CAPÍTULO 21

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Minhas unhas afundam no estofado do assento quando o avião passa por outra turbulência.

— Você precisa se acalmar, Em. — fala Gabriel, ao meu lado, tentando disfarçar o próprio nervosismo.

Fecho os olhos com força e respiro fundo, enquanto envolvo a mão de Gabriel com a minha rapidamente.

— Você sabe que eu tenho medo de altura. — sussurro, ainda sem abrir os olhos.

— Esse avião é seguro, nossas chances de cair são muito pequenas. — ele aperta minha mão de volta. — Eu estou aqui com você, não vai acontecer nada, tá bom?

— Eu sei. — sussurro, abrindo os olhos e encarando ele ao meu lado, preocupado. — Obrigado.

— Só faltam 15 minutos até chegarmos. — anuncia.

Ele me lança um sorriso reconfortante e mexe no meu cabelo com a mão livre, me fazendo relaxar também.

Me encosto nele e tento não pensar que estamos a mais de 1.000 pés de altitude em uma caixa de alumínio e aço. A única coisa que me deixa um tiquinho menos ansiosa é que se cairmos, a morte é rápida e certeira.

Erick e Jessy estão sentados ao nosso lado e ambos estão ocupados vendo um filme. Temos mais um pouco de privacidade graças aos pais dela que pagaram a nossa viagem de primeira classe, apesar disso não me deixar mais animada.

Desde ontem, Erick e eu não trocamos sequer uma palavra. Tudo que ele tinha para perguntar, sobre as nossas malas emprestadas e as roupas, ele se dirigiu a Gabriel, por mais incrível que pareça. Erick está quieto, pensativo, estressado e irritado, e sei disso apenas quando olho para a expressão no seu rosto. Não me agrada vê-lo desse jeito, mas a única que pode fazer alguma coisa é a noiva ao seu lado.

Jessy está constantemente mexendo no cabelo, enrolando uma mecha no dedo, e fingindo prestar atenção no filme, enquanto olha de soslaio a toda hora para Erick.

Os pais de Jessy estão a frente dela e Dylan está sentado sozinho a minha frente. Acho que ele está ouvindo música e dormindo, pois mal o vi se mexer até o momento em que entramos no avião. Ao contrário dele, Leonard e Karen estão conversando baixinho e sem parar por um momento sequer.

Quando nós três chegamos no aeroporto, a família toda estava carregando um total de 7 malas para uma estadia de 3 dias. Jessy era dona de três delas, Dylan de apenas um e o resto era dos pais deles. Enquanto isso, Gabriel e eu mal enchemos uma mala, já que não possuímos nenhuma roupa de frio, e Erick trouxe apenas uma.

Infelizmente, Berta não veio. Acho que ela realmente não aguentaria ver a cara de Jessy por três dias seguidos, ainda mais depois do que aconteceu ontem. Sei que ela está mais do que chateada pelo noivado de Erick e a conversa que ela disse que teria com ele com certeza não o fez mudar de ideia. Na verdade, os dois pareciam bem distantes hoje de manhã, assim como ele e eu.

Michael está no assento atrás de Erick, parecendo mais agitado e atento do que nunca. Ele está sempre olhando para algum lugar e observa principalmente as comidas que a aeromoça nos serve. Erick explicou a família Clifford que se sentiria melhor se Michael viesse conosco, então não houve muita coisa que eles pudessem fazer para impedi-lo. Afinal, eles já conseguiram o que mais queriam de Erick.

Aperto os dedos de Gabriel quando outra turbulência faz o avião tremer de uma maneira horrível que faz as xícaras de chá dos pais de Jessy sacudirem.

— Você está bem?

Ergo a minha cabeça e observo o rosto de Dylan por cima do assento a minha frente. Ele está com um dos lados do fone pendurado, me possibilitando escutar o rock pesado tocando, e o cabelo está bagunçado. Seus olhos estão pequenos e ele reprime um bocejo, e então tenho certeza de que ele estava mesmo dormindo.

— Tenho medo de altura. — explico, fazendo com que apoie o queixo nas costas do assento.

— Eu morria de medo também. — fala, chamando a atenção de Gabriel assim que continua a falar comigo. — A única coisa que eu conseguia pensar era em todos os acidentes de aviões que eu já havia visto na TV e de que isso poderia acontecer comigo.

— Você não está ajudando. — fala Gabriel, quando fico em silêncio.

— Só quis dizer que eu já superei isso. — ele sorri. — Depois de muitas viagens, é claro, além do fato de que é ótimo saber que teremos uma morte rápida se o avião cair.

Dylan pisca para mim, me provocando, e seu sorriso aumenta enquanto volta a se sentar normalmente.

Gabriel bufa ao meu lado, irritado, parecendo querer pular por esse espaço em que há entre nós e bater no garoto.

— Não liga pra ele. — sussurra no meu ouvido, e deposita um beijo rápido na lateral da minha cabeça. — Estamos quase chegando.

— Acho que vou vomitar. — falo, fechando os olhos de novo, e sentindo o embrulho no estômago se tornar insuportável.

Gabriel tira rapidamente o cinto de segurança e indica para que eu vá ao banheiro, me seguindo o caminho todo. Os olhares de todos se viram para nós, provavelmente pensando no quão arrependido estão por nos chamarem.

Tranco a porta assim que entro, me sentindo ainda mais claustrofóbica pelo tamanho pequeno do lugar, e me ajoelho ao lado do vaso.

Não lembro de ter comido algo antes de sair de casa. Assim que Erick nos avisou que iríamos de avião, meu corpo todo começou a se rebelar contra mim. Berta insistiu para que eu beliscasse algum salgado ou que pelo menos tomasse uma xícara de café, mas apenas em pensar em comer algo ou sentir cheiro de alguma comida sendo feita, meu estômago parecia querer botar os bofes para fora.

Fico alguns minutos ajoelhadas, com as mãos segurando meus cabelos com força e meus olhos lacrimejarem. Quando vejo que isso não vai adiantar, me levanto e jogo um pouco de água fria no meu rosto, espantando essa sensação de enjoo.

Observo meu reflexo e seguro o meu colar com carinho, buscando forças no meu novo amuleto da sorte.

Estou quase abrindo a porta, quando ouço as duas vozes do outro lado que me paralisam no mesmo lugar.

— Tudo bem com ela? — é a voz de Erick, e o som faz meu corpo se arrepiar ao perceber seu tom neutro, quase frio.

— Ela nunca viajou de avião antes e tem medo de altura, só está um pouco enjoada. — responde Gabriel, parecendo impaciente. — Já vamos voltar pros nossos lugares.

— Posso pedir um remédio se ela precisar.

— Vou ver. — então ele bate na porta, fazendo com que eu recue surpresa, mesmo que ele não possa me ver. — Em, está tudo bem?

— Já estou saindo. — respondo, me virando para checar a minha aparência no espelho.

Respiro fundo antes de abrir, sabendo que não estou pronta para encarar os dois preocupados ao mesmo tempo.

— Se sente melhor? — pergunta Gabriel, dando um passo a frente e esfregando meu braço gentilmente quando saio.

— Um pouco. — minto, sorrindo ligeiramente.

— Posso pegar um remédio contra enjoo se você precisar. — fala Erick, com as mãos nos bolsos da calça jeans.

— Eu estou melhor, mas obrigado mesmo assim. — digo, fazendo suas sobrancelhas franzirem e ele passar a encarar Gabriel.

— Me chame se precisar de mais alguma coisa.

Ele dá mais uma olhada em mim antes de se virar, com a expressão fechada e séria, e caminha de volta até o seu assento.

— Você está mesmo bem? — pergunta Gabriel, preocupado.

— Eu deveria ter comido alguma coisa. — falo, pondo a mão sobre a barriga.

— Quer que eu peça pra aeromoça trazer algo?

— Eu adoraria, obrigado.

Ele sorri e apoia uma das mãos nas minhas costas, me guiando até o nosso assento. Dessa vez fico na janela e ele no corredor, e enquanto faz o pedido para a aeromoça bonita, observo as nuvens do lado de fora. Estão tão perto, mas, ao mesmo tempo, tão longe, e acabo tocando no vidro da pequena janela como se eu pudesse agarrar uma delas e saber qual seria a sensação.

— Há quanto tempo já estamos voando? — pergunto, relaxando contra o assento.

— Quase duas horas e meia. — responde, apoiando a mão no meu joelho. — Só mais um pouco e já chegamos.

Sorrio, feliz por vê-lo tentar me tranquilizar de qualquer maneira.

Me inclino levemente e beijo a bochecha de Gabriel, o pegando de surpresa.

— Isso me deixou mais calmo. — fala, sorrindo. — Será que vai funcionar em você?

Sinto meu rosto corar quando ele devolve o beijo e mordo minha boca, tentando conter o meu sorriso.

— Com certeza ajuda.

O sorriso dele aumenta, fazendo seus olhos quase se fecharem, e ele se recosta contra o assento.

— Fico feliz em ver que vocês dois estão finalmente juntos.

Gabriel e eu nos viramos para Jessy, enquanto ela nos encara sorrindo. Erick, ao seu lado, está com fomes de ouvidos e voltando a prestar atenção no filme.

— Não estamos juntos. — fala Gabriel, antes que eu tenha coragem de respondê-la.

— E por que não? Vocês são tão lindos juntos. — ela olha para mim e se inclina um pouco para a frente, apoiando o cotovelo no braço da poltrona. — Você deveria aproveitar, Emily, agora que sabe qual é o seu tipo de homem.

— Você não tem criancinhas pra atormentar? — pergunta Gabriel, fazendo com que Karen olhe para trás para observá-lo.

— É óbvio que eu já cuidei disso antes de entrarmos no avião, querido. — responde Jessy, parecendo se divertir com a provocação.

— João e Maria já estão presos na sua casa de doces?

— Prontinhos pra serem servidos.

Gabriel revira os olhos, enquanto ela o encara com malícia.

— Você é doida. — sussurra ele, pegando a minha mão.

Ela lança um sorriso a ele e quase posso ler a entrelinhas: "Você não faz ideia".

Nós pousamos 20 minutos depois, após mais algumas turbulências e enjoos que me fizeram querer deitar em posição fetal para tentar me reconfortar. Em seguida, nós entramos em uma van que a família Clifford alugou para nos levar até o hotel.

Gabriel e eu estamos ocupando os assentos do fundo com Michael, enquanto os outros estão mais a frente.

Cada membro da família já está vestindo roupas e agasalhos de frio, se revezando para se trocarem no banheiro.

Erick se levanta do seu lugar quando Jessy termina de se trocar e começa a caminhar na nossa direção, enquanto traz consigo uma das malas de sua noiva. Ele já está usando as roupas de frio, como o casaco felpudo, luvas e até um gorro.

Tento não encarar enquanto ele se aproxima, percebendo que não importa a roupa em que ele esteja usando, Erick sempre vai estar lindo.

— Eu trouxe algumas roupas de frio. — fala, largando a mala na nossa frente. — Pedi a Jessy que separasse pra vocês dois.

— Obrigado, Sr. Prior. — agradeço, enquanto Gabriel abre a mala e Erick acena com a cabeça na minha direção e volta para o seu lugar.

Reprimo um suspiro, pensando que odeio a situação em que nos encontramos. Sou a secretária dele e alguma hora essa barreira estranha vai ter que se quebrar.

— Aqui.

Gabriel me entrega um sobretudo marrom, luvas e um gorro também marrom. Ele separa as peças para si mesmo e nós nos vestimos, sem precisarmos nos preocupar com o frio nas pernas, já que estamos de calça.

Cinco minutos depois de nos vestirmos, o calor começa a nos incomodar. Tenho certeza que o lugar para onde vamos é muito frio, mas o ambiente dentro da van está quentinho e aconchegante graças ao ar condicionado.

Michael insiste para que nós continuemos usando as roupas, dizendo que vamos morrer de frio assim que pisarmos do lado de fora do carro. Gabriel e eu somos obrigados a concordar e continuamos sentados, suando enquanto torço para o clima frio logo nos encontrar.

A van para após longos minutos e nós saímos carregando as malas.

— Uau. — sussurro, parada na entrada do hotel.

Gabriel fica ao meu lado e observamos a quantidade excessiva de neve acumula a nossa frente e que Michael estava certo.

Expiro o ar, vendo com fascínio a fumaça que se forma por causa da baixa temperatura. Enquanto isso, Gabriel está agachado pegando um pouco de neve e formando uma bola.

Ele sorri e me pego fazendo o mesmo quando vejo a sua expressão alegre e infantil.

— Quem você está querendo acertar com isso? — pergunto, fazendo com que se volte na minha direção.

— Vamos fazer uma guerra de bolas de neve depois. — fala, animado. — O que acha?

— Acho que eu vou ganhar de você. — provoco, cruzando os braços por causa do frio.

— Disso eu duvido. — ele se levanta e para na minha frente, arrumando o meu gorro. — Vamos entrar, aqui está muito frio.

Ele pega a minha mão e agarra a alça da mala que Erick nos entregou, e seguimos a família Clifford para dentro do hotel.

O lugar é rústico e completamente feito de madeira. Uma lareira quentinha com poltronas está do outro lado da sala, com um casal conversando. Uma escada quase em espiral nos leva para o segundo andar, aonde ficam os quartos. As decorações nas paredes são de fotografias de turistas prontos para esquiar, fotos do lugar de alguns anos atrás está em um quadro maior do outro lado da parede e atrás da bancada de recepção está uma cabeça de um veado pendurada. Enquanto nos aproximamos com a família Clifford até lá, a única coisa que consigo fazer é torcer para que essa cabeça seja de mentira.

A mulher atrás da recepção entrega a chave para Leonard e Karen, depois para Dylan e Jessy, que olha para trás e encontra Erick mexendo no celular. Michael pega a chave em seguida e Erick o segue, depois deles, Gabriel e eu estamos na frente da bancada ainda encarando a cabeça empalhada.

— Isso é de verdade? — pergunta Gabriel, parecendo tão curioso quanto eu.

A mulher mais velha lhe lança um sorriso gentil.

— É apenas uma peça que nós encomendados para a decoração do hotel. — ela mexe no computador rapidamente, enquanto continua a falar. — Fiquem tranquilos que a tapeçaria de urso na frente da lareira da nossa sala de visitas também não é real.

— Ufa. — sussurro, olhando ainda para a cabeça espalhada.

— Nós não apoiamos a caça aos animais ou nenhum outro tipo de esporte selvagem. — a mulher entrega a chave a Gabriel. — Denunciem se virem algo assim e tenham uma ótima estada.

— Obrigado. — Gabriel sorri e pega a chave.

— Qual é o nosso quarto? — pergunto, desviando ao olhar ao perceber que vamos mesmo ficar juntos no mesmo espaço.

— Número 8. — ele lê a plaquinha que está pendurada no molho de chave.

Nós seguimos o resto do pessoal que está subindo as escadas e descubro, para a minha infelicidade, que todos os quartos vão ser um ao lado do outro. Michael e Erick vão estar ao nosso lado, enquanto Dylan e Jessy vão estar ao lado deles e, finalmente, vem os pais tóxicos.

Eu toco no corrimão de madeira, olhando para baixo e vendo a altura. Ainda bem que eu nunca cheguei a ir na sacada do prédio do Sr. Prior.

Me viro quando ouço Gabriel me chamar e percebo que ele já está abrindo a porta do quarto e me olhando. Ignoro a atenção dos outros que estão conversando em frente aos quartos, e que sei que estão com um pensamento malicioso, e entro.

O quarto é simples, com uma cama de casal e um quadro lindo logo acima da parede. Duas cabeceiras de estilo rústico então uma de cada lado com um abajur. A lareira fica bem à frente, com a pequena TV em cima e uma porta a direita. Tiro o gorro e jogo sobre a poltrona que está de frente para a lareira, enquanto Gabriel faz o mesmo, deixando o casaco na outra ao lado.

— Então... — começa ele, olhando para a cama de casal e depois sorrindo envergonhado.

— Então... — continuo, sentindo meu rosto esquentar, mesmo que nós tenhamos dormido juntos ontem.

— Eu vou ver se eles têm mais algum cobertor pra nos emprestar pra esticar no chão.

— Sério? — pergunto, parando ao lado dele quando coloca a mala em cima da cama.

— Vai ser melhor pra você. — responde, sem me encarar, enquanto olha distraidamente para as roupas lá dentro. — Você já é obrigada a dividir o quarto comigo, vai ser melhor se conseguir ter um pouco de privacidade.

— Gabriel? — chamo, enquanto ele tenta fingir estar ocupado.

— Hum?

Quando ele se vira na minha direção, me inclino e o beijo rapidamente, o pegando de surpresa. Me afasto sorrindo quando vejo a sua expressão.

— Não me importo em dividir a cama. — digo, enquanto tento controlar a cor do meu rosto e encará-lo ao mesmo tempo.

— Ok. — sussurra, os olhos castanhos dele ainda estão me encarando, aliviados. — O que você achar melhor.

Meu sorriso aumenta, contente com a reação que consigo provocar nele.

Sei que ele também quer dormir comigo, mas talvez esteja pensando que o que fizemos ontem foi algo que fiz por impulso. Mas sei o que quero e agora quero tentar entrar em um relacionamento de verdade com Gabriel. Quero me sentir segura, protegida, feliz e alegre como ele sempre me fez sentir quando éramos mais novos.

Quando penso novamente em beijá-lo, alguém bate na nossa porta.

— Deixa que eu atendo. — fala ele.

Dou mais uma olhada nas roupas na mala que Erick disse que nos deu e quando ouço o resmungo de Gabriel, eu consigo imaginar quem é do outro lado da porta.

— O que você quer, bruxa má? — o ouço perguntar, enquanto seguro um riso.

— Algo me diz que esse apelido vai pegar.

Olho para os dois parados na porta e me seguro para não ficar ao lado de Gabriel quando vejo Jessy apoiada na porta, bem perto dele.

— Enfim... — ela continua. — Vim falar com a Emily.

— O que foi? — pergunto, ficando no campo de visão dela.

Jessy sorri quando me vê e entra no quarto, empurrando Gabriel com uma das mãos e parando na minha frente.

— As roupas ficaram boas em vocês. — fala, enquanto me olha de cima a baixo e depois espia Gabriel novamente.

— Era isso? — questiona ele, sem paciência.

— Eu vim convidar vocês pra jantar com Erick e eu. — ela sorri, enquanto parece me provocar ao falar o nome dele.

— Nós dispensados o convite. — falo, cruzando os braços e olhando para Gabriel em busca de apoio.

— Aí está a sua resposta, agora vaza. — ele fica ao meu lado.

— Eu sei que nós começamos com o pé errado, Emily, mas quero te recompensar por todas as coisas que fiz a você. — Jessy me lança um sorriso falso e pisca os olhos algumas vezes, como se isso fosse me encantar com a sua feitiçaria. — Agora Erick e eu estamos noivos e foi apenas por causa dele que eu depositei minha raiva em você.

— Que bom que você sabe. — resmungo, dando um passo para trás quando vejo ela se aproximar demais.

— E Erick também achou uma boa ideia começarmos novamente e sei que você sempre acaba seguindo as ordens dele, não é? — ela solta um riso baixo, olhando para Gabriel como se esperasse que ele achasse graça.

Respiro fundo e agarra uma mecha do meu cabelo, pensando.

É verdade que eu quis ter uma nova chance de fazer amizade com Jessy, porque sei que foi por minha causa que ela foi demitida, porque achou que eu estava apaixonada por Erick, mas agora é diferente. Mesmo que eu não consiga responder a mim mesma como. O casamento deles deve ter me atingido mais do que eu gostaria, mas se ela está dizendo que Erick concordou com isso, talvez seja bom dar uma chance. Gabriel e eu vamos nos mudar em breve quando pegarmos o dinheiro do pagamento e começarmos a nossa nova vida. O casal do ano não vai ser mais problema nosso.

— Ok. — concordo, parecendo pegar Jessy de surpresa.

— Sério? — pergunta Gabriel, com uma sobrancelha erguida.

— Vai ser bom termos uma última janta com eles, não acha? — pergunto, me apoiando nele e sorrindo.

Gabriel parece ter sacado o que eu quis dizer e sorri, beijando minha testa rapidamente.

— Então, vocês dois vão mesmo? — questiona Jessy, empolgada.

— Vamos. — responde Gabriel, passando um braço ao redor de mim.

— Vocês não vão se arrepender. É as 20:00 na sala de jantar.

— Era só isso?

— Caramba, como você é apressadinho. — fala Jessy, cruzando os braços e olhando para Gabriel. — Mas, sim, era só isso. — ela para ao lado da porta e se vira novamente. — Quase esqueci de entregar isso aqui.

Ela puxa a nossa mala que estava escondida ao lado da porta e a empurra na nossa direção.

— Agora eu vou sair pra me arrumar. — avisa ela, sorrindo, e caminhando de novo até a porta. — Estejam lá, ok?

— Cedo demais pra dizer que a odeio? — sussurra Gabriel, depois que Jessy se vai.

Sorrio e passo meus braços ao redor da sua cintura, apoiando meu queixo no seu peito e olhando para o seu belo rosto. Ele acaricia meu cabelo e apoia a outra mão na minha bochecha, enquanto parece pensativo.

— Tudo bem? — pergunto.

— Não gosto do jeito que ela te provoca. — admite, suspirando.

— Eu também. — concordo, fechando os olhos.

— Ainda acho que não deveríamos ir.

— Sabe que eu também não, mas Erick vai estar lá também e ele é o meu chefe. — antes que Gabriel possa falar algo sobre isso, continuo. — E, como eu te disse, vai ser bom termos um último jantar, juntos.

— Então você vai ir mesmo comigo? — pergunta em um tom de voz baixo, enquanto coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Balanço a cabeça, mordendo os lábios, e Gabriel sorri, animado. Ele abaixa a cabeça e me beija, pressionando seus lábios urgentemente nos meus, depositando todo o seu alívio nesse gesto.

Enquanto isso, minha mente volta para a cena de Jessy sorrindo alegre e contente. Não consigo aguentar ver a felicidade no rosto dela, parecia que estava a ponto de explodir, ainda mais quando tudo se trata sobre Erick e que Jessy sabe o que isso me provoca.

Eu sei que esse jantar não vai terminar bem, sei que não foi uma boa ideia e sei que com certeza vamos nos arrepender.

Uma Nova Chance Where stories live. Discover now