Capítulo 22

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Uma semana mais tarde, eu estava no elevador que ia para a cobertura de Christian no prédio Escala.

Eu ainda não havia arrumado um emprego, e mesmo que Christian tenha garantido que havia alguma que eu pudesse fazer em sua empresa, eu recusei, não queria aquela dependência, e também não queria misturar as coisas. Eu havia acordado minhas contas e estavam pagas pelos próximos dois meses, e eu também ainda receberia o salário daquele mês e o todas as contas de um ano inteiro trabalhado. Eu tinha pressa em arrumar outro emprego, claro, mas eu tinha tempo para não ter que aceitar qualquer coisa, e também estava usando meu ano concluído de faculdade para estágios.

Hyde não me procurou - graças - e eu também não precisei lidar com ele em nada. Todos questionaram minha saída, mas para a minha paz eu apenas disse que não estava mais dando fazer aquilo todos dias.

Então com toda aquela confusão da minha vida, nos últimos dias eu tinha a manhã e tarde livres, até ir para faculdade às 15h, e nesses dias Christian me levava e ia junto comigo, e também me buscava na faculdade após sair da empresa.

Eu finalmente questionei a ele sobre o porquê de usar o metro com os reles mortais quando ele tinha na garagem um carro para cada dia da semana e sua resposta foi até convincente - e olha, me fez ficar toda apaixonadinha.

_ Eu passo o dia inteiro com Rose, literalmente, e eu não tenho tempo para mais nada, e também não quero que ninguém cuide dela mais do que o necessário, o tempo que eu levo de carro é quase o mesmo de metrô, e no metrô eu não tenho que ficar concentrado na estrada dirigindo, eu posso ler o quanto eu quiser ou mexer no celular, é o meu momento de paz do dia inteiro - ele falou.

Ele economizava uma boa meia hora com o carro, e na última semana disse que preferia usá-lo porque o tempo dentro dele agora era comigo e valia a pena.

Nós estávamos indo bem, devagar, mas muito bem. Com meu tempo livre de manhã, nós nos vimos todos os dias da semana a tarde, passávamos um tempo juntos antes de eu ir para a faculdade e ele para a empresa.

Era sábado, e eu havia combinado de passar o tempo com Kate antes de ir para a biblioteca, porém Christian me ligou assim que acordei me pedindo para ir até ele e eu sabia que ele não pediria se não fosse sério.

As portas se abriram direto no hall de entrada da cobertura, e eu dei e cara com Christian empurrando o carrinho de Rose de um lado a outro, provavelmente tentando fazê-la dormir.

Eu joguei minha mochila no chão e segui para ele.

_ Oi, linda - ele falou, baixando a cabeça para beijar meus lábios.

_ O bebê primeiro - falei rápido, desviando dele e já esticando as mãos.

Eu me abaixei para poder beijar Rose, e ele bufou enquanto eu a pegava no colo. Eu podia jurar que ela estava mais pesada do que da primeira vez que eu a peguei, e deveria mesmo porque a pequena havia começado a comer refeições agora e era a coisa mais linda do mundo e também o meu mais novo papel de parede do celular.

Rose riu quando eu a peguei e abracei, apertando suas bochechas com meus beijos.

_ Você está tão linda! - exclamei, observando suas duas chuquinhas no cabelo e o sorrisinho de dois dentinhos embaixo e em cima.

Christian sempre colocava dois elásticos em sua cabeça porque seu cabelo era grande e ia até os olhos, eu dei a ideia de cortas, mas ele parecia perto de ter uma síncope só com o pensamento.

_ E tão cheirosa! - comentei enquanto lhe dava um cheiro no pescoço, causando uma gargalhada nela por provavelmente sentir cócegas.

_ Eu também estou, só para você saber - Christian comentou de forma divertida, os braços cruzados enquanto olhava minha interação com Rose.

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