Sábado, 1h40.
— Não, Mateus. Ele mentiu para mim.
Sabrina ainda não conseguia acreditar que Metatron havia mentido para ela.
— E se ele não mentiu? Se ele apenas omitiu por um motivo importante?
A dupla estava parada em frente ao portão de Mateus discutindo. Tudo tinha se tornado extremamente confuso para eles, especialmente para a jovem encarnada.
— Mas por que ele faria isso, quando sempre mostrei que me sentia sozinha?
— Mas você perguntou diretamente a ele se existia outro além de você?
A jovem já parecia estar mais calma com a situação.
— Não diretamente. Mas lembro de certa vez ter perguntado sobre ter outros fazendo o mesmo trabalho que eu.
— E o que ele disse?
— Que não tinha mais ninguém trabalhando com ele, que só tinha a mim.
Mateus abriu os braços e fez uma careta amistosa para ela.
— Então pronto! Ele não mentiu, apenas omitiu na brecha que sua pergunta dava. E pelo que percebi, fez de tudo para te proteger de alguma coisa.
— Pode ser, e espero que ele tenha uma ótima explicação quando nos encontrarmos novamente.
— Se você voltar a encontrá-lo.
Sabrina ficou surpresa com o que Mateus tinha acabado de falar, e percebeu que ele poderia estar completamente certo. Se o que Azazel disse estiver certo, talvez ela nunca mais veja o seu anjo mentor. Mas seus pensamentos foram interrompidos por uma voz vinda do alto da casa do senhor Antônio, o português. No início a dupla ficou confusa, pois os galhos das árvores da fachada da casa deram uma boa camuflagem para quem falava.
— Que bonitinho! Dois anjinhos mortais, e que não possuem asas, brincando na rua de madrugada.
— Quem é você? — perguntou Sabrina.
Lutero com um pequeno pulo caiu ao solo, em frente à janela da sala do português.
— Então você é a popular encarnada que caça demônios possuidores no plano físico e mestiços. Vejo que não está mais sozinha.
Ela se colocou em posição de guarda, sendo imitada no mesmo instante por Mateus. Mas não invocaram suas armas por estarem na rua e o risco de serem vistos era grande.
Com Lutero numa calçada e a dupla em outra, a rua era quem separava eles, e uma figura conhecida dos encarnados do nada cai no meio dela, pulando do alto da casa do português também.
— Felizes em me verem novamente?
Mateus fez uma careta para Girão.
— E então o demônio fedido reaparece.
Lutero deu uma enorme gargalhada.
— Vejo que o rapaz te conhece bem.
O demônio demonstrou não ter gostado de tudo que ouviu, mas sabia ser melhor não falar nada sobre isso.
— Vocês são os responsáveis pela morte do Luís Roberto. Merecem morrer.
Mateus, que estava chateado desde que soube da morte do jovem, explodiu em fúria.
— Você é um tremendo de um filho da puta! Fez o rapaz tentar me matar, e no meio da confusão ele sem querer feriu o Marquinho e acabou morto.
Mateus não se deu conta, mas sua fúria o fez invocar sua espada e ele brilhava como o Sol. O brilho era tão intenso que Sabrina teve que fechar os olhos e colocar a mão esquerda em frente ao rosto, e a direita buscou uma de suas adagas que ela havia invocado. Do outro lado da rua, Lutero pulou novamente para a laje do português, e procurou camuflagem nos galhos das árvores que avançavam para a mesma.
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O Encarnado
FantasíaMateus descobre que possui o espírito de um anjo, e recebe o convite para ser o braço do exército celestial no plano físico. Ele aceita, e logo se vê envolvido numa jornada para impedir o apocalipse. Anjos, demônios, nefilins e djinns irão caminhar...