Capítulo 33

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Aviso de conteúdo sensível: infertilidade, dor e menstruação, pode causar gatilhos.



Loki Laufeyson


Ana estava no banheiro trancada há alguns minutos e eu andava impaciente de um lado pro outro, enquanto ela e James conversavam pela porta.

Assim que a vi se curvar de dor, alguns instantes atrás, meu corpo inteiro estremeceu, como se estivesse sentindo o mesmo que ela.

O que doeu foi ela chamar pelo soldado, ignorando todas as ajudas que ofereci enquanto seguia até o quarto. Mas não questionei e também não invadi sua mente para descobrir o que estava pensando ou sentindo, cada vez gostava menos de fazer isso, pois das últimas vezes, vi sentimentos que me deixaram perturbado.

Ana despertava coisas em mim que nem Amora chegou perto de despertar um dia, e isso me amedrontava. Ela é, de longe, a pessoa mais incrível que já conheci. Não é frágil, não é rígida, não está destruída psicologicamente e, acima de tudo, ela gosta de mim.

Assim que pus meus olhos nessa mulher, consegui sentir o cheiro de autoconfiança, o que me deixou ainda mais interessado. Confesso que ela me lembrou Amora em alguns momentos, mas depois percebi que a parte de mim que estava atraído por ela era bem diferente da parte que um dia se atraiu por Amora.

Agora, eu estou completamente rendido, vulnerável e o pior é que não estou ligando nem um pouco pra isso.

Tive algumas dúvidas enquanto estávamos na minúscula casa do soldado, pois peguei alguns olhares dele para ela, mas, com sorte, seus pensamentos estavam sempre voltados a mim e, consequentemente, conseguia me comunicar com ela, o que nos fez criar um laço tão forte que julgo ser indestrutível.

Mas agora, quando a vi sentir dor e optar pelo soldado do que a mim, meu coração doeu. Já estava doendo apenas pelo fato dela sofrer e depois que chamou por ele, doeu mais ainda.

Vi James se afastar da porta, pegar algo na bolsa da Ana e seguir para fora do quarto, obviamente fui atrás dele.

— Ela precisa de quê? –Perguntei, quando já estávamos no corredor.

— Ela está... naqueles dias.

Minha mente clareou. Lógico, só podia ser isso.

— É claro, por isso não falou comigo. –Concluí.

James me olhou como se não entendesse o que eu disse e não me dei o trabalho de explicar.

— Vou a farmácia, você fica com ela. –Ele disse e também não esperou eu responder, pois saiu em direção a garagem.

Voltei para o quarto e sentei na cama, esperando Ana sair do banheiro. Minha vontade, era entrar no pequeno cômodo e ajuda-la, seja lá como for. Mas respeitei seu espaço, ficando super aliviado ao vê-la passar pela porta enrolada na toalha. Fiz mais esforço do que antes ao vê-la assim, olhando somente para seu rosto, pois não queria passar nenhum sentimento de desrespeito.

Levantei e dei meu braço para ela se apoiar durante o caminho até a cama. Seu cabelo estava solto, com as pontas úmidas, e assim que ela se sentou na cama, prendi ele com as mãos e conjurei um elástico para prendê-lo.

— Obrigada. –Ela falou baixinho, com a voz cansada.

Me ajoelhei a sua frente, somente para buscar seu olhar caído. Tinha a expressão cansada e suspirava com a boca entreaberta. Corri o olhar por toda sua face, apertando então meus próprios lábios ao perceber sua angústia.

Two Passions, One LoveWhere stories live. Discover now