Capítulo 67

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Ana Schmidt

A única vez que passei por uma cirurgia, foi quando criança para consertar o desvio no septo, mas eu lembro de ficar com medo antes da anestesia e de passar mal depois, por conta do sedativo. Acho que cada corpo reage de um jeito, e o meu, não estava nem um pouco confortável em ter tranquilizantes correndo na corrente sanguínea.

A luz branca do quarto do hospital ficou presa da minha memória, principalmente porque foi a primeira coisa que vi quando acordei, só que agora era diferente. Não estava claro como quando eu era criança, mas sim escuro. E eu sentia frio, não tinha as cobertas que minha mãe levou, quando ela ficou de acompanhante.

Tentei respirar fundo e me sentar, mas a dor aguda no pé da barriga impediu, então obriguei meus olhos a abrirem para encarar essa nova realidade. Como imaginei, um quarto escuro e sem janelas, bem diferente de um aposento no hospital, mas estava deitada em uma maca, com soro fluindo para minha veia por uma punção no braço. Agora, se tudo tinha dado certo, eu não sabia.

Pisquei forte e esfreguei os olhos, tentando espantar qualquer vestígio de enjoo que naturalmente o sedativo trazia. Deu certo por hora, então depois de alguns minutos, consegui sentar. O quarto estava vazio, o que me assustou, afinal, se não tinha ninguém ali, tudo podia ter dado errado e eu estava agora mesmo numa outra base da HYDRA.

Logo descartei a ideia, porque eu estava viva e a HYDRA não hesitaria um segundo em me matar.

Fui tirada dos meus devaneios por um médico engravatado, que entrou no quarto com uma prancheta na mão.

— Agente Schmidt? -Ele perguntou.

Chega me assustei, fazia tempo que não era chamada assim.

— Se eu ainda for uma agente, então sim. -Falei baixo, fazendo ele abrir um sorriso.

O senhor caminhou até mim e ajeitou os óculos no nariz enquanto lia algo na prancheta. Olhei para além dele, em direção a porta, mas não consegui enxergar bem, tudo estava escuro e minha visão não era das melhores agora. Quando mais ninguém entrou, eu suspirei frustrada.

— Eles estão na cantina, mandei que fossem comer algo depois de passar mais de dezoito horas aqui esperando. -Anunciou o médico.

— Ah... -Sorri fraco.- E quem seriam eles?

O doutor se aproximou mais da minha maca e eu me encolhi automaticamente, me assustando com sua presença.

— Calma, você tá bem agora. -Ele usou sua melhor voz tranquilizadora.- Seus amigos, eles foram para a cantina.

— Então estou num hospital? -Questionei.

Ele arqueou uma sobrancelha confuso, meio que esperando que eu já soubesse a resposta. Mas eu não sabia de nada. Depois que apaguei no colo de Thor, tudo era um completo borrão preto.

— Você disse que foram dezoito horas. -Falei.- Não sou a melhor pessoa do mundo pra falar disso, mas imagino que um ferimento à bala não deva ser tão complicado assim.

O doutor abaixou a prancheta e me olhou com compaixão, tomou fôlego para falar, mas foi impedido por alguém entrando pela porta. Ajeitei a postura na mesma hora quando vi o diretor Fury se aproximar.

Fazia tanto tempo que eu não o via, que meu corpo inteiro gelou por sua presença. Ele era meu superior, meu superior direto. Só dele estar aqui, tive certeza que estava segura, mas talvez em maus lençóis. Bom, tinha entrado numa missão secreta e mesmo que Nick soubesse parcialmente do que se tratava, não podia descartar o fato de ter fugido e sumido por meses.

Two Passions, One LoveDove le storie prendono vita. Scoprilo ora