Capítulo 30

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Era um pouco prematuro, mas eu comecei a me sentir ansiosa ao passar dos dias.

Quando assinamos o contrato estabelecemos um acordo básico sobre o meu plano de parto, mas eu tinha passado das trinta semanas e nunca mais tínhamos falado sobre isso. Tínhamos acabado de entrar no terceiro trimestre e isso significava estar na reta final e sem nenhum plano concreto caso esse bebê decidisse dar o ar da graça antes da hora. Então aproveitando que eu tinha uma consulta – uma grande gentileza para uma grávida surtando em pleno dia dos Namorados –, avisei a doutora Olendzki que eu estava pronta para definir o que eu queria e como eu queria que a chegada do meu bebê fosse. Não exatamente com essas palavras, mas algo muito parecido com isso.

Eu sentia que precisava deixar tudo pronto caso algo desse errado e esse rapazinho decidisse fazer sua grande entrada no mundo antes da hora. Não que eu estivesse me sentindo mal ou perto disso. Muito pelo contrário. Eu estava ótima, mas passar por um parto nenhum pouco planejado me deixou bastante traumatizada. Eu não queria passar por aquela falta de experiência uma segunda vez. Eu preferia fazer aquele plano muitas semanas antes e, eventualmente, ter uma mudança de planos ou de ideia, mas estar preparada a que ser pega de surpresa de novo. Já tinha ficado mais do que claro que eu era incapaz de tomar decisões decentes ao longo do trabalho de parto. Então, agora, enquanto eu estava lúcida era o momento perfeito para isso.

Outra coisa pelo qual eu estava ansiosíssima era encontrar o Dimitri – e não tinha nada a ver com o dia dos Namorados, eu só descobri a data depois que a doutora Olendzki me dissera um "verei se a doutora Oksana estará disponível, Rose, ela sempre tenta ter uma folga nesse dia para aproveitar com o marido", aparentemente, tem muitos bebês nascendo esse ano para ocupar uma obstetra e um pediatra. Acho que eu tive sorte e eles azar. –. Nós não tínhamos nos visto desde que dormíramos juntos há um mês, não porque ele estava me dando um gelo ou vice-versa, mas porque sua mãe e avó logo voltariam para a Rússia e ele tinha que aproveitar o máximo de tempo com elas antes de – supostamente – ter um recém-nascido em casa.

Não que ele não quisesse ter vindo me ver, não foi uma tarefa fácil convencê-lo do contrário. Esse tinha sido o período mais longo que ficáramos sem nos ver desde o começo de todo esse processo. Eu estava a ponto de enlouquecer de saudade. Era uma falta que eu e o monstrinho estávamos tendo um tempo difícil em administrar. Isso, obviamente, não significava que passáramos sequer um minuto sem conversar durante todo esse mês. Algo que, algum dia custaria o meu emprego. O fato de estar grávida impedia que a Celeste me demitisse por agora, mas no futuro, não. Dormir com ele tinha aumentado muito uma dependência emocional que eu já sentia por ele há semanas.

Eu já não conseguia mais dormir sem alguns minutos de ligação por vídeo. Era um ritual, ele ligava para dar boa noite para mim, depois ele tirava uns minutinhos para conversar com o monstrinho e também desejar boa noite, depois íamos dormir. Infelizmente, cada um em sua cama. Eu me sentia uma adolescente vivendo um relacionamento à distância, às vezes, mas era o que tínhamos para agora e tentamos fazer o melhor disso. Mas vou dizer que não estava sendo nenhum pouco fácil.

As coisas tinham ficado um pouco estranhas entre nós dois depois daquela noite maravilhosa. O fato de não termos nos encontrado pessoalmente para conversar sobre o que aconteceu não ajudou a resolver a situação. Nenhum de nós dois queria falar sobre isso por telefone, mas isso não significa que a situação ficou assim por muito tempo. Acho que Dimitri tinha algum receio de eu ficar triste por ele não ter aparecido novamente depois de tanto tempo e acabar dando um gelo maior nessa nossa relação disfuncional. Mesmo que eu dissesse que estava tudo bem, que eu entendia e ele precisava aproveitar esse tempo com a sua família. Claro, eu queria estar com ele, mas poderia aguardar.

Olena ainda não tinha decidido se voltaria para Montana quando o Alexander nascer. Espero que não, ou ela perderia viagem, porque é comigo que ele vai estar. Não que eu fosse impedir qualquer um deles de visitá-lo, mas talvez não valeria a pena passar tantas horas no avião para passar poucas horas com o neto. Não que eu fosse limitá-la também, mas uma coisa era ela passar horas com o bebê por estarem na casa do Dimitri e outra – totalmente diferente – é estar na minha. De qualquer forma, eu, pacientemente, engoli toda a minha saudade e aguardei até ontem quando elas partiram. Hoje, eu estava pura e extrema ansiedade para reencontrá-lo.

Per te, mi amoreWhere stories live. Discover now