Capítulo 10

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Puta que pariu. Se eu já estava odiando as agulhadas que eu levei para fazer o começo do check up, eu não vou nem pensar sobre parir. Ainda. E pior, não estávamos nem perto de acabar esses malditos exames. Se a Celeste não me demitir até o último, vai ser um milagre. Afinal, eu tive que fazer vários deles em dias diferentes. Os piores foram, de longe, os exames ginecológicos. Porra! Eu só esperava que no exame de urina que eu fiz no dia seguinte não mostrasse o tanto de remédio que eu tomei para cólica. Porque eu tomei muitos. Só não tomei a caixa inteira porque ela já estava na metade. Não, não. Nada sobre o parto ainda. Nada sobre a inseminação. Principalmente, porque eu não sei se vou ser liberada para ser a incubadora ambulante do Dimitri e da Tasha. Ainda mais por causa do meu passado que foi analisado minuciosamente pela médica da clínica. 

Existia uma grande chance de eu não ser apta para ser a barriga de aluguel justamente pelo que eu passei. A confidencialidade entre médico e paciente só impediu que a médica contasse exatamente o que me aconteceu, mas a conversa sobre os riscos em seguir com o processo deveria ser feita com o casal o mais rápido possível antes que eles gastassem um dinheiro inútil comigo. Eles teriam que determinar se valia o risco seguir ou não. Ou se eles queriam desistir e procurar outra mulher. A conversa entre a médica e o casal foi feita na minha ausência. Foi-me dito que, enquanto eu estiver disposta a tentar e se os médicos acreditarem que existia uma chance de eu poder engravidar, não importava o risco, nós seguiríamos. Eles estavam sem opções, eu era a única opção e se existia uma chance, nós tentaríamos.

Minha sorte é que Dimitri fez uns arranjos com a clínica que eles estavam fazendo o processo para eu poder fazer alguns dos exames em outra clínica em Missoula. Eu só precisei ir ao médico deles em Helena duas vezes até agora. Foi aquela uma vez para nós termos certeza se eu desistiria ou não. O fato de eu não ser mãe deu margem para a médica, doutora Olendzki, me mostrar e explicar as piores situações possíveis. Honestamente, eu tinha mais medo de morrer do que não poder ter o meu próprio filho nunca mais. Eu tinha planos de ser a tia legal, mas não mãe.

A psicóloga, Deirdre, parece que uniu forças com a médica e eu me vi em uma verdadeira terapia. Algo que eu descobri que seria obrigada a frequentar até o pós-parto. Isso se eu fosse seguir com essa loucura mesmo. Mas meu Deus, a mulher pergunta demais! Eu vou acabar essa terapia doida!

Outra coisa que eu não podia reclamar. A psicóloga tinha aberto uma exceção para Dimitri e estava me atendendo às dez horas da noite de sexta-feira via Skype. Eu não sei quanto ele estava pagando para ela, mas ele fez de tudo para não atrapalhar mais o meu trabalho. Exceto as consultas mais importantes e os exames que eu precisei usar meu saldo de folgas da cafeteria. A Celeste estava estranhando o fato de eu pedir por tantos dias fora, mas eu não sabia se podia falar sobre o processo. Eu também não pretendia contar sobre a gravidez até que fosse, realmente, necessário. O que eu espero que seja por meados dos quatro ou cinco meses de gestação. Claro, isso se nós chegarmos a esse estágio do processo.

Eu tenho certeza que mesmo que eu tivesse pagado por esses exames, eles nunca sairiam tão rápido quanto ficaram. Foi coisa de um mês entre eu ir a primeira consulta, agendar os exames e ter os resultados. O que estava sendo um problema no meu trabalho agora, porque eu tinha praticamente esgotado a minha cota de folgas e eu teria que começar a usar as minhas férias. O que, eu pretendia tirar depois que a criança nascer. A não ser que eu consiga parir num sábado de tarde e ir trabalhar em uma segunda-feira de manha. Eu tinha minhas dúvidas, mas ia ter que dar certo. Se eu quase quebrei as costelas e consegui ir trabalhar, parir vai ser moleza.

Deixe-me acreditar que vai ser moleza, porque eu não tenho opções do que fazer, depois que essa criança nascer, além de apenas viver a minha vida normalmente. Sem mencionar que outra grande parte das minhas férias vai ser usada para eu ir às consultas pré-natais. De novo, tudo depende de nós seguirmos com o processo. Bem, se não der certo, eu culpo o meu corpo e o casal, porque eu mesma... Não vou desistir.

Per te, mi amoreWhere stories live. Discover now