CAPÍTULO 18

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— "Emily, informe a situação." — pede Michael, com a voz alterada. — "Emily?"

— Ele está aqui. — sussurro, esperando que consiga me ouvir.

Mas Michael não me responde e os passos do homem atrás de mim ecoam pelo lugar agora vazio. A mão dele se arrasta pelo meu rosto, me causando um arrepio, e ele arranca o fone de ouvido de segurança, o guardando logo em seguida no bolso da calça.

— Comece a andar. — sussurra no meu ouvido, passando as mãos ao redor da minha cintura e encostando o cano da arma nas minhas costas.

Ele me empurra em direção ao corredor em que os garçons estavam surgindo e nós pegamos o elevador. Ele clica o botão para o décimo andar e nós começamos a subir.

Espio pelo espelho do elevador, tentando ver quem é o homem. Ele é só um pouco mais alto que eu, loiro, com cerca de 30 anos, está usando um casaco com capuz e calça escura. Quando ele olha na minha direção, através do espelho, desvio o olhar rapidamente, abaixando a cabeça.

Observo ansiosa o indicador do andar se iluminar no número cinco, enquanto minhas pernas estão amolecendo, ao mesmo tempo em que preciso me manter firme e imóvel. Uma respiração fora do lugar e levo um tiro certeiro nas costelas.

O homem pressiona a arma novamente, me forçando a andar quando as portas do elevador se abrem. Nós passamos por uma dezena de portas marcadas por números e ele abre a que está no fim do corredor.

Lá dentro, o ambiente é iluminado e claro. A sala em que nos encontramos está decorada com quadros e móveis de alta qualidade. Há uma lareira elétrica no canto esquerdo e acima dela uma TV. Conseguimos ver a vista inteira da cidade e duas pessoas estão de pé em frente ao vidro.

O homem atrás de mim fecha a porta, chamando a atenção deles. Os dois se viram e deixo um arfar de surpresa escapar.

Gabriel está de pé ao lado de um homem moreno, vestido de uma forma casual e descontraída. Quando ele me encara, seus olhos não demonstram emoção e ele cruza os braços. O homem ao lado dele ascende um cigarro e caminha até a poltrona cinza, se sentando e cruzando as pernas, parecendo muito a vontade.

— Por favor, sente-se. — fala ele, com uma voz calma, indicando para o sofá.

O homem empurra o meu ombro e quase tropeço no salto. Olho para trás, para ele, observando sua expressão fechada e séria.

— Quem é você? — pergunto, olhando para o homem no sofá e depois para Gabriel.

— Meu nome é Thomas. — ele traga o cigarro e depois o estende a Gabriel. O vejo fumar também, me fazendo ficar enjoada, enquanto ele se apoia no vidro atrás de si. — E você é a Emily, não é?

Não respondo e ele suspira fundo, batucando o polegar da poltrona.

Olho ao redor, esperando ver alguma câmera ou algo do tipo, mas sem sucesso. Alguém deve ter me visto subir com esse homem, não é possível que o tenham perdido de vista tão facilmente.

— Você conseguiu se esconder muito bem da gente. — fala Thomas, se erguendo calmamente. — Enganou Gabriel e até fez um dos meus homens pensar que estava morta. — ele sorri, e Gabriel traga novamente o cigarro, me observando com os olhos atentos. — Nós íamos te deixar viva, acredite em mim. Íamos. — ele para na minha frente, e a essa altura estou apertando as mãos com tanta força que as unhas estão penetrando a minha pele. — Mas não podemos deixar algo assim passar em branco, não acha? Isso seria apenas um exemplo pra garotas como você acharem que tem alguma chance de fugir.

— Por que você faz isso com elas? — pergunto, engolindo em seco ao lembrar da vez em que me deparei com o corpo sem vida de uma garota na rua de casa. — Por que precisa machucá-las desse jeito?

Uma Nova Chance Where stories live. Discover now