41 - Não Foi Culpa Sua

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Abraham convenceu todo o mundo a seguir para Washington, mesmo depois de ter soltado a bomba de que Eugene mentira esse tempo todo.

Eu não conseguia ver ele da mesma forma.

Perdemos Tyrese, o irmão da Sasha, enquanto vasculhavamos a antiga comunidade do Noah.

Andávamos na estrada á dias, sem comida e sem água. O calor era imenso.

Tirei a ultima garrafa da minha mochila e bebi um gole pequeno, entregando a garrafa para o Daryl, que andava do meu lado. Ele tentou recusar, mas eu obriguei e ele bebeu, me entregando a garrafa depois.

Guardei, puxei ele para perto de mim e coloquei a mão na sua nuca, me colocando na ponta dos pés e beijando a sua testa. Depois me afastei, indo na direção do Rick.

Desde Atlanta, eu e Daryl estávamos mais próximos. Não estávamos juntos, mas ele me deixava aproximar como nunca fizera. Parecia que estávamos de volta na funerária.

Prendi o bastão nas costas, e estiquei os braços. Rick sorriu, parecendo aliviado.

- Valeu, Z. - E me entregou a Judith.

Sorri. - Sem problema.

A menina viajavanos braços de todo o mundo, mas principalmente nos do pai, do irmão e nos meus.

Coloquei o dedo sobre o nariz dela e bati levemente, fazendo ela sorrir.

- Você leva jeito.

Olhei para o lado e vi Tara, andando do meu lado, me olhando.

Percebi Daryl, mais atrás, nos observando e suspirei. Ele esperava que eu surtasse e machucasse a garota.

- Tive uma irmã.

- Sério? Eu também! - Ela olhou o chão. - Ela morreu.

Mordi o lábio. - A minha também. Enterrei ela.

- Lamento, de verdade.

Assenti e voltei minha atenção para Judith, que pegara o ziper da minha jaqueta e tentava colocar na boca.

- Desculpa, por tudo.

Olhei Tara de novo. Ela me dava aquele mesmo olhar de antes, na igreja.

Ela já mostrara que não era como o Governador e que não fazia mesmo ideia de que, as coisas que ele falava, eram mentira.

Ergui uma sobrancelha. - Tá. Você até que é legal então está perdoada. Mas não chega perto do meu bastão de novo!

Ela sorriu. - Fechado.

Mais na frente, decidimos parar.

Daryl se afastou, para procurar água, junto com Maggie e Rosita.

Abraham e Eugene acharam um monte de garrafa de água, no meio da estrada, com um bilhete onde se lia "de um amigo".

Carl segurou a Judith, me deixando com os braços livres.

Franzi o cenho, vendo aquilo. - Amigo uma merda.

Eugene começou a falar um monte de besteira e pegou uma das garrafas, mas Abraham jogou ela no chão.

Encarei ele. - Pode estar envenenada, seu idiota! Tem certeza de que é assim tão inteligente?

Abraham tocou no meu ombro. - Concordo com você, mas se acalma. Está ficando parecida com o Daryl e isso não é bom.

Olhei ele, mas não consegui segurar o riso.

Nesse momento, Daryl e as garotas, chegaram e mostrámos as garrafas, e todos concordaram que não iríamos beber.

Então, do nada, começou a chover.

Fechei os olhos, sentir a água fria na pele era incrivelmente agradável.

Tara e Rosita se deitaram no chão; Maggie continuava envolvida em seus pensamentos; Rick e Carl sorriam, junto de Judith... Todos sorriam, na maioria.

Olhei para o lado e vi Daryl, ali, parado, olhando o chão. Estiquei a mão e peguei a sua, apertando.

Ele me olhou e sorriu fraco.

- Temos de achar um abrigo. - Disse Rick. - Parece que vai chover por horas.

- Sei de um lugar, achei ele enquanto procurava água. - Disse Daryl.

Entrámos no celeiro, agradecendo por termos um teto e paredes nos separando da chuva. Fora legal, mas precisávamos sair da rua.

Quando anoiteceu, todos acharam um lugar para dormir.

Eu sentei perto da porta, com o bastão do meu lado e encostei a cabeça para trás. Daryl sentara do meu lado, em silêncio.

Olhei em frente, e vi Judith, acordada, deitada nos braços do pai, que dormia.

Sorri para ela, e seus olhinhos pequeninos apenas me olharam de volta.

- Temos de achar comida. - Disse Daryl, bem baixo.

Olhei ele e assenti. - Podemos caçar pela manhã. Isto é, se quiser ajuda.

Ele assentiu. - Claro.

Suspirei e olhei para baixo, para os seus tornozelos, onde dois cardaços, um preto e um branco, prendiam o fundo das pernas da sua calça.

Ele percebeu meu olhar e deu de ombros. - Ela não merecia morrer daquele jeito.

Ergui o olhar. - Você gostava dela.

- Amizade. Beth era legal. Era... Demasiado boa para esse mundo.

Assenti, mordendo o lábio, entendia o que ele queria dizer.

- Lamento, de verdade. - Falei.

- Tudo bem.

Encostei a cabeça no ombro dele e fechei os olhos.

- Você deveria ter deixado a Dawn entregar ela primeiro.

Senti ele se retesar sob a minha cabeça.

- Não. Isso não é discutível.

Abri os olhos e me ergui, olhando o seu rosto. - Porquê?

Daryl ficou me olhando por séculos, até que um som chamou nossa atenção, vindo da porta.

- Andarilhos. - Falei, levantando de um pulo.

Segurei a porta, junto com Daryl, mas eles eram cada vez mais e a gente não ia conseguir. De repente, vi Abraham do meu lado, nos ajudando, e depois, aos poucos, todos foram acordando e ajudaram a segurar a porta, tudo sem fazer um único som, por causa dos mortos.

Depois que tudo aquilo parou, regressei no meu lugar e fechei os olhos, exausta e encostei a cabeça na parede. Do nada, senti alguém me puxando para a frente e um braço se colocar atrás da minha cabeça, sobre os meus ombros. Era Daryl.

Sem pensar, encostei a cabeça de novo no seu ombro, respirando fundo e fechando os olhos.

- Não diz isso de novo, a morte da Beth não foi culpa sua. - Disse ele. - Mesmo que ela tivesse sido a primeira.

- Hum. Também não foi culpa sua. A gente procurou, Daryl.

- É. - Senti ele respirar fundo. - Agora dorme, eu fico com o primeiro turno.

Sorri.

- Sempre fica.

Pela manhã, depois de sair com Sasha, Maggie e ela regressaram, trazendo um estranho que disseram se chamar Aaron.

Olhei ele de ponta a cabeça, rodei o bastão e coloqueoi no ombro, vendo ele me olhar e parecer nervoso.

- Oi. - Falou.

Rick se aproximou dele. - Anda nos seguindo?

Trust MeWhere stories live. Discover now