♡ Capítulo 32: "Isso é insano."

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Após dizer isso, saio do quarto deixando as duas meninas para trás. Como alguém pode ficar tão linda com um simples vestido preto e meia calça? Marie tinha esse dom, tudo o que ela vestia brilhava nela. O mais simples pedaço de pano virava algo a mais

Marie era uma mulher esplêndida.

A fila do café está considerável.
Pego meu lugar na fila e espero até que ela ande depressa.

A mesa do café está farta, tem de tudo desde bolos á pães tradicionais. Pego um pedaço de bolo e o meu café puro de sempre. Eu não gosto de muita coisa no café da manhã, o café puro é um bom combustível para seguir com o dia. Me sento sozinho em uma das mesas que está ali, quero um pouco de privacidade para lidar com meus pensamentos.

Katherine ainda não me ligou. Nenhuma notícia, nenhuma ideia de como contar para Zoey todas as nossas teorias. Eu sinto que cada vez que deixo de dizer para ela o que eu penso saber, mais estou perdendo-a novamente.

Zoey é jovem, inteligente e muito bonita e eu sou apenas o professor. É fácil para ela encontrar alguém.

Alguém que não seja eu.

Quanto mais penso no jeito que Marie era, mais eu relaciono com quem Zoey é. Cada conversa que tenho com a garota de cabelos castanhos me trazem a sensação de conversar com alguém muito mais íntimo, é um conforto inexplicável.

Inevitavelmente minha mente voou para ontem, no avião, quando nossas mãos se entrelaçaram e o meu polegar estava acariciando a maciez de sua mão. Segurar em suas mãos é como ter o mundo inteiro nas mãos. A sensação de formigamento aparece automaticamente e eu balanço minha mão no ar.

Eu quero mais do toque de Zoey.
Quero fazê-la sorrir e notar seus olhinhos se fechando em uma expressão genuína de felicidade.

Querer não é poder.

O ponto em que cheguei é extremamente ameaçador para a minha carreira.

Eu não posso me render.

— Isso é insano. — Sussurro para mim mesmo.

— O que é insano? — A voz de Margareth me faz saltar da cadeira.

— Não é nada. — Minha voz sai rouca por conta do susto. — Como passou a noite? — Pergunto, tentando distrair a loira do assunto.

— Foi boa. Acho que o aquecedor do meu quarto quebrou, parecia que estava no Alasca, dormindo com os pinguins. — Margareth riu. Nunca tinha dado atenção para o senso de humor de Margareth, sorrio para ela.

Meu corpo se arrepia, ao sentir a presença de Zoey. Meus olhos se voltam para a mesa a frente, Mirna e Zoey acabam de se sentar e vejo as meninas oferecem um assento para Kristoffer que no mesmo momento se junta as duas a mesa.

— O mesmo aconteceu no meu quarto. — Tento não focar na mesa em minha frente.

— Você já veio pra cá antes? Eu sei que você e Marie viajavam bastante.

— Não, nunca viemos para cá. — Digo seco. Margareth está se esforçando para ser agradável e me arrependo internamente por estar sendo tão babaca. Olho para ela, a mulher loira permanece em silêncio. Vasculho em minha mente, em busca de algum assunto para me redimir e livrarmos desse silêncio constrangedor. — Mas já fomos para Amsterdã, conhecemos o Anexo de Anne Frank*. Foi uma experiência incrível.

Margareth me olha entusiasmada e me sinto um pouco melhor. Ela não merece que eu a trate com tamanha frieza, Margareth não tem culpa de meus problemas.

— Eu conheço a história, mas nunca tive a oportunidade de conhecer o local. — Observo-a levar o garfo com um pedaço de torta a boca.

— É diferente quando você está lá, o anexo é muito sufocante. — Tomo um longo gole de café.

Meus ouvidos são atraídos para uma risada alegre vinda da mesa em minha frente. Zoey está animada com as histórias contadas por Kristoffer. Seu riso é alto, em outro momento me agradaria ouvir a minha garota rir, mas agora, está me incomodando. Ela está rindo com outra pessoa.

Com outro cara.

Vejo Kristoffer passar o dedo no canto da boca de Zoey, para limpar o chocolate que ficou ali.

Isso é a porra de um estopim para mim.

— Com licença, Margareth. Estou com dor de cabeça, vou voltar para o quarto. — Falo me levantando e acabando com o café quente do meu copo, afasto o prato de bolo e entrego para Margareth.

— Claro. Obrigada pelo café da manhã.

Franzo o cenho.

— Desculpe, não entendi.

— Você foi agradável comigo, tomamos café juntos. Não percebeu?

Eu não quero ser rude, mas as palavras escapam da minha boca sem ao menos eu conseguir controlar elas.

— Não, Margareth. — Zoey riu novamente. — Você só sentou aqui sem ser convidada e começou a falar, para não ser grosso eu apenas respondi!

Bato o copo vazio de café em cima da mesa e saio. Estou irado e não tenho nenhum direito de estar assim.

Zoey não é nada minha.

Margareth não tem culpa de nada.

Passo algumas horas enfurnado no quarto apenas lendo. O livro está bastante interessante, o que me faz esquecer do meu, não sei o que chamar aquilo, de mais cedo.
Ao fechar o livro, a minha ficha cai.

Eu preciso me desculpar com Marg.
Ela tem razão. Estávamos conversando e tomando o café da manhã do hotel juntos, não importa se houve ou não um convide para isso.


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*O Anexo de Anne Frank  era como a adolescente Anne Frank, chamava o esconderijo em que ficou escondida com a família durante o governo de Adolf Hitler. O Anexo Secreto de Anne Frank fica em Amsterdã e hoje é um museu e pode ser visitado.

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