Capítulo 8

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Quando atingi três semanas do meu acidente, eu decidi que a minha vida tinha que voltar ao normal. Eu já tinha gastado o suficiente em passagens de ônibus e bem... Diziam que costelas machucadas paravam de doer com três semanas. O que era um erro bem filho da puta e eu descobri isso do pior jeito: quando eu pedalei os cinco quilômetros entre o apartamento do Mason e o café. Eu também pesquisei no Google se é possível morrer de dor. O médico tinha que ter me avisado que a dor diminuiria em até malditas doze semanas e não a partir de três. Eu devia ter me preparado para o máximo e não para o mínimo. Algo me dizia que esses poucos quilômetros tinham feito todo o tratamento ir para o lixo.

— Hey, Celeste, posso deixar minha bike por uns dias guardada lá nos fundos? – Implorei, embora eu tivesse minhas dúvidas porque o quartinho lá dos fundos era realmente pequeno e um deposito de coisas velhas que o Hans era mesquinho demais para vender. A alternativa era deixar ela presa do lado de fora e correr o risco de ser roubada.

— Você veio de bike, Hathaway? – A mulher me olhou com um revirar de olhos. Minha vontade foi falar que a bike que veio comigo, porque foi algo muito parecido com isso mesmo. Mas acho que não teria feito muita diferença se eu tivesse descido e empurrado-a até o café. — Você não tinha machucado as costelas?

— É, e me disseram que elas melhoravam em três semanas. – Amarrei o meu pequeno avental ao redor da minha cintura rapidamente. Eu estava um pouco atrasada já que eu levei mais tempo para chegar que o normal, uma vez que eu tive que pedalar em uma velocidade menor.

— Você realmente acreditou nisso? – A mulher me olhou, um sorriso debochado no rosto. — Você mal estava andando há uma semana.

Precisou de tudo de mim para não revirar os olhos também. Ela reconhecia que eu tinha me fodido todos esses dias, mas não tinha me dado mais do que uma folga para me recuperar. Inacreditável! Eu tinha me arrastado todo esse tempo, mas eu vim trabalhar. Era isso ou ficar sem salário. Agora que eu tinha estragado tudo, eu estava tentada a pedir mais um dia de folga. Uma rápida olhadela para o salão já me respondeu: não ia rolar. Qual o problema das pessoas tomarem café da manhã em casa? Não, eu não podia pensar nisso, porque se as pessoas não viessem, eu não teria meu emprego, salário e nem gorjetas.

A maior merda de todas era que naquela semana ainda tinha o aniversário da Vika. Estava um frio desgraçado e as minhas costelas pareceram começar a ser o alvo desde o dia que eu fiz a merda de ir trabalhar de bike, na segunda-feira. Ainda nesse mesmo dia, o Joshua e eu tínhamos dado um encontrão, adivinha em qual lado? Isso mesmo, no meu esquerdo. E ainda tomei um banho de café. Na quinta-feira, quando eu estava voltando para casa a noite, eu tinha levado uma cabeçada de uma criança que ia levar um tombo horrível quando o ônibus freou e derrapou no gelo. Sexta-feira à noite, o café estava uma loucura. Meu turno estava acabando quando um monte de caras da faculdade invadiram o lugar para beber sem fim. Meu primeiro pânico foi de que o Jesse poderia estar naquele meio. Era bem a cara dele estar ali. A única sorte que eu tive nessa semana era que ele não estava nesse grupo.

Já no sábado, para o meu azar e me atrasar para o aniversário da Vika, o cara que assumia o meu lugar durante a noite ainda não tinha chegado. Um tal de Nathan, ou algo assim. Ele era novo por aqui e eu já tinha criado certa antipatia por ele. Ele vivia atrasado e tinha dias que eu saia quase meia hora além do final do meu turno. Como hoje, por exemplo. Se eu ainda estivesse trabalhando para o Mikhail, isso estaria sendo um problema, mas eu só voltaria a fazer entregas quando o inverno acabar. Depois da dor que eu senti ao subir na bike na quarta-feira, decidi que as minhas costelas mereciam um tempo decente para se curarem.

E então, cá estou eu, totalmente arrependida sobre saltos altos. Em um vestido preto que eu raramente uso e o casaco de inverno mais longo, pesado e quentinho que eu tinha no meu armário. O que eu não faria pela Vika? E pela Lissa, já que a minha melhor amiga também iria e fazia questão que eu fosse. Era um ótimo momento para me divertir e encontrar com ela, mas em uma festa? E com esse frio? Eu tinha dúvidas de que eu conseguiria me divertir em algum momento. Seria minha primeira "festa" depois de tudo o que aconteceu entre o Jesse e eu.

Per te, mi amoreWhere stories live. Discover now