Ouço batidas na porta e vou direto atender. O tempo que ele demorou pra chegar aqui foi o suficiente para que eu me acalmasse um pouco. Vinnie fica me encarando, provavelmente devo estar tão feia que ele perdeu a fala.
- Por que fez isso? - Pergunta fechando a porta atrás dele.
- Acho que eu precisava de mudanças. - Suspiro e dou as costas à ele voltando para o meu quarto.
- Vem cá, deixa eu ver isso direito. - Ele diz chegando perto de mim, viro pra ele.
- Se você me olhar muito eu vou chorar de novo. - Falo com a voz trêmula.
- Fecha os olhos então. - Ele passa a mão nos meus olhos me fazendo fecha-los.
- Não tá ruim, pequena. - Sinto suas mãos tocando meu cabelo. - Eu posso arrumar, se você quiser.
Faço que sim com a cabeça. Não é possível que ele deixe pior do que está.
- Onde está a tesoura? - Pergunta. Eu aponto para o banheiro e ele me empurra até lá, me faz sentar em um banquinho e pega a tesoura.
- Só não destrói ele mais ainda, ok? - Falo triste.
- Não vou. - Sinto ele cortando meu cabelo e um frio se forma na minha barriga. - Por que decidiu que iria cortar o cabelo sozinha? ainda mais essa hora.
- Por nada... - Murmuro. - Não sabia que você era cabeleireiro.
- Eu costumava cortar o cabelo do meu pai quando ele ainda tinha. - Sorrio fraco ao escutar, espero não ficar careca igual o pai dele.
Fecho meus olhos respirando fundo. O peso do mundo inteiro parecia estar nas minhas costas nesse momento e não sei se sou muito forte pra carrega-lo.
- Terminei. - Vinnie diz depois de alguns minutos. Levanto e vou até o espelho ver como ficou. Ele fez um verdadeiro milagre.
- Ficou legal. - Falo passando a mão entre os fios agora curtos, ele deixou meu cabelo na altura do ombro. A merda que fiz antes foi muito grande.
- Você ficaria linda até sem cabelo. - Diz ele me olhando através do espelho. - Mas porquê ainda parece desanimada?
Abaixo a cabeça, não quero olha-lo. Me sinto exposta de alguma forma. Vinnie se aproxima e me abraça por trás. Isso foi o ápice pra mim, não consigo segurar e acabo chorando mais uma vez.
- Meu pai morreu. - Sussurro. Ele me aperta com mais força e beija meu ombro.
- Eu sinto muito. - O loiro anda abraçado comigo até a cama e me senta ali, logo se senta ao meu lado me puxando para os seus braços mais uma vez.
- Não sei se estou triste pelo fato dele ter morrido. - Sinto suas mãos acariciando meus cabelos. - Ele não era um bom pai, muito menos um bom marido. Passei metade da minha vida implorando para que ele me amasse e a outra metade jurando odia-lo para sempre. - Fecho meus olhos sentindo que à cada palavra o peso diminuía.
- Fala mais, tô aqui pra te escutar. - Vinnie diz sem parar com os carinhos.
- Eu fiz de tudo pra ser uma boa filha, alguém de quem ele se orgulharia, mas nunca fui boa o suficiente. Depois de um tempo eu só desisti. - Limpo minhas lágrimas. - Ele não me merecia, não merecia minha mãe também. Me sinto culpada por uma parte de mim ficar feliz por ele ter ido embora. Isso significa que o pesadelo acabou. - Olho pra Vinnie e vejo seu olhar de surpresa, sei que ele entendeu o que quis dizer com a parte do pesadelo.
- Seu pai... machucava vocês? - Ele pergunta com hesitação e eu apenas concordo com a cabeça.
- Será que é tão difícil me amar? - Faço a pergunta mais pra mim.
- Não, pelo contrário. É tão fácil que chega a ser assustador. - Ele sorri pra mim e tenho vontade de beija-lo. - Cassie, você merece muito mais que caridade. Merece a forma mais pura do amor, merece ser feliz. Você é a garota mais forte que já conheci, espero que saiba disso. - Ele pega uma mecha do meu cabelo. - Louca também...
Sorrio com os olhos cheios de lágrimas. - Obrigada por me fazer parar de chorar, você faz isso desde o primeiro dia que a gente se viu. - Falo e ele ri. - Preciso tomar um banho.
- Vai lá, vou arrumar a cama pra você.
Faço que sim com a cabeça e vou para o banheiro. Algumas vezes, por mais que raras, pessoas legais aparecem na nossa vida. Tomo um banho rápido e volto para o quarto, pra minha surpresa Vinnie separou até o meu pijama, que fofo!
- Vou sair do quarto pra você se trocar. - Diz ele apontando para a porta.
- Não precisa. - Não tem nada que ele não tenha visto, tiro a toalha e pego o pijama para vestir. Olho para o loiro e ele também está me olhando, desvio o olhar por vergonha e termino de vestir a roupa.
- Quer que eu vá ou fique? - Ele pergunta com as costas apoiadas na parede.
- Fica. - Vou até ele e o puxo pelos braços até a cama. - Sua cama é muito maior que a minha.
- Tô ficando desacostumado, sabia? - Vinnie e eu deitamos um virado para o outro. - Quando durmo sozinho agora é estranho, parece que falta você.
- É só me chamar, adoro sua cama. - Sorrio. - Acho que vou viajar até minha cidade natal amanhã, não posso deixar minha mãe sozinha no enterro.
- Eu vou com você.
Olho surpresa pra ele. - Sério? - Por que ele faria isso?
- Sim, se você deixar, é claro. - Ele toca meu queixo.
- Então vamos juntos! Essa não é bem o tipo de viagem que eu gostaria de te chamar. - Faço careta. - Mas quem sabe um dia não seja por um motivo melhor.
- Quem sabe um dia... - Ele sussurra.
Abraço ele sentindo seu cheiro que já guardei na mente. Hera pula na cama e fica entre nós. - Ei, olha você! - Falo acariciando sua cabeça.
- Oi, Hera. - Vinnie fala. - Espero que esteja cuidando bem da sua dona. - A gata começa a esfregar o pelo no braço de Vinnie.
- Mas que traiçoeira. - Digo olhando para Hera.
Eu e Vinnie rimos e passamos o resto da noite brincando com a gatinha.
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OBSESSIVE - VINNIE HACKER
FanfictionOnde Cassie acaba desabafando com um estranho em um bar porquê pensa que nunca mais vai vê-lo, o único problema é que ela estava completamente errada.