- Sim, com o Vinnie. - Ela viu o garoto uma vez e agora estou falando que vou me casar com ele. Quem não ficaria preocupado?!

- Cassie... você tem certeza disso? - Franzo as sobrancelhas com sua fala. Eu esperava que ela brigasse comigo ou sei lá o que, mas o tom da sua voz é completamente calmo e sincero.

- Sim, mãe. - Olho para o céu e percebo que o tempo está mudando, preciso terminar essa conversa e voltar logo para casa se não quiser ser pega pela chuva.

-  Filha... - Ela limpa a garganta. - Eu quero que saiba que estou aqui se quiser conversar comigo e eu vou te apoiar, mesmo que isso pareça uma loucura pra mim.

- Mãe... - Suspiro fechando meus olhos. - Eu estou tentando colocar as pecinhas no lugar, sabe? da minha vida, porque eu deixei essas pecinhas caírem por muito tempo, achei que por serem pequenas não fariam muita diferença, mas fazem. - Meus olhos me traem e sinto o gosto salgado na minha boca. - Caíram tantas que parei de funcionar por um tempo, só que agora eu estou voltando aos pouquinhos e você é uma das peças mais importantes pra mim.

Minha vista fica turva por conta das lágrimas e me encosto em um dos postes de luz da rua.

- Eu odeio o que a nossa relação se tornou e eu sinto que a morte do papai tem piorado, o que já não era muito bom. Não quero que seja assim, você é a minha única família.

- Cass... - Ela dá uma risadinha fraca. - Sempre achei interessante o jeito que você usa metáforas pra explicar seus sentimentos. Sabia que você faz isso desde pequena? - Silêncio toma a ligação durante um minuto. - Desculpa a mamãe, tá? não fui justa quando mandei você falar no funeral, não fui justa com você em boa parte da sua vida. Eu me arrependo muito... nós vamos começar de novo, não é?

Sorrio com sua resposta. Parece que um elefante saiu das minhas costas. Agora só preciso tirar os outros 50 animais que insistem em usar minhas costas como zoológico.

- Eu preciso desligar, mas quero falar com você sobre tudo o que tem acontecido.

- Eu estarei aqui pra ouvir.

Nos despedimos e eu desligo a chamada me sentindo muito mais feliz do que antes. Já consigo imaginar a minha mãe no casamento, Mason, a família de Vinnie e ele, claro, isso me faz sorrir enquanto ando.

- Cassie? – Alguém chama meu nome, e me viro para ver quem é. Meu corpo inteiro fica gelado. Eu correria agora mesmo, se isso não me fizesse parecer suspeita.

- Senhor Johnson? – Prendo a respiração ao encarar o pai de Eliot.

Por que ele está aqui? Não que o quarteirão seja meu, mas não é nem de longe um lugar que ele costumava frequentar.

- Posso conversar com você por um minuto? – Ele pergunta, abrindo a porta do seu carro, insinuando que eu entre.

- Na verdade... eu precisava levar comida para o meu gato. – Murmuro, coçando a nuca.

- Não vou roubar muito do seu tempo, entra. – Ele parece estar mandando, não pedindo, mas ainda é possível perceber uma gentileza disfarçada em sua voz.

Se eu continuar arrumando desculpas, vou acabar demonstrando que estou com medo dele, e isso também seria suspeito. Respiro fundo e lanço um sorriso na direção dele, entrando no carro logo depois.

Ele entra, e as portas são travadas em poucos segundos. Um sinal de alerta dispara em mim, e meu coração acelera. Isso não parece bom. Nem um pouco...

- Cassandra... namorou com Eliot por um bom tempo, não é?

- Sim, senhor. – Dou um sorriso amarelo. – Mas terminamos.

- Eu sei disso, ele ficou bastante decepcionado depois que vocês terminaram. – Ele me olha como se soubesse todos os meus pecados, e juro por Deus que torço para que não saiba. – Deu muito trabalho.

- É? Eu não tive muito contato com ele depois do término, só nos falamos algumas vezes na universidade.

- Ele gostava muito de você. – John segura uma mecha do meu cabelo e a enrola entre os dedos.

- Eu... também gostava dele, senhor.

- E não sabia que ele desapareceu? – Sua pergunta me atinge em cheio, e tento ao máximo não transparecer.

- Pensei que ele tivesse ido embora. Como assim desapareceu? Para onde ele foi?

- É isso o que eu quero saber, Cassandra. – Ele sorri para mim, e seu sorriso nojento me dá náuseas. – Te chamei porque pensei que soubesse de algo. Você era próxima dele, não consigo pensar em mais ninguém.

Engulo seco. Minhas mãos ficam frias, não porque tenho certeza de que ele não vai acreditar em minha mentira, mas porque tenho medo de que ele faça algo comigo.

- Se eu souber de algo, te aviso. – Fico surpresa por minha voz sair calma. Olho para ele.

- Eu agradeceria, Cassie.

As portas são destrancadas, e não perco tempo. Abro e saio do carro, sentindo minhas pernas bambas. Fecho a porta e ele abre o vidro, colocando sua mão para fora com um cartão de visitas nela. Eu pego, mesmo sabendo que nunca vou ligar para esse número na minha vida. Aceno com a cabeça, e o carro dá partida.

OBSESSIVE - VINNIE HACKERWhere stories live. Discover now