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Tomo o tão desejável banho na banheira. Ele estava certo quando disse que eu gostava dela, me fez até pensar na possibilidade de comprar uma mesmo não tendo um real no bolso.

Entro no closet de Vinnie à procura de uma roupa, tem tantas. Ele é o tipo de cara que organiza tudo por cor. É estranho e ao mesmo tempo satisfatório. Decido vestir uma blusa verde e uma das suas cuecas box que fica como um short pra mim.

Quando estou saindo do quarto avisto um porta-retrato na mesa de cabeceira e como sou curiosa não perco a chance de ver a foto. A foto tem toda a sua família, incluindo ele. Não consigo segurar o sorriso que se forma no meu rosto, Vinnie tem uma família linda e parece amar muito eles, é bonito de se ver.

Escuto meu nome ser chamado. Creio que demorei muito aqui, ele já deve estar sem paciência.

- Demorei? - Pergunto assim que chego na sala, o loiro resolveu colocar a comida na mesinha do sofá ao invés de fazer isso na cozinha, interessante.

- Um pouco. - Responde me olhando de cima à baixo. - Fica linda de verde.

- ah, obrigada. - Agradeço. Talvez eu esteja bonita porquê a roupa é dele e tudo o que é dele é bonito. - O que você comprou? - Pergunto. Me sento no chão de frente pra mesa e com as costas no sofá. Ele faz o mesmo.

- Comida chinesa, você gosta? - Ele me olha. Como sempre tem comida demais pra duas pessoas, ele nunca vai parar de fazer isso.

- Não comi muito pra ter uma opinião. - Ele fica surpreso ao ouvir, mas é verdade. Tenho medo de gastar dinheiro com uma comida e ser ruim, logo não me arrisco muito.

- Então vai comer agora, recomendo que comece por esses. - O loiro coloca alguns sushis na minha frente.

- Você tem problemas em pedir a quantidade certa de comida? - Coloco um dos sushis na boca. Pra minha surpresa é bom.

- Gosto de te ver bem alimentada.

- Gosta que eu tome banho, que eu coma bem... - Viro pra ele. - Você é estranho.

- Você é mais do que eu, pode apostar. - Vinnie pega um tipo diferente de sushi com os hashis e coloca na minha boca. Horrível, me dá ânsia pelo gosto ruim. Pego um papel e cuspo fazendo uma cara feia.

- Que horror, o que tinha aqui? - Dou um gole no suco.

- Salmão. - Ele responde rindo. - Sua cara foi impagável.

- Prefiro comer aquelas comidas de rua que a gente não sabe a origem da carne.

O sorriso de Vinnie desaparece do nada.  Falei algo errado?

- O que foi? - Pergunto preocupada e ele coloca a mão no meu joelho suspirando.

- Acha que pode estar grávida? sei que a gente só transou uma vez, mas me veio a dúvida agora. - Pensei que nunca falariamos sobre o que aconteceu, muito menos dessa forma. Sua voz tem muita preocupação. Sua mente deve estar em combustão, pobre Vinnie.

- Não, o seu sushi que é ruim mesmo. Sinto muito. - Falo sorrindo.

- Como pode ter tanta certeza? - O loiro não parece acreditar nas minhas palavras.

- Vinnie... - Limpo a garganta antes de falar. - Não posso ter filhos, não precisa se preocupar com isso. Você não vai ser pai dos meus filhos, principalmente porque eles não vão existir. - Se essa conversa rolasse há alguns anos, eu com certeza choraria, mas com o tempo aprendi a lidar melhor.

- Cass... Eu sinto muito, não sabia. - Ele me puxa pra perto e me abraça. - Porra, você só tem 18 anos. Deve ter sido uma barra descobrir isso.

- Tá tudo bem. - Respiro fundo sentindo o seu perfume. Poderia passar horas, até dias nos seus braços e não me cansaria. - Mas o seu sushi continua sendo ruim.

- Boba. - Ele ri. - Tem algo que você vai gostar. - Me solta, mas fico com a cabeça apoiada em seu ombro. Vinnie pega uma embalagem e quando abre vejo uma torta de morango. Isso eu posso ter certeza que gosto. Ele dá uma garfada e coloca na frente da minha boca esperando que eu abra pra ele, faço exatamente o que ele quer. O gosto é perfeito, morango nunca fica ruim em nenhuma receita.

- Posso provar? - Ele pergunta. Faço que sim com a cabeça, mas ele faz algo que eu não esperava. Vinnie se aproxima de mim e passa a língua sobre meus lábios, em seguida me dá um beijo suave. - Tá muito gostoso.

- Não faça isso... - Sussurro balançando a cabeça.

- O que?

- Não me faça gostar de você. Não vai dar certo. - A questão é que já gosto. Posso mentir pra ele, mas não posso mentir pra mim mesma. Só não posso deixar que isso se torne algo maior, não vou deixar.

Ele me olha em silêncio durante alguns segundos. - Certo. O que quer que eu faça?

- Vamos ser amigos. - Dou de ombros. - Podemos fazer isso?

- Sem beijos, sem nada? - Pergunta com o rosto franzido.

- É, só amigos. - Tenho vontade de voltar atrás com tudo que disse no mesmo segundo.

- Posso te beijar uma última vez? - Ele diz e eu sorrio. Sei que ele também sente algo à mais, mas não posso me permitir passar por isso de novo.

- Pode. - Murmuro olhando para os seus lábios. Ele vem até mim e me dá um beijo cheio de carinho com suas mãos segurando meu rosto. Como posso fugir disso? Encostamos nossas testas após o beijo e ficamos nos olhando por um tempo.

- Vai dormir aqui hoje? - Ele pergunta. Amigos dormem com os outros, certo? eu durmo sempre com o Mason, acho que não tem problema.

- Sim. Vamos pra cama. - Levanto e ofereço minha mão para que ele venha comigo. Vamos até o quarto juntos. Me jogo na sua cama macia e suspiro. - Já viu sua mãe?

- Ainda não. - Ele responde deitando ao meu lado. Me cobre com o lençol cuidadosamente e vira seu rosto para o teto. - Tô dando a desculpa de que estou ocupado com o trabalho.

- Não parece mais que você esteve em uma briga. - Falo olhando seu corpo. - É melhor ver ela.

- Eu vou. - Murmura fechando os olhos.

- Certo. - Beijo sua bochecha. - Boa noite, pela manhã já não estarei aqui.

- Vai embora? - Ele abre os olhos no mesmo segundo.

- Claro. Tenho que ir pra casa. - Nós dois rimos e depois de alguns minutos acabamos adormecendo um no braço do outro.

OBSESSIVE - VINNIE HACKERWhere stories live. Discover now