Capitulo 8: Um sonho muito estranho

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Sexta-feira, 19h23.

Mateus olhou o rapaz fugindo após esfaquear o seu melhor amigo. Teve uma vontade enorme de ir atrás dele e espancá-lo até a morte, mas precisava ficar ali para ajudar Marquinhos.

— Alguém tem um celular para chamar o SAMU? — perguntou ele desesperadamente.

Um dos rapazes que assistia na beirada do campo já estava com o celular em mãos ligando para pedir ajuda. 

Foi nesse instante que Mateus percebeu uma luz vinda do céu. Ele apenas parou e ficou admirando o ser iluminado flutuar a poucos metros dele. O anjo achou estranho um ser humano poder vê-lo assim, de forma tão natural, mas sua dúvida terminou quando viu um rosto familiar se aproximar: era Sabrina, a encarnada de seu irmão Metatron que acabara de descer da kombi, portanto, só podia se tratar de mais um encarnado.

— Por favor, ajude-o — pediu Mateus levantando as mãos para o céu, em direção ao anjo.

Seus amigos não sabiam que ele era religioso e nem que tinha alguma fé, e acharam estranho vê-lo com as mãos para o alto pedindo ajuda.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Sabrina, olhando pelos cantos dos olhos para o anjo.

Mateus simplesmente desabou em lágrimas. O rapaz chorava de soluçar.

Assistindo tudo aquilo, o anjo resolveu interceder.

— Olá, minha filha. Nunca nos falamos, mas sei que você é uma encarnada do meu irmão Metatron. Meu nome é Iehuiah e irei fazer o possível para ajudar.

O anjo desceu até o solo e se ajoelhou ao lado de Marquinhos.

— Vocês dois, ajam naturalmente. Peçam para se afastarem, e um de vocês se ajoelhe também e segure o ferimento para amenizar um pouco a hemorragia até a ambulância chegar. 

Sabrina achou melhor ser ela a segurar o ferimento de Marquinhos, que tremia e mostrava confusão nos olhos. Mateus por sua vez fez um cordão imaginário para afastar os outros rapazes.

Iehuiah, ajoelhado ao lado de Marquinhos e de frente para Sabrina, fechou os olhos e apoiou suas mãos por cima das dela e uma luz passou a ser emitida, cobrindo todo abdômen do rapaz ferido. E ali permaneceu até a chegada da ambulância do SAMU. 

Ninguém sabia explicar, mas todos sentiram uma paz interior enorme, mesmo diante de uma situação de imensa gravidade. Se pudessem ver o anjo ajoelhado na frente deles, saberiam o motivo.

Aos poucos pessoas foram chegando e Sabrina teve que ser enérgica para impedir que os curiosos atrapalhassem Iehuiah.

— Por favor, fiquem distantes para dar espaço para ele poder respirar — falou ela com cara de poucos amigos.

Porém, um dos curiosos não gostou muito do tom de voz dela.

— Não vai acabar o oxigênio dele só por estarmos perto não, mocinha. 

Sabrina ao ouvir isso só não levantou para dar uma surra no sujeito porque precisava ficar com as mãos pressionando o ferimento de Marquinhos. Mas ficou extremamente feliz quando viu Mateus se embrenhar no meio dos curiosos e jogar longe o mal-educado apenas com um empurrão.

— Não vem fazer graça aqui não, seu otário! Porque se fizer, eu te quebro todo.

O homem se levantou todo sujo de areia e com alguns arranhões nos braços, fez menção de ir para cima de Mateus, mas foi contido por outros curiosos que também não gostaram do que ele havia dito.

— Segura a onda aí, mano. Não está vendo que o rapaz está muito machucado? Mantenha a disciplina — disse um desconhecido para o curioso mal-educado.

O EncarnadoWhere stories live. Discover now