Capítulo 4: Mainha

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Quinta-feira, 20h55.

Já eram quase 21 h quando a dupla de encarnados desceu da Kombi que faz o transporte alternativo que liga Edson Passos à Chatuba de Mesquita, na esquina da rua Lídia com a rua Doutor Godoy.

- Você mora bem longe, novato. Suportar o trem cheio já foi sacrificante, e agora teremos que andar muito?

- Não. Em poucos minutos estaremos na minha casa.

Sabrina optou por não falar sobre o ocorrido com Mateus até chegarem em sua casa. Queria refletir melhor sobre todo o ocorrido.

- Ainda falta muito? - Sabrina estava ansiosa por um banho e queria chegar o mais rápido possível.

- Calma, não andamos nem 50 metros.

A dupla caminhava pela rua Dr Godoy em direção à próxima esquina, e tão logo dobrassem a esquerda, chegariam no número 16 da rua Adolfo de Albuquerque, onde ele reside.

Rapazes jogavam futebol na rua quando alcançaram o número 706, e Mateus conhecia todos ali.

- Eita! Vocês não cansam não? - brincou o jovem encarnado.

- Se você não estivesse ocupado com seus novos amigos da UERJ, com certeza estaria aqui com a gente - respondeu um dos rapazes.

Mateus cumprimentou um a um seus amigos e apresentou Sabrina a eles, que de longe apenas acenou e deu um "oi".

- Futebol amanhã no Brasileirinho? - perguntou um dos peladeiros a Mateus.

- Uma boa, pois não pretendo ir para a universidade amanhã mesmo.

- Então fechou. Dezessete horas no campo.

- Show! Guardem minha camisa então. Fui.

Tão logo eles se afastaram dos rapazes, Sabrina questionou Mateus.

- Vai cabular aula amanhã?

Mateus arregalou os olhos e caiu na gargalhada.

- Cabular?! Nem minha mãe fala assim comigo. Você por acaso tem 60 anos?

Ele nem percebeu o movimento dela, só sentiu a dor do cascudo que levou.

- Ai! Isso doeu - disse ele coçando a cabeça.

- Deu sorte de não levar um bandão e duas bicudas nas costelas.

Ambos riram da situação e continuaram caminhando até chegarem à casa dele. Mateus morava com sua mãe numa vila de três casas, em que a dele era a do meio em um longo corredor.

- Já estava preocupada com você, Teteu - disse a mãe de Mateus logo que ele entrou na varanda de casa.

Sabrina percebeu o rapaz corar com o que a mãe dele disse. Iria sacanear ele outra hora.

- Aqui estou eu, vivinho da Silva. E mãe, essa é minha amiga Sabrina, ela veio passar a noite aqui conosco.

A mãe de Mateus não conseguia conter a felicidade que sentia.

- Muito prazer, minha filha. Me chamo Regina, mas pode me chamar de mainha.

Mateus parecia um fósforo de tão vermelho que estava, e Sabrina se divertia muito com a situação.

- E o que temos para jantar, mainha?

Se pudesse, Mateus abriria um buraco na Terra e se jogava nele.

- Adorei essa menina, meu filho. Você estuda com ele na UERJ, Sabrina?

A mãe de Mateus já abraçava Sabrina como se fosse uma filha.

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