Secretária - Han Jisung

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  ALERTA! Tema pesado: assédio sexual. Gatilho para alguns.

  A pedido de leitora.


  Me olhei no espelho uma última vez antes de sair de casa: nenhuma saia apertada, nenhum batom vermelho, nenhuns óculos ou rabo de cavalo. Nada de cunho sexual, apenas uma camisa social branca por baixo de blazer preto, junto com um scarpin e uma calça de alfaiataria da mesma cor.

  Quando aproximei meu crachá da catraca, e os pensamentos ruins começaram a tomar conta da minha cabeça: Onde ele me tocaria hoje? Para onde ele olharia? Que atrocidades diria?

  Arrastando os pés para fora do elevador, eu tentava adiar ainda mais o momento em que, sozinha no fim do corredor, meu chefe viria pedir um favor de forma promíscua.

  Jisung vinha na minha direção, o terno esvoaçando conforme ele corria com a papelada na mão, indo em direção à sala do chefe:

  ㅡ Bom dia, S/N! ㅡ o bochechudo me abriu um sorriso largo, tanto que seus olhos se semicerraram.

  Tentei esboçar meu melhor sorriso, mas pelo jeito meus lábios mal se mexeram, porque o sorriso sumiu do rosto de Han gradativamente.

  Eu estava no fundo do poço, tão no fundo que já podia ver a lava do centro da Terra. E continuava escavando cada vez mais, todo dia em que eu pisava naquele bendito escritório, e toda vez que meu chefe me olhava ou me tocava daquela maneira.

  Eu era secretária, mas meu chefe me via como uma meretriz gratuita que servia como um objeto que aumentava sua libido. Mas ninguém parecia ver aquilo, toda aquela situação parecia totalmente invisível, ou as pessoas fingiam que era invisível, porque não queriam assumir a responsabilidade de denunciar ir contra o chefe.

  Nem mesmo eu denunciava, porque precisava daquele emprego mais do que a minha própria integridade.

  Estava de costas, checando a agenda de Amado Batista, meu chefe. E mesmo assim senti o olhar de luxúria queimando sobre mim, idem o perfume cítrico invadindo minhas narinas conforme os passos pareciam cada vez mais altos.

  E, exatamente quando eu esperava, Amado Batista colou o corpo com o meu:

  ㅡ O que temos para hoje, S/N?

  Respirei fundo, as mãos tremendo ao segurar a agenda de couro. Não importava quanto tempo eu passasse por aquilo, eu nunca me acostumaria com a sensação de seu corpo perverso contra o meu.

  ㅡ O senhor está preso por assédio sexual, tem direito a ficar calado, tudo o que disser pode ser usado contra você no tribunal.

  Assim que a Lei de Miranda foi recitada, a pressão contra os meus quadris sumiu, e a única reação que eu tive, foi me agachar ao chão, com medo do que estava por vir.

  Cobri a cabeça com os braços, assustada, mas silêncio se seguiu.

  Quando ergui a cabeça, Jisung estava com a mão direita estendida na minha direção, e Amado Batista dobrava o corredor, algemado com os policiais o flanqueando.

  ㅡ Por que fez isso? ㅡ o encarei, incrédula. ㅡ Eu e você acabamos de perder o emprego, ou acha que a mulher dele vai deixar que fiquemos aqui recebendo nossos salários enquanto ele está na cadeia?

  Mesmo eu não tendo tomado sua mão, Han a agarrou e me puxou para cima:

  ㅡ Às vezes um passo para trás significa dois para frente. Salário nenhum no mundo seria capaz de curar a ferida que você tem aí dentro, é preciso perder a Terra para ganhar o paraíso.

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