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  Já era a décima vez que Eliot me ligava, ignorei todas as suas ligações e mensagens, mas ele não para de insistir. Estou decidida a falar com ele amanhã antes da minha primeira aula, quero resolver isso logo e focar nas minhas coisas.

Se ele pensa que vou voltar com ele depois de ter sido corna, ele tá muito enganado. Tenho um carinho enorme por ele, por tudo o que já vivemos como amigos e até como namorados, mas essa relação só rouba meu tempo.

Suspiro e olho para o teto do quarto. Já passava das duas da manhã e eu ainda não dormi. Minha cabeça está cheia de problemas. Me sinto sobrecarregada, ter que trabalhar e estudar é cansativo a beça, mas não tenho opção.

Volta ou outra meus pensamentos me levam até um certo loiro tatuado. Não sei o que ele faz, muito menos quem é, mas eu gosto dele. Acho amigável, e... muito bonito, bonito pra caralho. Reviro meus olhos e um sorriso toma forma no meu rosto.

[...]

- Por que não me tira da cabeça, cassie? -  Ele sussurra olhando diretamente pra mim.

- Eu não sei. - Falo arrastado e sinto um de seus dedos entrando em mim. Um gemido rouco sai pelos meus lábios e eu fecho meus olhos.

- Quer que eu te coma? - Vinnie fala no meu ouvido.

Não consigo responder. Meu corpo inteiro queima por ele, mas nenhuma palavra sai da minha boca. Eu o quero, quero tudo dele.

- Cassie, responda. - Ele manda.

Acordo assustada e totalmente suada. Que merda de sonho foi esse? levanto e vou para o banheiro tirando minha roupa. Entro em baixo da água gelada esperando que o frio traga minha consciência de volta.

Eu devo estar ficando louca, acho que o cansaço me venceu e finalmente vou pra um hospício. Balanço minha cabeça em negação. Nem conheço o cara direito e tive um sonho desses? se ele soubesse disso eu seria taxada de tarada.

Termino meu banho e volto para o quarto. Já era 7 da manhã, preciso me arrumar e ir direto pra aula.

Assim que chego no campus sou recebida por Eliot. Eu poderia reclamar, mas eu já estava querendo falar com ele, isso só me poupou de ir atrás dele.

- Oi, Eliot. - Sorrio forçado e paro na sua frente. Ele parece abalado, mas não acho que seja por minha causa.

- Cassie. - Ele se aproxima e me abraça. Não quero parecer grossa então eu deixo.

- Podemos ir até a biblioteca? acho que precisamos conversar. - Empurro ele de leve e começo a andar.

- Ok. - Ele fala e me segue. Um embrulho se forma no meu estômago, eu odeio ter conversas desse tipo, prefiro fingir que nada aconteceu.

A biblioteca está quase vazia, tem apenas um grupo de garotas que com certeza não estão lendo nada e sim falando da vida de algum azarado.

- Então. - Me sento em uma cadeira e cruzo meus braços. Eliot olha pra mim e se senta na cadeira da minha frente.

- Nós terminamos?

- Pensei que estivesse óbvio. - Seu semblante me diz que não gostou muito da minha resposta.

- Quem era aquele cara no corredor?

- Eu me pergunto o mesmo. Não conheço ele. - Suspiro. Não aguento mais essa conversa.

- Tem certeza? se eu souber que ele já fez algo com você eu vo-

- A única pessoa que fez algo comigo foi você, você me traiu! Não vamos transformar essa conversa em uma briga, por favor. Se você quiser podemos tentar ser amigos novamente, não como era antes, mas... amigos. Não posso te dar nada além disso. Eu confiava muito em você, Eliot. - Sinto lágrimas formarem nos meus olhos e respiro fundo. Odeio parecer fraca.

- Desculpa, de verdade. Eu... deveria ter sido melhor pra você. - Ele passa a mão entre os cabelos. - Vamos ser amigos, é isso. Prometo tentar melhorar.

Sorrio pra ele. Eu gosto muito de Eliot, não quero corta-lo totalmente da minha vida.

- Ótimo. Eu te vejo por aí. - Levanto e saio da biblioteca sem esperar ele me responder.

Vi três aulas completamente tediantes e resolvi ir até a cantina comer alguma coisa, visto que não almocei hoje.

Pego um sanduíche de peru e uma garrafinha de suco. Olho ao redor procurando por uma cadeira e meus olhos se encontram com o de Vinnie. Ele estava sentado em uma das mesas me encarando. Sinto meu rosto esquentar ao lembrar do sonho que tive pela manhã. Que droga.

Vinnie levanta o braço e me chama pra se sentar com ele. Penso um pouco, mas meu corpo é mais rápido e já estou na mesa com ele.

- Olá, Cassie. - Ele sorri e dá um gole no seu energético.

- Oi, hacker. A gente tá se vendo mais do que o esperado. - Falo dando uma mordida no meu sanduíche.

- Pode me chamar de Vinnie. Pois é, isso te preocupa? tem medo que eu julgue o seu desabafo como um conhecido faria?

- Pra falar a verdade, não me importo mais. - Dou de ombros. - Você pode achar o que quiser, não vai mudar nada na minha vida. Acho que cheguei naquela fase que nada mais importa, sabe? só quero viver em paz.

Vinnie me observava como se quisesse ler meus pensamentos. Agradeço por isso não ser possível, se não ele saberia do meu sonho.

- É assim que tem que ser, gostei de ver. - Ele apoia o rosto nas mãos e fica me encarando.

- O que foi? - Passo a mão na boca para limpar caso tivesse alguma sujeira. - Você tá me olhando demais.

Ele ri. - Você é muito bonita, por isso estou olhando. - Sinto meu rosto corar e desvio o olhar. Não sei reagir a elogios.

- Obrigada, eu acho. - Tento sorrir, mas aposto que saiu uma careta horrorosa. - Você também é.

- Me acha bonito? - Ele pergunta sério. Claro que acho, bonito é eufemismo, mas homens bonitos não precisam saber que são bonitos.

- Não, foi só por educação mesmo. - Falo e dou uma risadinha ao ver o choque em seu rosto. Aposto que ninguém contrariou a beleza dele.

- Bobona. - Ele reclama. - Você vai participar da festa de amanhã?

- Como você sabe da festa? pensei que era só um investidor.

Amanhã a noite os veteranos vão fazer uma festa para os calouros, já virou tradição daqui. Sempre acontece na fraternidade e aparece gente de todo buraco.

- E eu sou, mas se você não percebeu. Tenho passado mais tempo por aqui, estou fazendo um projeto com o diretor.

- Ah, faz sentido. - As vezes esqueço dos milhares de projetos que tem por aqui. - Eu vou, é bom se distrair. Você vai? quer dizer, talvez você não esteja mais na idade pra isso.

- Não é só porquê já tenho uma carreira que sou velho, tenho só 23 anos. - Ele fala sarcástico, acho que não gostou do meu comentário. - Aliás, quantos anos você tem?

- Tenho 18. - Na minha cabeça com 24 anos a gente tá idoso e não pode fazer mais nada.

- Bom, espero ver você na festa. Tenho que ir embora agora. - Ele levanta da cadeira e passa por mim depois de falar.

A festa se tornou mais interessante pra mim a partir do momento em que ele disse que iria. Isso não quer dizer que eu estou afim. Só quero saber mais sobre ele e eu vou saber amanhã à noite.





 

OBSESSIVE - VINNIE HACKERحيث تعيش القصص. اكتشف الآن