Capítulo 16

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Linda.

Christian não tinha o direito de me chamar daquela forma, ele não podia me fazer desmoronar quando eu me recusei a me sentir mal.

Meus olhos se embaçaram e minha garganta doeu com o nó.

Eu me virei para ele, puxando meu braço para que ele parasse de me tocar.

_ Christian - suspirei. - Eu sei que estou errada, eu deveria ter contado, eu nunca quis que você se sentisse mal. Mas você também fez isso comigo, e eu não quero lidar com nada agora. Eu disse que não precisava se preocupar comigo e eu gostaria muito que fizesse o que eu pedi.

Foi difícil falar, doeu como um inferno minha garganta e minhas palavras foram atropeladas e falhas, mas nenhuma lágrima escorreu. Eu só desconfiava, que no momento em que eu me virasse, no momento em que Christian percebesse que podia mesmo só desistir de mim e o fizesse, eu sentiria. Sentiria a avalanche que eu estava impedindo de me atingir desde segunda, a droga da inundação em meu corpo que seria os caquinhos do meu coração se revirando dentro de mim.

Eu tinha tanto medo daquilo. Eu tinha medo de sofrer, tinha medo de me deprimir, de sentir o lado feio do amor. Talvez por aquele motivo as pessoas o evitavam tanto, o risco que ele nos dava parecia maior do que a sua felicidade em si.

_ Me da uma chance - ele pediu, se aproximando ainda mais de mim. - Só uma chance e eu prometo que...

_ O que? Promete tudo o que eu achei que você tinha prometido antes, mas agora vai ser com palavras? Para que? Para na primeira coisa errada que eu fizer você jogar a minha idade na minha cara e usar ela como desculpa para dar para trás?

Ele suspirou, me surpreendendo ao não se irritar com a minha explosão e apenas tocando em meu rosto, levando o polegar para baixo dos meus olhos e então eu percebi que havia escorrido algumas lágrimas.

Eu me afastei dele, fechando os olhos com força e expulsando as lágrimas que viriam, logo limpando o rosto.

_ Para, tá bem? Eu não quero isso, não quero chorar por causa do que eu sinto, não quero ter que passar por tudo isso - pedi. - Só me deixa em paz. Eu não entendo o que você está fazendo, você disse que não me queria, e eu não estou insistindo. Então não insista em mim também.

Christian voltou a tocar em meu rosto, parecendo incomodado com o fato de mais lágrimas em minhas bochechas, as limpando dali.

E o cheiro dele me invadia e me fazia começar a sentir demais por ele, e eu estava chegando ao limite, naquela linha tênue que eu estava fingindo nos últimos dias.

_ Eu nunca disse que não te queria, Anastasia - ele sussurrou. - Eu nunca mentiria desse jeito. Eu só quero conversar, por favor. Se você não quiser me ver nunca mais eu vou entender, e eu juro que não vou mais te procurar, mas me dá uma chance. Só uma chance... me deixa conversar com você. Nem precisa falar, só me ouvir.

Ele beijou minha testa, segurando meu rosto e minhas bochechas vermelhas.

_ Nunca quis te fazer chorar, meu anjo. Eu passei os últimos dias pensando na nossa discussão, e tudo o que eu queria fazer era desesperadamente te pedir desculpas - ele sussurrou. - Eu sinto muito, de verdade. Eu fui tão babaca com você, e tudo o que eu disse, o que fiz... Me desculpa, por favor.

Não era uma guerra, não uma batalha, eu não estava lutando contra nada, mas me via cedendo e desistindo ao ter Christian daquela forma. Eu via como ele estava arrependido. E eu queria dizer que não tinha necessidade em pedir desculpas por que eu não achava que ele errou, mas entendia que ele havia me machucado mesmo sem intensão.

_ Ana? - alguém chamou.

Eu me afastei de Christian e limpei o rosto com a manhã do roupão, observando Taylor se aproximando de nós.

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