CAPÍTULO 25

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Erick


— Conseguiu o que eu te pedi? — pergunto, tirando o gorro e o deixando em cima da mesa.

Michael assente com a cabeça uma vez e retira algo do bolso da calça.

— Está tudo aqui, Sr. Prior. — fala, enquanto pego o pendrive.

— Obrigado, Michael. — me levanto e procuro pelo meu notebook na mala. — Pode se retirar.

— Sim, senhor.

Acho o aparelho segundos depois, escondido debaixo de algumas roupas, e o ligo. Deixo o computador sobre a cama, esperando que inicie completamente, e começo a ascender a lareira. Quando termino, me sento a beira da cama e insiro o pendrive, respirando fundo logo em seguida quando o computador reconhece o dispositivo.

Abro a pasta em que Michael criou e encaro as fotos diante da tela. Nelas, Leonard se encontra de pé de frente para Thomas e alguns outros homens, enquanto os dois estão fumando e conversando sobre algo. Tenho certeza estão longe do prédio onde Leonard mora, pois ele não seria tão idiota a ponto de ser visto com alguém como Thomas.

Mandei alguns homens ficarem de olho em Leonard a alguns meses atrás e eles sempre me enviam as fotos que conseguem e as informações que obtém. Graças a eles, sei de cada podre e cada sujeira que está impregnada no nome da empresa de Leonard e na família Clifford.

Mas, Leonard e Thomas? O que esse velho poderia querer com alguém como esse cara? Tudo que uma ladainha desse tipo pode conseguir são garotas e drogas, tudo que o velho ainda não se envolveu.

Passo o resto das fotos, vendo que ele sempre se encontrado bastante com Thomas ultimamente, mas paro quando uma finalmente me chama a atenção. Nela, agora não há apenas os dois velhotes, mas há também Jessy parada perto deles.

Engulo em seco, tendo minhas suspeitas confirmadas.

A única questão é: por que Jessy não entregou Emily a eles ainda? Talvez seja porque ela precisa da garota para continuar me ameaçando e que ameaça maior do que eu saber que Emily pode ser entrega àqueles escrotos?

Fecho os olhos e deixo escapar um suspiro, passando a mão pelo cabelo.

Ignorar ela é a parte mais difícil, principalmente quando sei que está tão perto de mim e que eu poderia facilmente tocar em sua pele macia.

Sinto meu corpo reagir no segundo em que me lembro do dia em que a levei para o meu quarto de jogos, de quando beijei seu pescoço e a provoquei e de quando perdi a minha oportunidade de fazê-la se lembrar de quando nos conhecemos.

Balanço a cabeça, tentando me livrar desses pensamentos e dessa sensação que não posso me permitir sentir.

Se Leonard e Jessy estão se envolvendo com alguém como Thomas, um babaca metido a chefão, que planos eles têm por trás disso tudo?

E se Emily estiver no meio dele?

Fecho a tela do notebook quando ouço uma batida na porta, feliz por algo me distrair desse tipo de pensamento. Em seguida, a porta se abre e sei muito bem quem é apenas por não precisar pedir permissão.

— O que você quer, Jessy? — pergunto, sem paciência, principalmente depois de ver as fotos.

— Temos o jantar, já se esqueceu? — pergunta, apesar dos olhos vermelhos e a voz fraca.

Não pergunto o que aconteceu, pois sei que qualquer ação vai fazer com que o coração dela ache que é amor, e não gentileza.

— Vou estar pronto em um minuto. — resmungo, largando o laptop na cama e me levantando. Porém, a garota continua parada no meio do quarto, me encarando com uma expressão estranha. — O que foi?

— O que você e a loirinha estavam conversando hoje de manhã? — pergunta, cruzando os braços.

— Sobre a reunião de sexta. — respondo, tentando ignorar o fato de que agora Emily sabe a verdade.

— Jura? — ela ri, um som vazio e sem emoção. — Então por que ela veio conversar comigo sobre eu estar manipulando você?

A encaro, segurando o instinto de fechar os olhos e respirar fundo ao perceber a situação em que Emily está me colocando, e passo uma mão pelo cabelo.

— Eu não sei como ela descobriu. — admito, sabendo que vai ser melhor assim.

Agora que sei que Jessy está do lado de Thomas, não posso mais vacilar e nem dar um motivo para que tire algo de mim.

— Meu pai disse algo a ela. — responde Jessy. — Depois que eu saí, eles conversaram sobre algo.

— Você sabe o que é? — pergunto, odiando o fato de que Emily ficou trancada naquele espaço pequeno com um homem como Leonard.

— Ele provavelmente a ameaçou. — responde, dando de ombros, como se fosse um comportamento completamente normal. — Talvez até mais.

— Até mais? — repito, sem conseguir esconder o nojo na minha voz, e me ocupo em procurar outro casaco na mala.

— Mas ele não faria algo assim, pelo menos não aqui.

Visto o sobretudo preto e caminho até a mesa em que estava trabalhando, guardando o gorro no bolso do casaco.

— O que está fazendo? — pergunta Jessy, franzindo as sobrancelhas.

— Nós temos que ir jantar, não? — questiono, abrindo os braços.

— Pensei que podíamos ficar uns minutinhos aqui no quarto. — sussurra, piscando os olhos docemente.

— Você sabe que seu pai não gosta quando nos atrasamos.

A expressão feliz some de seu rosto e ela abaixa a cabeça, prestando atenção nos seus pés.

Quando dou um passo em direção à porta, vejo a figura de Gabriel de pé na minha frente. Seu rosto não está dos melhores e percebo que seus olhos também estão vermelhos. Sua testa se franze quando ele me vê e seu rosto é tomado pela fúria enquanto avança contra mim.

O que você fez, seu desgraçado? — grita, agarrando a lapela do meu casaco.

— Qual é o seu problema? — me afasto dele, tirando suas mãos de mim e o encarando de cima a baixo.

O que você fez com ela? — questiona novamente, dessa vez erguendo a mão para deferir um soco.

— Do que você está falando? — desvio do golpe dele, ficando perto da porta.

Gabriel se vira na minha direção como um cachorro consumido pela raiva e corre novamente para cima de mim, fazendo Jessy soltar um grito.

Desvio novamente do soco e o prenso contra a parede, o mantendo parado com uma das mãos na sua garganta.

— Acha que pode entrar no meu quarto desse jeito e tentar me bater sem motivo? — pergunto, o encarando com a mesma intensidade.

— Você ganhou. — resmunga, se mexendo e aperto a minha mão no seu pescoço.

— O que eu ganhei, seu idiota? — questiono, cerrando a mandíbula.

— Sr. Prior! — a voz de Michael surge em meio ao corredor e ele entra rapidamente, assustado e ofegante.

— O que foi? — pergunto, me afastando de Gabriel.

Michael olha para nós dois e depois para Jessy, enquanto recupera o fôlego.

— Senhor, sinto muito em lhe dizer isso, mas Emily sumiu.

— O quê? — questiona Gabriel, enquanto sinto meu corpo travar.

— A última pessoa que a viu foi um garçom e ele disse que ela saiu correndo do hotel.

— E por que ele não a impediu? — pergunto.

— Acho que o garoto pensou que ela retornaria logo em seguida. — Michael respira fundo. — Senhor, a temperatura está caindo cada vez mais e ela ainda não retornou.

— Você tem certeza disso? — pergunto, fechando a mãos em punhos.

— Absoluta.

— Precisamos achar ela o mais rápido possível. — fala Gabriel.

Michael rebate com algum argumento lógico sobre nos perdermos enquanto tentamos encontrá-la ou o fato de acabarmos morrendo pelo frio se não sairmos preparados.

Toco no bolso da minha calça, percebendo que meu celular está ali e que não terei tempo de pegar uma lanterna.

Assim que vejo Gabriel dar um passo à frente e Michael repete o gesto em seguida para impedi-lo, eu corro para fora do quarto. Ouço os gritos de Jessy atrás de mim, mas não paro nem mesmo nos degraus.

No mesmo instante em que abro a porta para fora do hotel, sinto o frio atravessar o meu casaco e a única coisa que consigo pensar é em como Emily estava vestida. Se ela saiu usando apenas aquele casaco, enquanto sentia frio mesmo estando dentro do meu quarto, o que ela não está sofrendo aqui fora?

Olho ao redor freneticamente e depois para abaixo, percebendo as pequenas pegadas marcadas na neve, quase sumindo pela geada, e as sigo. Tiro meu celular do bolso e ligo a lanterna, observando que elas estão me levando até as pistas de esqui.

Respiro com dificuldade, sentindo o ar faltar mais rápido em meus pulmões e vendo a fumaça em que minha respiração está fazendo. Quando olho para baixo, minhas sobrancelhas se franzem e giro sob o meu calcanhar, observando as outras pegadas que parecem ter surgido.

Alguém esteve aqui.

Minha respiração falha por um momento e minhas pernas vacilam ao compreender a gravidade da situação.

— Emily! — grito, ouvindo o eco da minha voz, mas recebendo apenas o silêncio como resposta.

Passo as mãos pelo cabelo, puxando os fios com força e sinto meus olhos queimarem.

— EMILY!

Recobro minha consciência ao olhar novamente para o chão, percebendo os passos se acumularem para perto da beirada.

Eu cambaleio.

— Não...

Desço correndo a pista de esqui e ultrapasso a fita de segurança, onde as árvores começam a ficar mais densas e é impossível esquiar. Aponto a lanterna para o lugar mais próximo da queda e quase deixo o celular escapar pelos meus dedos.

O corpo dela já está coberto por uma quantidade significativa de neve e por pouco o corpo não acertou uma árvore a centímetros de distância.

Forço as minhas pernas a se moverem devido ao choque e corro até Emily, ignorando a todo custo o frio ao me ajoelhar ao seu lado. Começo a tirar a quantidade absurda de flocos de neve que estão sobre o seu corpo e sinto meus dedos congelarem já na segunda vez em que toco na neve, sem conseguir impedir de pensar se eu consegui chegar a tempo.

Quando livro o corpo dela da maior parte da neve, a puxo até ficar com a cabeça apoiada em meu ombro.

— Em? — chamo.

Toco o seu rosto e meus olhos se arregalam ao sentir a sua pele gelada, com um arrepio subindo a minha espinha ao pensar o pior.

Tiro o gorro guardado em meu bolso e o coloco nela, com as mãos tremendo tanto a ponto de eu xingar a mim mesmo por estar dificultando o trabalho. Mas o pior de tudo é saber que isso não vai ajudar tanto quanto eu gostaria.

Percebo que as pontas das orelhas dela estão ficando roxas, assim como os lábios e o nariz, e meu desespero começa a ficar fora de controle.

Passo meu braço por debaixo das pernas de Emily, pronto para erguê-la, quando noto a pedra embaixo do seu corpo. Rapidamente examino as batidas do seu coração e a respiração, notando que estão mais fracas do que o esperado.

Se eu mexer no corpo dela posso piorar a situação se houve alguma fratura, mas não posso simplesmente esperar que alguém ou algum médico apareça e me diga que é seguro movê-la. Até lá será tarde demais.

Optando pela escolha mais rápida e que, provavelmente, irei me arrepender, a pego em meus braços.

Ao longe, ouço alguém me chamar.

— Aqui! — grito. — Socorro!

Saio do meio das árvores e começo a subir a pista, afundando ainda mais na neve pelo peso extra.

Quando olho para baixo, para o corpo de Emily, meu coração para.

Ela precisa de mim.

— Você vai ficar bem. — murmuro. — Vai ficar tudo bem.

Eu respiro fundo e recobro as forças nas minhas pernas que pensei ter perdido e continuo a subir, encontrando Michael a poucos metros da pista de esqui, tentando procurar algo na escuridão.

Quando Michael me vê, seus olhos se arregalam e ele começa a correr até mim.

— Como ela está?

— Precisamos de um médico. — afirmo, sem conseguir acreditar quando ouço minha voz falhar.

— Eu já chamei por um, senhor. — fala. — Ele deve chegar daqui a pouco.

— Ok. — sussurro, arrumando o corpo frio de Emily e o trazendo para mais perto.

— Precisamos deixá-la aquecida até ele chegar.

— Vou levar ela pro meu quarto, eu ascendi a lareira antes de sair. — aviso, apressando o passo.

Encontro Jessy parada na porta do hotel e alguns hóspedes que estavam jantando logo atrás, tentando entender o que está acontecendo. Os olhos de todos se arregalam quando entro rapidamente e passo por eles, subindo as escadas com pressa e entrando no quarto.

Quando entro no quarto, Gabriel está sentando na cama com as mãos entre a cabeça. Mas no segundo em que me ouve, ele ergue a cabeça e se levanta depressa ao reconhecer o corpo de Emily.

— Ela está bem? — pergunta, enquanto a deito o mais confortável possível no colchão.

Ignoro a pergunta dele e começo a tirar meu casaco, cobrindo a parte de cima do corpo dela. Em seguida, puxo as cobertas que uso para dormir e ajeito o travesseiro. Caço mais algum cobertor no armário e o estico sobre o corpo dela, esperando que isso ajude até o quarto ficar quente pelo fogo da lareira.

— Onde ela estava? — questiona Gabriel, congelado ao lado da cama.

— Perto da pista de esqui. — respondo, pegando uma das mãos dela.

Ao lembrar das luvas em que usei para esquiar ontem e que guardei na mala, os pego e coloco em suas mãos, enquanto Gabriel me encara sem falar nada.

Quase sorrio ao ver o tamanho em que suas mãos pequenas ficaram dentro das luvas enormes.

Começo a me perguntar onde Michael está e que horas o maldito médico irá chegar, quando os vejo entrarem apressados no quarto.

O homem com cerca de 30 anos se aproxima da cama, com uma expressão cansada e de sono, enquanto me afasto para dar espaço.

— Há quanto tempo mais ou menos ela ficou na neve? — pergunta o homem, se inclinando sobre o corpo envolvido pelos cobertores.

— Em torno de 10 a 15 minutos, não sabemos ao certo. — responde Michael.

— Vamos colocar ela perto da lareira, irá ajudá-la a se recuperar mais rápido.

Me apresso em fazer o que o médico disse e espero, com Emily no colo, enquanto Michael e Gabriel arrumam alguns cobertores no chão em frente à lareira. Assim que a deito, estico o casaco e outra coberta sobre o seu corpo.

Enquanto o médico parece conversar com Michael, permaneço ajoelhado ao corpo ainda frio de Emily. Sei que Gabriel está me encarando e sei que não deveria estar agindo assim quando a namorada é dele, mas não consigo me manter longe em uma situação dessas quando eu sei que ela precisa de mim.

— Sr. Prior?

Ergo minha cabeça e observo Michael, vendo que o médico e Gabriel não estão mais no quarto.

— Sim?

— O médico disse que temos que esperar e ver se ela vai se recuperar. — ele suspira, parecendo abatido pelo que está acontecendo. — Também disse que seria bom darmos algo quente pra ela comer.

— Providencie isso. — falo, checando a lareira e depois Emily, e só ao ter certeza de que está tudo certo me levanto.

— Sim, senhor. Agora só temos que esperar. — fala Michael, e o sigo para fora do quarto.

— Essa é a pior parte. — resmungo, passando a mão pelo cabelo, enquanto ele fecha a porta atrás de nós.

Gabriel está apoiado contra o corrimão, com os braços cruzados e os olhos vazios. Apesar de tudo, ver ele assim me comove e sei bem o que ele está sentindo.

— Ela vai ficar bem. — garanto, parando ao lado dele e colocando as mãos nos bolsos, enquanto Michael nos deixa a sós.

Ele balança a cabeça, parecendo distraído.

— Foi minha culpa. — sussurra.

— O quê?

— O motivo dela ter saído do hotel.

— Como assim? — questiono, franzindo o cenho.

— Antes de sair correndo, ela veio até o quarto e... terminou tudo. — responde, olhando para o chão.

— Terminou? — repito, mais esperançoso do que deveria.

— Sei que você está feliz. — ele sorri de uma maneira triste. — Sabia que isso iria acontecer no final.

— Não vou mentir, isso me deixa aliviado. — vejo ele sorrir ainda mais, e sei que não estou ajudando. — Mas pensei que ela estava feliz.

— Eu também. — Gabriel ergue a cabeça e me encara.

— Alguma coisa aconteceu. — digo. — Depois de conversarmos, Jessy veio até o meu quarto e as duas saíram juntas.

— O que aquela cobra poderia ter falado?

— É o que eu também quero saber. — suspiro, e fecho as mãos com força. — Mas Emily descobriu algo sobre Jessy e eu.

— A manipulação? — pergunta Gabriel, e olho para ele, surpreso. Observando a minha reação, o garoto apenas dá de ombros e encara a parede à sua frente. — Jessy disse que faria algo do tipo, que iria conseguir você de volta.

— E você não disse nada a Emily? — questiono, e ele nega com a cabeça. — Por que?

— Esqueceu que Jessy sabe sobre os meus irmãos e a situação toda com Thomas? — responde, irritado, parecendo odiar tanto quanto eu o fato de Jessy manipular nós dois. — Se eu a impedisse de algum jeito, ou contasse pra qualquer pessoa, ela iria mandar o vídeo pra Thomas.

— Vídeo?

— No dia em que nos encontramos no estacionamento e que deixei você me bater, alguém estava no seguindo. — fala. — Mas além de ter apenas o garoto que eu suspeitava, Jessy também nos encontrou.

— Como?

— Que nem Emily me disse, acho que ela estava seguindo vocês dois.

O dia em que a despedi.

Fecho os olhos com força e respiro fundo, percebendo até que ponto essa situação pode piorar.

— Eu odeio ela. — resmunga Gabriel, e sigo seu olhar.

O garoto está encarando Jessy parada em frente a porta seu quarto, apoiada na parede com uma expressão estressada e carrancuda, enquanto nos encara de volta.

— Eu odeio todos eles. — resmungo, me erguendo do apoio do corrimão e indo até a cobra.

— Como está a sua secretária? — questiona Jessy, assim que paro perto dela.

— Vai ficar bem. — tento botar um sorriso no rosto, mesmo odiando quando usa essa palavra.

— Fico feliz em ouvir isso, Erick. — fala ela, com os olhos cheios de ódio. — Precisamos conversar.

Respiro fundo e mordo o interior da bochecha, desviando meu olhar para o dela.

— O que você quer agora? — questiono a Jessy, colocando as mãos nos bolsos.

— Quero que durma comigo hoje. — fala, em um tom de ordem, cruzando os braços e erguendo o queixo.

Rio, balançando a cabeça.

— É claro. — sussurro.

— Deixe que Gabriel cuide da sua secretária. — fala, sabendo que isso me irrita.

— Porque você simplesmente não entra e incomoda Dylan? — sugiro, fazendo com que me lance uma expressão emburrada.

— Você quer mesmo me irritar, Erick? — questiona, sem paciência.

— E você, Jessy? — me inclino, fazendo com que pressione as costas contra a parede e me encare como se não estivesse com medo. — Você quer mesmo brincar comigo, garota? Quando sabe o quão irritado eu estou agora? — ela fica em silêncio, e desvia o olhar por um momento. — Cansei de seguir as suas ordens.

Os olhos dela se arregalam e sua boca se abre em surpresa.

— Foi ela, não foi? — pergunta, cerrando o maxilar. — Esqueceu o que eu posso fazer? Esqueceu o que eu posso tirar de você com apenas uma ligação?

— Quer dizer o seu papai, não é? — sorrio, e a vejo se encolher. — E se você acha mesmo que pode fazer tudo isso com uma ligação, imagina o que eu consigo fazer com apenas um estalar de dedos.

Quase posso ver a fumaça saindo pelas orelhas de Jessy enquanto se afasta e entra do seu próprio quarto, tomada pela raiva e vergonha.

A verdade é que se Leonard a controla, eu controlo Leonard.

— Sr. Prior? — me viro ao ouvir a voz de Michael e o observo parado me encarando, enquanto carrega uma bandeja com uma tigela e uma caneca. — Algo errado?

— Não, está tudo bem. — tento sorrir e indico com o queixo para bandeja em suas mãos. — Isso é sopa?

— E chá. — ele sorri por um momento. — O médico disse que seria bom para a Emily ingerir alimentos quentes.

Abro a porta do quarto e espio lá dentro, encontrando Emily ainda desacordada em frente a lareira.

— Vou deixar sobre a mesa. — falo, pegando a bandeja, e pigarreio. — Você consegue achar outro quarto pra dormir? Se for preciso eu pago por um livre pra você.

— Vou falar com Gabriel e ver se posso dormir no chão do quarto em que está.

— Sendo tão bom garoto como Emily diz que ele é, aposto que vai ceder a cama pra você. — aviso, fazendo com que ele sorria.

— O senhor não gosta mesmo dele, não é?

— Acredite em mim, eu tento.

Michael ri e me deseja boa noite, se retirando para o quarto ao lado logo em seguida. Faço o mesmo e também entro, fechando a porta devagar com o pé. Deixo a bandeja na mesa e verifico Emily rapidamente.

Meus olhos se fecham de alívio quando sinto seu corpo quente e sua respiração estável e meus ombros parecem mais leves de repente, como se um peso tivesse sido tirado de mim.

Decido tomar um banho e me refrescar, tentando me acalmar depois de tudo. Quando abro a porta do banheiro, ainda terminando de me secar, percebo que o quarto todo já está quente pelo fogo da lareira e decido usar apenas a calça de moletom.

Quando saio, ainda secando um pouco do cabelo molhado, me deparo com Emily sentada em frente ao fogo com o casaco nos ombros, o gorro desajeitadamente na cabeça e as luvas sobre o colo.

Seu rosto se vira na minha direção parecendo surpresa, como se não tivesse me ouvido, e um suspiro baixo escapa dos meus lábios quando a encaro.

Linda.

Completamente linda.

Assim como estava há 13 anos atrás.

Uma Nova Chance Where stories live. Discover now