Essas paredes brancas, no entanto, me encaravam com desdém.

Tempo demais, amigo. Tempo demais.

Esse é o seu problema, Ethan. Você não sabe quando deixar ir, as palavras de Malorie ecoam em minha cabeça, perfeitas e reais.

― Isso não diz respeito a você ― eu cortei, odiando como não pude conter a raiva em minha voz ―, apenas Allie e eu. Então por que diabos você pensou ter direito sobre essa escolha?

Estava tudo em nosso nome e eu dei permissão a Alyssa para que ela pudesse manter as coisas em ordem diariamente se precisasse. E porque era mais dela do que meu; fiz isso por ela e acabou se tornando um ponto necessário de se cruzar em meu caminho. Eventualmente. Eu olhei para minha irmã, parada na entrada da garagem com um vazio nos olhos que refletia perfeitamente o espaço e... ela não parecia nem surpresa. Quer dizer, não era para eu estar tentando mantê-la longe da garganta de Malorie agora?

― Alyssa me deu a permissão ― as palavras de Malorie selaram meus pensamentos em uma espiral de choque.

Minha irmã retornou meu olhar e balançou a cabeça. É um gesto pequeno e firme, confirmando a uma verdade que eu não queria dentre todas as mentiras que saíam dos lábios de Malorie. Não sei por quanto tempo fiquei estático em meu lugar encarando minha irmã, mas ninguém disse nada. Ou disse? Eu não acho que saberia, pela pressão sanguínea em meus ouvidos, correndo por minhas veias em uma quantidade maior do que deveria.

Eu sei que nunca disse a ela o que aquilo significava para mim, como eu precisava colocar um ponto final ― quando sentisse que era a hora ―, mas... eu pensei que ela soubesse. Essa era a coisa sobre nós, não era? A maior parte das palavras não era dita, mesmo as importantes, mas sabíamos a verdade que nunca mudava, independente do quanto fomos forçados a mudar.

Quer dizer... é a Alyssa. É a minha rainbow. E esse gosto ruim e amargo de traição que sobe pela minha garganta não combinava com ela.

― Lori, você pode nos dar um segundo? ― minha irmã pediu e, surpreendentemente, nossa tia fez o que foi pedido.

Alyssa ainda me observou por alguns segundos antes que um sorriso preguiçoso curvasse sua boca, e o pequeno riso abafado dela fez o gosto ruim virar uma ânsia.

― Eu tentei proteger você. Foi o que sempre tentei fazer. Mas quanta ingenuidade, né? ― ela murmura, sacudindo a cabeça. ― Pensar que eu poderia te proteger do mundo inteiro. Acho que eu só estava com muito medo de dizer adeus mais uma vez.

Eu a ouvia, mas não tinha certeza se conseguia compreender as palavras.

― Onde estão as coisas? ― repeti a pergunta de um milhão de dólares, torcendo para que a resposta não fosse o que estava imaginando.

― É estranho ― continuou ela, na deriva de seu próprio tópico agora ― que eu sempre tenha temido esse momento e agora eu simplesmente não consigo em importar.

Franzindo a testa e recuando, perguntei: ― O que você quer dizer com "temido esse momento"? O que você fez?

Alyssa gesticulou, blasé, com os dedos indicando o espaço ao nosso redor.

― Esse momento onde o passado voltaria com toda a força. Eu tentei segurá-lo, eu estava tentando superá-lo, sabe?

Minha garganta se apertou, e eu odiei isso. Odiava tudo isso.

― Você deu permissão a ela? ― o ceticismo em minha voz respingou em nossa pele como sangue. ― Por que você faria isso, Alyssa? Nós prometemos que nunca deixaríamos nada daquilo ir, não importa o quê.

Our Way HomeWhere stories live. Discover now