Capítulo 35

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— Mase? – Eu bati na porta do quarto ao lado quase duas horas mais tarde que eu acordei com a primeira contração real e verdadeiramente dolorosa.

Eu tinha tentado me convencer durante todo esse tempo que era só um treinamento mais intenso. Não podia acreditar e aceitar que o Alexander já queria nascer. Não estava realmente cedo, mas também não estávamos na data prevista. A minha parte que não aguentava mais estar grávida estava muito feliz por aquilo estar acontecendo e a outra parte de mim que não tinha preparado quase nada para ficar com o bebê e trazê-lo para casa estava em negação e desesperada. No entanto, não tinha mais nada que eu pudesse fazer agora e ter esse filho em casa também não era uma opção. Eu não tinha me preparado para isso e a segurança dele sempre vai ser mais importante que tudo para mim. Só quem teve uma experiência traumática anterior entende o que é estar à beira de uma crise de pânico agora.

— Mase? – Abri a porta do quarto devagar para não ver nada muito constrangedor caso ele não tenha me ouvido antes e nem assustá-lo se estivesse dormindo, o que ainda estava. Toquei o ombro dele devagar. — Mase? – Tentei de novo e dessa vez consegui uma reação.

— Rose? – Ele bocejou, sonolento. — Aconteceu alguma coisa? – Ah, merda! Eu ia tirá-lo de casa a essa hora sim, não me sentia confortável com a ideia de chamar um táxi e sair de casa sozinha em um momento como esse. Por sorte, o Saint Patrick's não era tão longe assim.

— Você... Você acha que pode me levar até a maternidade? – Perguntei me arrependendo quase no mesmo segundo, mas não acho que conseguiria algum taxi a essa hora também. Não tinha cabeça para pedir um, principalmente.

— O que aconteceu? Você não está se sentindo bem? – Ele despertou, preocupado e se sentou na cama. Provavelmente, porque deitado, ele poderia voltar a dormir.

— Eu estou bem, mas... Acho que o Alex vai nascer. – Sussurrei o final para ele. Foi difícil falar isso em voz alta. Ainda não estava totalmente confiante de que aquilo estivesse acontecendo, embora a dor fosse bastante real e convincente. Eu queria muito estar errada

— Nascer? Tipo... Agora? – Mase me olhou assustado. Eu quase revirei os olhos, mas pensei melhor no que responder. Se eu concordasse, dizendo que ele ia nascer agora, ele poderia entrar mais em pânico do que eu. Se eu discordasse e dissesse que eu não tinha certeza, o que eu realmente não tinha, a gente poderia procrastinar a ida até o hospital e essa criança nascer no carro. Ou na sala de estar.

— Não exatamente agora, mas sinto que vai ser nas próximas horas. – Eu disse. Se as minhas contas estivessem certas, muito em breve, eu teria outra contração para confirmar que os intervalos estavam diminuindo.

— Merda! Vamos logo. – Ele falou meio desesperado, do jeito que eu imaginei que ele ficaria. — Você precisa de ajuda para se vestir? – Saí do caminho para ele poder se arrumar também. Sentia um pouco de dor na consciência por tirá-lo de casa a essa hora da madrugada só para me deixar no hospital, mas eu precisava de alguém de confiança. Eu confio nele e Mase é a pessoa mais próxima com quem eu posso contar agora.

— Não, eu... Eu acho que só vou precisar de ajuda com as botas. – Disse já saindo do quarto dele quando ele arrancou sua camiseta do pijama. Não queria estar presente quando ele trocasse as calças também.

Mas eu levei quase cinco minutos só para vestir uma maldita roupa, porque eu precisei da pausa para a contração e de um momento para me recuperar dela. Não que estivesse no nível insuportável – vulgo, querer realmente matar a Tasha e o Dimitri por terem me enfiado nessa – mas já estavam doloridas o suficiente para me fazer parar qualquer coisa e me concentrar apenas em sobreviver a dor. No fim, xingar e implorar para o Alexander desistir de nascer.

Per te, mi amoreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora