorme.

Daryl continuou me olhando.

- O que foi? - Perguntei. - É verdade. E se algo dá errado?

Daryl assentiu. - Mas nós temos uma chance. Temos armas e pessoas.

Assenti. - Pelo que eu percebi, eles também.

Abraham, que estava do meu outro lado, se aproximou de mim e de Daryl.

- Eu acho que a gente consegue. Já enfrentámos coisa pior e estamos aqui.

Respirei fundo e ergui as mãos. - Seja.

O portão abriu e algumas pessoas entraram, uma delas, um homem, avançou sobre Abraham e os dois se envolveram numa luta.

Quando vi meu amigo no chão, avancei para o homem de Hilltop e segurei o bastão, com a ponta da frente encostada no seu pescoço.

- Deixa ele. - Falei.

O homem me olhou, ao sentir o bastão no seu pescoço. Depois, ergueu o braço, mas eu abaixei, andando para o lado, e ergui o pé, chutando a sua perna por trás, fazendo ele cair.

Ele levantou e avançou para mim, mas Rick surgiu, com uma faca na mão e atingiu o homem, acabando com a sua vida.

O mundo pareceu parar.

Gregory saiu correndo da casa grande, gritando para pararem com aquilo, mas surtou quando viu o homem morto.

No dia seguinte, saímos com Paul e outro cara de Hilltop, em direção ao tal posto dos satélites. Mas primeiro, tinhamos de traçar um plano.

Ninguém de Hilltop iria nos ajudar, mas Paul queria que os Salvadores deixassem de ser um problema, e prometara cumprir com a sua promessa. Gregory não deixara que ninguém da comunidade nos ajudasse, e odiava a ideia de nos ajudar com mantimentos, mas Jesus dissera que cuidaria disso.

Parámos no caminho, escutando o que Paul falava sobre esses Salvadores. Parecia que ele conhecia o lugar.

- E como entramos? - Perguntou Abraham.

Paul o olhou. - Eles querem a cabeça do Gregory.

Franzi o cenho. - Mas nós não temos. Vamos matar o seu líder também?

Paul sorriu. - Não. Mas podemos usar a cabeça de um zumbi. E ele - Indicou o seu amigo. - Irá entregar.

Rick me olhou e depois para Paul. - Usamos isso como distração.

Paul assentiu. - Teremos de ser silenciosos, para conseguirmos derrotar todos.

- E esse tal de Negan estará lá?

- Ele nunca vem em Hilltop, então sim, deverá estar.

Respirei fundo. - Ainda acho isso uma ideia ridícula.

Rick se aproximou de mim. - Zoe, a gente pode fazer isso.

Encarei ele. - Porquê? Porque vamos fazer isso?

- Precisamos da ajuda de Hilltop. Precisamos de comida. Você sabe.

- E se eles forem mais? E se tiverem mais armas?

Rick colocou a mão no meu ombro. - Vai dar certo. Veja o que fizemo no Terminus...

Sacudi a sua mão. - Foi a Carol! - Me afastei um pouco. - Você vai acabar começando uma guerra sem sentido, Rick. - Dei as costas.

- Hey! Onde você vai?

Rodei o bastão, escutando Daryl me seguindo. - Procurar um zumbi!

Achei melhor me afastar de Rick por um momento. Meus nervos iriam acabar por me fazer dizer coisas que eu iria me arrepender depois.

Eu achava que deveríamos observar esse grupo, ter certeza de que o tal de Negan estava nesse lugar, de que a gente tinha, realmente, uma chance. E se eles fossem mais e ninguém soubesse? E se estivéssemos arriscando nossa familia para nada?

- Você odeia isso.

Olhei para o lado, vendo Daryl segurando a besta no ombro.

- Claro que odeio. Você sabe alguma coisa sobre eles?

- Paul parece saber.

- Ah, qual é?! E se eles forem imensos e a gente não tiver forma de acabar com eles? - Parei de andar. - Eu não quero perder mais ninguém, Daryl.

Ele colocou um braço sobre os meus ombros. - Vamos tentar. Daremos um jeito, seja como for.

Revirei os olhos. - Não confio nisso.

Achámos dois zumbis e Daryl tirou o braço para baixo, pegando a besta, mas abaixou o meu braço, que já erguia o bastão, com uma das mãos.

Olhei ele, sem entender nada.

- Precisamos da cabeça inteira, lembra?

Revirei os olhos e abaixei o bastão, deixando Daryl ir na frente e matar o zumbi.

Me aproximei dele, puxei a faca do coldre na sua cintura, e cortei a cabeça do morto, erguendo ela.

- Dá pro gasto. - Falei. - Vamos?

Assim que chegámos junto do grupo, todos colocámos as cabeças no chão, tentando achar a mais parecida.

- Essa é parecida, mas o nariz.... - Disse Paul.

Daryl entregou a besta para mim e se aproximou da cabeça, abaixando e socando ela, quebrando o nariz podre. Todos o olharam e ele deu de ombros.

- O que foi? Ele não queria morrer...

Todos riram.

Esperámos pelo anoitecer, seria mais fácil entrarmos a essa hora.

Eu estava sentada no cimo do carro, olhando a floresta em nosso redor. Odiava aquele plano, mas fazer o quê? Rick era o líder. E ele até tinha razão, precisávamos de Hilltop naquele momento.

Daryl subiu no carro e sentou do meu lado, puxando os joelhos contra o peito.

- Você está bem?

Assenti e encostei a cabeça no seu ombro. - Tenho de estar.

Daryl respirou fundo. - Eu acho que você tem razão. - Indicou Rick. - Mas ele também. Não nesse plano, mas na parte em que precisamos deles. - Indicou Jesus.

Assenti. - Eu sei. - Ergui a cabeça e segurei seu queixo, fazendo ele me olhar. - Não morre. Aconteça o que acontecer. Você tem de ficar vivo.

Ele franziu o cenho. - Vamos ficar bem.

- Promete, Daryl!

- Tá. - Ele deu de ombros. - Mas você também.

Eu ri e depois neguei. - Eu não vou conseguir, se eu perder você.

Daryl ficou me olhando durante uma eternidade, e depois fez um carinho muito rápido no meu queixo, sorrindo um pouquinho.

- Ninguém vai morrer. E você sempre me terá.

Sorri e dei um beijo nele, antes de encostar a cabeça no seu ombro.

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