Capítulo 31

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Dimitri Belikov

Eu estava exausto. Realmente exausto e muito feliz.

Não, não me entenda mal. O meu casamento tinha chegado ao fim e eu tinha dois encontros com um corretor de imóveis na manhã seguinte, mas eu estava realmente muito feliz. Um pouco disso era relacionado a morena que tinha acabado de sair do meu escritório. Eu estava apaixonado. Não imaginei que um dia eu poderia me sentir dessa forma novamente, mas sentia. Pior, as minhas expectativas estavam nas alturas, porque eu realmente não via a hora de assinar o maldito divórcio, pegar a chave do apartamento novo, buscar a Rose e o meu filho na maternidade e ir para a nossa nova casa. Era isso que eu queria. Recomeçar a minha vida ao lado de alguém que parecia gostar de mim e se preocupar comigo. Mais importante: ela parecia gostar do meu filho e se preocupar com ele. Nosso filho.

Eu estava em uma situação delicada, no entanto. Ivan conseguira algumas provas das traições da Tasha, mas o conselho que ele me dera foi "não peça o divórcio agora, a Tasha fez tudo de caso pensado e o contrato vai te ferrar, se não pela clínica, talvez pela Rose e até por ela. Um deles podem querer quebrar o contrato se souberem que você vai ser pai solteiro e você nunca mais vai ver o Alexander". Se fosse pela Rose, eu não sei se me importaria tanto. Sentia que tinha uma chance grande de ficar e continuar com ela, mesmo depois que o bebê nascer. Eu sempre falei que a queria perto do Alexander. Agora, eu a queria debaixo do nosso teto.

Seria um problema com a clínica se eles decidissem que o nosso filho deveria ir para a Tasha ou algo pior. Ou se a minha ex-esposa decidisse, simplesmente, entrar na justiça pedindo a guarda do meu filho só para me ferrar e me irritar. O juiz consideraria dar a guarda para uma mulher que tem condições financeiras e que assinara o contrato como mãe adotiva do Alex quando o processo todo começou, isso era um ponto negativo para a Rose, mesmo ela sendo a mãe biológica do meu filho. Eu poderia pedir o divórcio no dia que o meu filho nascesse. Até a Rose assinar que abre os direitos sobre a responsabilidade dele, eu teria tempo de me divorciar antes e por sorte evitar que a Tasha assine o registro do meu filho ou pense em pedir a guarda. O nome da Rose sairia na certidão de nascimento do Alexander se ela quiser.

O que eu não poderia deixar é a minha futura ex-esposa, colocar as mãos sobre o meu filho ou teríamos um problema gravíssimo. Então era aqui que entrava a parte boa. Como a Tasha já percebera que eu sabia de muitos dos casos de infidelidade dela, agora, ela mal aparecia em casa porque sabia que teria perguntas a responder. Eu? Eu não pude me importar menos. No começo, eu senti muita raiva dela, pelo que ela me fizera e ao nosso casamento, à história e família que estávamos construindo, por ter colocado uma criança nessa sujeira que ela criou no nosso casamento. Eu me perguntava, se eu não decidisse procurar, até onde ela levaria esses casos? Depois, eu senti raiva de mim mesmo por não ter confiado mais na minha irmã e não ter enxergado o que estava bem a minha frente.

Por fim, eu me libertei. Nosso casamento tinha ruído de vez quando o laudo da clínica particular chegara atestando que a Tasha fizera um aborto na mesma semana em que Rose perdera um dos trigêmeos. Inicialmente, isso me devastara, mas refletindo, não tinha como aquele filho ser meu. Para entregar um material bom à clínical para a inseminação, Tasha e eu passamos por aquelas semanas todas sem transar. Não tinha chances de aquele filho ser meu. Então no início de Janeiro, quando as respostas começaram a chegar, enquanto a Tasha estava em Las Vegas dormindo com o seu assistente e quantas outras pessoas ela queria mais, eu fui descobrir quão feliz eu poderia ser ao lado de quem eu realmente gosto e quem gosta de mim, cuidar e dar um pouco mais de atenção para a mãe do meu filho. Eu fui ser feliz nos braços de uma mulher doce e que se preocupa comigo.

Eu não estava feliz em estar nessa situação. Não estava feliz por enganá-la, por deixá-la com esse sentimento de que ela é minha amante, quando, na verdade, ela é quase a minha namorada, a minha mulher. Eu estava, na verdade, desesperado por um divórcio que eu ainda não podia pedir. Pior que eu sabia que dessa forma, o nosso relacionamento e qualquer possibilidade de futuro estava fadado ao erro. Eu estava mentindo para ela, escondendo dela essa situação toda com a Tasha e o meu desejo, meu atual sonho, de fazê-la a minha família estava escorrendo e escapando por meus dedos a cada dia que se passava.

Per te, mi amoreWhere stories live. Discover now