Capítulo 10

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Calliope estava completamente apaixonada.

Isso não acontecia há anos, estava inquieta a maior parte do tempo.

Amava as sensações. Gostava do prazer de sentir algo novo, gostava dos sentimentos bons dentro do seu peito e gostava de compartilhá-los, quando eram bons.

Quando os sentimentos não eram bons ela os guardava, jamais magoaria alguém por causa do que acontecia dentro de si.

Ela gostava de correr, numa tentativa de canalizar o que sentia. Quando o dia era mega cheio, ela corria em casa, na esteira que ganhou de presente de aniversário de Mark e quando tinha tempo ela corria na praça próximo a sua casa.

Se sentia invencível, inexplicável o que a dopamina fazia com o seu corpo.

Quando levou Sofia para a escola, mal podia esperar para ver Arizona. Parecia que havia acabado de correr sete quilômetros: coração acelerado, respiração dificultosa, sudorese.

— Olá, Sofia! Bom dia — Arizona se abaixou, depositando um beijinho na bochecha da pequena, igual estava fazendo com cada aluno que passava pela sua porta.

A pequena retribuiu com um abraço e correu para dentro, deixando a mãe e a professora a sós.

— Oi — Calliope a cumprimentou, percebendo, só então, que havia prendido a respiração. Respirou aliviada quando a loira sorriu.

— Oi, Callie — ela se inclinou para abraçá-la.

— Não parei de pensar em você — a médica sussurrou, ao abraçá-la.

— Eu também não, aliás... já podemos marcar outro encontro? Por favor — Arizona tinha os olhinhos brilhando e sentia suas bochechas esquentarem.

— Com certeza, posso te mandar uma mensagem ou ligar para confirmar...preciso verificar minha agenda — Callie fez uma carinha triste irresistível.

— Ah, sim... Claro. Irei aguardar — Arizona despediu-se de Callie, a médica segurou sua mão delicadamente, soltando os dedos um por um ao afastar-se.

Quando Arizona entrou na sala e fechou a porta atrás de si, teve dificuldade para recapitular o último assunto, estava abobada e rindo a toa. O tempo até passou rápido. Vez ou outra ela se pegava analisando Sofia, queria identificar traços de Callie e com certeza os olhos eram dela. A loira os havia fitado tempo o suficiente para memorizar até a formava como eles piscavam algumas vezes a mais quando a médica ficava tímida.

Ela queria se entregar para Callie, de corpo e alma. Sabia que ela era a pessoa para ter por perto porque ela trazia paz para o seu caos e a fazia se sentir única mesmo que estivessem cercadas de pessoas igualmente boas e incríveis. Mas algo em si a fazia acreditar que estava completamente equivocada e precipitada.

Ao mesmo tempo em que queria avançar todos os sinais, ela sabia que o caminho não era bem por aí. Além disso, ela gostava de inícios: a inquietação ao esperar uma mensagem ou ligação, o desejo de querer que os dias passem depressa só para ver a pessoa, ou a incerteza terrível, assustadora e deliciosa de não saber se se pertencem, mas de saberem que se desejam e que estão ali uma para a outra.

Na hora da saída Mark que foi buscar Sofia, para a tristeza de Arizona que contava os segundos para vê-la novamente, mesmo que por alguns minutos.

— A Callie pediu para que eu lhe entregasse isso — Mark estendeu a mão, revelando um envelope branco.

— Obrigada, Mark — agradeceu, em seguida despediu-se de Sofia com um abraço.

Depois que todas as crianças foram embora, Arizona sentou-se a sua mesa e abriu o envelope, retirando o papel beje de dentro:

Minha querida Arizona,

Esqueci meu celular em casa e sei que, se pedisse, Mark o pegaria para mim, mas gosto da ideia de você segurar o papel por onde minha mão passou, deixando a minha letra ridícula pelo caminho.

Arizona fez uma pausa, se perguntando o porquê de ela achar a própria letra ridícula. Sem sombra de dúvida, a letra de Calliope era linda, considerando que ela era médica e, bem... sabemos que as letras dos médicos são famosas por serem indecifráveis e feias, ridículas com certeza.

Gostou da forma como ela começou a carta, para falar a verdade, ela amou. Pensar em ser algo para Calliope fazia um nervosismo gostoso percorrer todo o seu corpo, ler a médica afirmando que de fato ela era dela, fazia a loira querer ir ao céu e voltar várias vezes. A sensação era de que estava andando em nuvens.

Eu estou me perguntando o que você fez comigo. É muito desesperador não querer nem dormir só para conseguir pensar em você por mais tempo? É uma pena que a gente não consiga escolher com o que iremos sonhar enquanto dormimos. Quando era criança eu achava que podia escolher e sempre pensava e pedia para sonhar com sorvetes minutos antes de adormecer. É claro que não acontecia. Se eu pudesse escolher com o que sonharia, certamente seria você, pelo menos minha mente não perderia nenhum minuto pensando em outra coisa se não em Arizona Robbins.

A loira tirou os olhos da carta porque estava com as bochechas doloridas, só então percebeu que a leu com um sorriso de orelha a orelha. Essa havia sido a coisa mais fofa e gentil que alguém lhe disse em meses, talvez até em anos. Ninguém nunca havia lhe dito nada tão meigo, nem mesmo Lauren, a mulher que ela amou por tantos anos.

Espero vê-la em breve o mais rápido possível, assim que eu puder, te mando uma mensagem, faço uma ligação, ou mando uma carta, se você tiver conseguido compreender as minhas palavras, claro (emoji com cara de tonto).

Com carinho,

Sua Callie.

Arizona ficou por alguns segundos apenas observando a caligrafia impecável da médica que vinha arrancando suspiros seus. Se ela havia gostado de Calliope tê-la chamado de “Minha querida", ler, no final da carta, “Sua Callie”  havia deixado seu coração quentinho e o peito transbordando de um sentimento ainda desconhecido. Com as pontinhas dos dedos ela deslizou pela folha por onde a mão da médica havia percorrido.

Olhou o relógio, tinha quarenta minutos até chegar ao hospital e encontrar Lauren e Tim para irem almoçar juntos.

Não era sempre, mas pelo menos duas vezes na semana os três saíam juntos para almoçar no restaurante favorito de Tim. Arizona amava vê-lo todo feliz e saltitante ao passar pela recepção do restaurante. Ele era reconhecido por todos os funcionários, sem excessão.

Antes de arrumar suas coisas para ir encontrá-los, ela lembrou-se de também escrever algo para Callie. Quando terminou, ela colocou em um dos envelopes guardados em seu armário e o guardou em sua bolsa.

[...]

Arizona estava na recepção do Grey Sloan. É claro que não a veria. No monitor estava o nome da Dra. Calliope Torres (em cirugia) . A loira se certificou de que sua carta chegaria às mãos dela. Se perguntou algumas vezes, enquanto esperava Tim e Lauren, se Calliope estava cem por cento concentrada em sua cirurgia, torceu para que, pelo menos naquele momento, ela mesma não estivesse invadindo os pensamentos da médica.

Quando Tim chegou, ele se conteve para não pular no colo dela, ao invés disso, agarrou o pescoço de Arizona, quando a mesma se inclinou.

Lauren tentou cumprimentá-la com um sorriso, mas a loira não fez contato visual por mais de segundos.

Em seguida se dirigiram para o carro: Lauren pensando no olhar vazio que Arizona lhe dera, Tim pensando no que iria pedir para comer e Arizona conseguindo pensar apenas em Calliope.

~.~

Olá! Espero que estejam bem e que tenham gostado do capítulo 😍

Beijinhos e se cuidem 😘

Qualquer erro será arrumado em breve!

Moments - CALZONA - CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now