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Entro na lanchonete, é aqui que trabalho durante o dia. Eu tenho um auxílio estudantil, mas infelizmente não é o suficiente pra cobrir todas as minhas despesas, então eu tive que dar o meu jeito.

Coloco meu avental verde e começo a atender os clientes. A maioria das pessoas que comem aqui são idosos, clientes fixos, adoro eles.

- Olá, betty! o que vai querer hoje? - Pergunto à uma senhora, uma das minhas melhores clientes. Todos os dias ela está aqui, sem falta.

- Oi, querida. Pode me trazer o de sempre. - Ela diz rindo e eu sorrio pra ela. - Você está cada dia mais linda! sabia que tenho um neto da sua idade? qualquer dia vou trazer ele pra vocês se conhecerem.

- Obrigada, Betty. Vou adorar conhecê-lo. - Não sei porquê os idosos acham que só o fato de duas pessoas terem a mesma idade os tornam compatíveis, mas de certa forma é engraçado o esforço deles.

Vou até ao balcão pegar os pedidos. Rose quem prepara eles, não acho que ela desgoste de mim, mas também não acho que goste.

- Rose, a Betty quer o de sempre. - Falo pra ela, pegando uma bandeja e colocando em cima do balcão.

- E eu lá sei o que é o de sempre dela?

- Ah, ela vem aqui todos os dias, como não decorou ainda? - Suspiro. - Ela quer um chocolate quente duplo e um tiramisú.

Digamos que eu e Rose somos como o bob esponja e o lula molusco e acho que é bem óbvio quem é quem, mas vez ou outra a gente se dá bem.

Atendi várias pessoas com o mesmo sorriso no rosto e a educação que a minha mãe me deu, mesmo querendo esganar alguns dos clientes. Trabalhar com o público é complicado, você precisa de muita paciência pra não fazer uso do seu réu primário.

Rose tinha acabado de sair, a missão de fechar a lanchonete ficou comigo. Coloquei "Sweet" de cigarettes after sex para tocar enquanto eu arrumo a bagunça que ficou, assim não tenho que limpar amanhã.

O lado bom de trabalhar e estudar é que não te sobra tempo pra pensar, essa era minha intenção assim que comecei a estudar pra entrar na faculdade. Não pensar em nada. A minha vida não é ruim, tem gente bem pior por aí, mas mesmo assim eu me sinto péssima. As vezes levantar da cama é difícil, mas sei que se eu não levantar vou me sentir mais mal ainda.

Termino de limpar a última mesa e guardo as coisas. Saio da lanchonete e tranco todas as portas, me restam uma hora pra ir em casa, tomar banho e ir direto pra faculdade.

Assim que chego em casa vou direto tomar banho. Eu amo tomar banho, é o meu momento favorito do dia, ficar em baixo do chuveiro. Sinto que toda a tristeza e cansaço são levados pelo ralo.

Saio do banho e visto minha roupa, o de sempre, uma calça, blusa e tênis. Coloquei um casaco por cima, lá fora está muito frio hoje.

Chego bem à tempo de pegar o metrô, me sento na última cadeira, onde fica mais vazio e coloco meus fones de ouvido.

Me sinto ansiosa pra ir ver aula ou... ver alguém. Que bobo, parece coisa de ensino fundamental, pelo menos ele me faz não perder aula.

Vinnie é um cara interessante, tenho que admitir, com certeza não sou a única que fica pensando nele. E ele ainda beija bem, não posso esquecer disso.

Dou um sorriso ao lembrar, o metrô para onde quero descer e eu saio. Vou o resto do caminho andando, é bem pertinho.

Entro no campus e vou direto pra aula, me sento no fundo da sala, como sempre e começo a anotar. Alguns professores faltaram, então fomos liberados mais cedo.

OBSESSIVE - VINNIE HACKEROnde histórias criam vida. Descubra agora