Capítulo 29

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Ana Schmidt 


Chegamos a pequena cidade algumas horas antes de escurecer, o que foi bom, pois assim achamos a propriedade designada a nós com facilidade. A casa era grande, espaçosa e ficava localizada num bairro familiar. Tinha dois andares, uma garagem lateral e uma grama bem cuidada na frente, como se o jardineiro fizesse visitas regulares. Ri internamente com a aparência do local, vendo que não passava de uma casa tradicional americana.

Já observei toda a vizinhança, vendo que, mesmo sendo meio de semana, já tinha crianças brincando nos quintais e alguns carros nas garagens. Atraímos olhares curiosos assim que estacionei em frente à casa, procurando o controle eletrônico para abrir a garagem.

Não saímos do carro até que o portão estivesse completamente fechado e quando isso aconteceu, soltei um grande suspiro de alívio. Desembarcamos em silêncio e entramos pela porta de acesso da garagem.

A casa tinha todo o primeiro andar em conceito aberto, com uma sala de tv, de jantar, uma ampla cozinha, com bancada e ilha, e um lavabo. As escadas nos levaram à duas suítes, ambas com ar condicionado, o que eu comemorei ao ver e também um escritório. Um dos quartos era maior, então levei minha mala para lá, junto com a bolsa de dinheiro que Steve me deu e também os equipamentos, como notebook, celular e carregadores.

Assim que conectei a rede particular da casa, tive acesso a todas as câmeras da propriedade, que iam desde a entrada principal, até uma que apontava exatamente para o cofre no escritório. Cofre esse em que guardei praticamente todo o dinheiro, separando uma pequena quantia somente para fazermos compras.

Sem dar tempo do meu cérebro processar o cansaço e vendo que não tinha suprimento algum, fiz uma lista no papel mesmo, colocando itens necessários, como sabonete e papel higiênico, detergente, desinfetante e deixei para ver na hora algo para comermos.

"Quer me acompanhar para uma saída?" Chamei Loki, sem ter certeza se ele poderia me ouvir.

A resposta veio com o som de seus sapatos na cozinha, onde eu estava sentada a bancada.

— Qualquer motivo para ficar a sós com você eu aceito. –Ele falou sorrindo malicioso.

Ri de sua expressão e me levantei, entrelaçando o braço ao dele que estava estendido para mim.

Fomos de carro até primeira mercearia que avistamos, não era tão longe, apenas há duas quadras da nossa atual casa. Um comércio local, com gerência familiar, percebi no letreiro desbotado que ficava na faixada. Uma típica lojinha de bairro.

Assim que entramos, atraímos atenção da atendente no balcão, mas não sei julgar se foi pelo sino que tocou na porta, ou se foi por nossa aparência em contraste. Loki se vestia completamente de preto, inclusive pelos óculos escuros que fez materializar em seu rosto. E eu usava o maldito vestido azul rodado, com os cabelos ruivos e sapatilhas sem salto. Apesar de nossas peles serem brancas, a do Loki se destacava pela palidez, um claro sinal de que nunca tomava sol. Ele tinha uma aparência que chamava atenção e o deus não se importava nem um pouco com isso.

Peguei uma cestinha e entreguei para Loki, que me acompanhou silenciosamente enquanto eu colocava os itens da lista no recipiente. Estranhei todo esse silêncio, não havia dito mais de 5 palavras durante todo o trajeto, mas não me incomodei também, havia muita presença para que eu pudesse me importar com as palavras não ditas.

Já no balcão, a senhora rechonchuda nos cumprimentou sorridente e naquele instante, soube que se Loki não estivesse de óculos escuros, eu o teria visto revirar os olhos.

Two Passions, One LoveWhere stories live. Discover now