Capítulo 11

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Ana Schmidt


Não é surpresa que eu não consegui dormir durante a noite. Fiquei rolando na cama com o pensamento em um certo Deus da Trapaça, que, com certeza, era o ser mais arrogante que já conheci na vida.

Tive bastante tempo para refletir sobre como iria seguir com a situação em que ele me colocara, assumindo que ele ainda estaria ali pela manhã. Talvez a S.H.I.E.L.D. não ligasse para eu estar abrigando um recém liberto de sua custódia e não me punisse.

Também pensei na situação com Bucky, me permitindo esquecer Loki por um período. Bucky era alguém que precisava de ajuda e, no pouco tempo em que passamos juntos, não pude mensurar o tamanho de sua angústia, mas sabia que era grande. Estava mesmo preocupada com ele, faria tudo que estivesse ao meu alcance para ajudá-lo.

Esses pensamentos me levaram a levantar da cama cedo, nos primeiros minutos de luz solar. Analisei meu pijama, que eram calças de moletom e camisa de manga comprida, devido ao frio, estava bem vestida para um eventual encontro com Loki. Sai na ponta dos pés, para não chamar sua atenção.

Entrei no banheiro e dei um sorriso fraco, comemorando minha pequena vitória, e por vitória entende-se não esbarrar em Loki nos primeiros minutos do dia. Fiz minha higiene matinal, escovando os dentes e lavando o rosto. Observei que meu espelho tinha sido polido e o box do banheiro estava bem mais limpo do que ontem, quando tomei banho para encontrar Steve. Ora, minha casa não estava imunda, mas admito que precisava de uma faxina e eu pretendia fazer isso hoje, já que era sábado e eu estava livre.

Me permiti também sorrir, enquanto secava o rosto recém lavado. Agradeci mentalmente por Loki ter feito essa gentileza, mas nunca admitiria em palavras. Eu havia feito muito mais por ele, dar uma faxina com estalar de dedos não era nada, se comparado a todos os sacrifícios que fiz por sua pessoa. Sem contar o dinheiro que gastei para lhe agradar, com aqueles livros, comidas e o relógio...

Arregalei os olhos.

O relógio!

Abri a porta bruscamente, indo para cozinha.

Loki estava sentado numa cadeira da bancada, encostado e concentrado. Respirei fundo, tentando passar imparcialidade, mas era difícil. Loki usava o mesmo terno preto da noite anterior, o qual não tinha nenhum amassado. Deduzi que teria dormido com outra roupa e vestido essa ao amanhecer, até me lembrar que ele podia facilmente ter encantado a roupa, para que ela nunca amarrotasse. Ele tinha um livro em mãos, o primeiro da coleção que comprei para lhe presentear. Levei o olhar para a mesa e a sacolinha com o relógio ainda estava fechada. Uma pequena onda de alívio passou por mim, ao perceber que ele pegara apenas os livros.

— Diga-me, comprou esses livros para mim? –Perguntou, sem desviar o olhar das páginas.

Não respondi, estava concentrada demais em por uma cápsula de café na cafeteira.

— Ana? –Ele perguntou.

Pude sentir seus olhos em minhas costas, então apenas coloquei outra cápsula de chococcino para fazer, lhe entregando a xícara que já estava pronta.

— Bom dia, Loki. –Falei, me virando pra ele, totalmente despreparada para ver aqueles malditos olhos claros.

— Vamos morrer por isso. –Loki falou, após dar um gole no café, indicando o líquido.

— Já falei que é o único açúcar que permito entrar em meu corpo. –Peguei minha xícara, me apoiando na pia.

— Compartilho do mesmo pensamento. –Falou, deixando o café na bancada, voltando a atenção para o livro.- Não imaginei que nossa primeira noite longe das câmeras seria tão... decepcionante. –Falou, sem me encarar.

Two Passions, One LoveWhere stories live. Discover now