Capítulo 17

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Eu levei os pés até o banco e abracei minhas pernas, mantendo minha cabeça nos joelhos, virada para a janela enquanto Christian dirigia devagar.

Eu sequer exatamente porque estava chorando, as lágrimas silenciosas escorriam por meu rosto de forma constante e meu nariz estava entupido.

Ele não me fez mais perguntas, e havia pelo menos vinte minutos inteiros se passado. Com o trânsito de Seattle de uma quinta feira, era de se esperar que demoraria mais.

Eu me sentia sufocada com tudo o que sentia, era estranho. A última semana já havia sido complicada, eu havia reprimido demais, e de repente as coisas só transbordaram. Mesmo que havia sido completamente diferente as situações, de alguma forma, dentro de mim, era como se elas se cruzassem, tudo me fazia ir ao limite, tudo fazia eu ter pensamentos demais, sentimentos demais, e tudo era intenso demais. Não tinha como simplesmente continuar empurrando com a barriga, e achar que algum dia tudo iria desaparecer de repente.

Aquilo não iria desaparecer.

Não aquilo.

Mesmo na meia luz do carro, eu encarava a marca arroxeada em meu pulso. A forma preocupada que Christian estava, eu apenas mantive longe de sua visão, mas foi impossível manter da minha também. Eu a encarava o tempo todo, e ela doía lá no meu coração.

Uma noite.

Uma noite comigo era o que ele queria.

Como se eu não fosse o suficiente para mais do que isso, como se nunca fosse passar por sua cabeça que eu poderia valer mais.

Eu sabia que não tinha nem um terço a ver com a situação com Christian, mas de alguma forma eu não conseguia parar de pensar sobre ele também, sobre como ele parecia querer exatamente a mesma coisa comigo, era como se ele apenas houvesse sido gentil e menos direto.

Era desagradável e doía, de uma forma que não dava para ser visto a olho nu, e talvez fosse até bastante exagerado, talvez fosse drama, mas eu implorava que tivesse fim logo aquela sensação ruim.

Eu funguei novamente, passando a mão pelo nariz e a outra pelo rosto. Senti o carro parar, e franzi o cenho porque havia sido rápido demais para estar em casa, mas então percebi que apenas havíamos parado num estacionamento público em um posto de gasolina.

Eu queria dizer se podíamos ir mais rápido, mas não era meu direito exigir algo naquele momento.

_ Ana - Christian chamou, e eu ouvi o barulho de seu cinto de segurança sendo retirado e então ele estava mais perto de mim. - Não consigo continuar me concentrando em dirigir e te ouvir chorando desse jeito. Você pode, por favor, me dizer o que fazer?

Seu tom era suplicante e muito calma, como se ele estivesse com medo de me assustar e também de dizer a coisa errada. Não era culpa dele, e eu até me senti mal em como ele estava se esforçando para me fazer sentir bem, mas eu também não sabia o que eu precisava.

Inspirando o ar profundamente, me virei para ele, dando de ombros.

Ele tocou em meu cabelo, tirando do meu rosto para conseguir me enxergar através dele.

_ Eu não sei o que aconteceu, não sei se foi alguém ou algo, se foram palavras ou físico, mas eu prometo que você está segura agora - ele sussurrou e sua mão não deixou meu cabelo, o acariciando delicadamente. - Tudo bem se não quer falar, mas eu não sei o que fazer com você, não sei do que você precisa.

Eu assenti com a cabeça, mostrando que o entendia, e um pouco hesitante, ele aproximou o rosto para poder deixar um beijo em minha testa.

_ Quero ficar sozinha - respondi quase em silêncio.

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