Capítulo 61

175 19 37
                                    

Aviso de conteúdo sensível: ansiedade (pode ativar gatilhos).
Aviso de conteúdo sensível 2: linguagem sexual, insinuação e descrição de sexo.


Ana Schmidt


Utopia e distopia.

Duas palavras completamente opostas, mas que eu, arriscadamente, ouso usar para tentar explicar a maneira com a qual estamos vivendo aqui.

Começando pela primeira, utopia, pois tudo o que tem acontecido e como tem acontecido é bom. No sentido mais literal, utopia significa um lugar ou estado ideal, de completa felicidade e harmonia entre os indivíduos. Bom, harmonia nós temos. E quando falo nós, estou me referindo a Loki, Bucky e eu.

Enquanto pode parecer estranho para a maioria das pessoas, ficar num relacionamento que extrapola o limite considerado típico da quantidade de pessoas (ou seja, mais que dois), a gente encontrou um enorme conforto nele, no relacionamento, eu digo.

Porque funcionamos bem, nós três. É esquisito pensar que dá pra viver assim, mas depois de duas semanas, minha cabeça começou a funcionar para o lado da aceitação e não para o lado do receio. Loki tem ajudado bastante, porque, ao menos para ele, tudo parece na mais perfeita normalidade.

Não que eu tenha preconceitos com isso, nunca tive. No que se refere aos relacionamentos, pelo menos àqueles que a maioria pode considerar atípicos, eu nunca me privei de vive-los, meus namoros com outras mulheres são provas disso.

O receio não era bem pelo fato de sermos três pessoas, mas sim por quem são elas. Seres complexos e com suas personalidades bem definidas, mas, que de alguma forma, conseguiram se conectar e achar algum jeito de viver.

Não só conviver, mas sim viver.

Por isso a utopia, porque, cara, isso aqui é perfeito. Não temos preocupação, não temos responsabilidades que nos sugam, não temos ninguém para interferir no que somos.

Mas não posso esquecer que essa utopia acontece no espaço de tempo entre grandes eventos, eventos esses que podem ser considerados distopias, se você não levar a palavra exatamente ao pé da letra.

Porque, se formos pegar o sentido literal, seria algo como: lugar ou estado em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação. E bem, a opressão não é o que me assusta de fato, mas sim o desespero que eu sei que vou ter quando voltar para Nova Iorque e o medo de ser privada de algo que eu já me acostumei aqui.

Então, eu me encontro em algum ponto entre essas duas palavras, assim como também me encontro em algum ponto ente os ventos fortes do furacão que um dia vai chegar. Esse dia estava cada vez mais próximo.

São tantas possibilidades e o fato de talvez termos que nos separar nem é a que mais me assusta, mas sim o que pode acontecer com eles. Bucky pode ser preso e considerado um criminoso de guerra, então tenho me esforçado ao máximo para enviar relatórios que provam sua inocência sobre os assassinatos que o Soldado Invernal cometeu.

Ele e Loki também tem praticado alguns exercícios para treinar a memória e tirar o gatilho que pode ativar o Soldado, mas sem muitos avanços, porque toda vez que chegam no limite, Loki para por ter medo dele entrar em crise de novo.

Eu, com certeza, já não tenho carreira. Mesmo que isso tudo dê certo, que no final Bucky consiga a inocência, que Loki não volte para a prisão, não existe mais SHIELD para eu trabalhar, muito menos um lugar que aceite alguém que fugiu por, no mínimo, sete meses.

Mas tudo bem, porque se as consequências da liberdade do Bucky for eu perder meu diploma, eu não me importo. Não me importo porque, apesar de amar minha profissão, não é difícil encontrar outra vocação, como, por exemplo, lecionar.

Two Passions, One LoveWhere stories live. Discover now