Capítulo 34

328 37 176
                                    

Eu não conseguia mais andar. Não importa se era aquele andar de pato que a Vika sempre me provocava ou um maldito passo se quer. Eu me sentia mal, dolorida. Não, corrigindo, eu me sentia absurda e totalmente mal. Não tinha uma maldita roupa que eu me sentia confortável – ou que me servisse –, hoje mesmo eu estava usando as botinas de inverno do Mase quase cinco números maiores que a minha e sua jaqueta de inverno. A minha já não tinha mais a decência nem de abotoar os pobres e míseros botões que restavam.

Por sorte, Mase tem sido obrigado a vestir as roupas sociais mais religiosamente do que ele já fazia antigamente. Algo sobre alguma parceria, auditoria, ou algo que eu não entendia muito bem que o escritório dele estava fazendo. Em outras palavras, ele estava dividindo o trabalho e a dor de cabeça com outra pessoa que tivesse tanta autoridade na empresa quanto ele. O que era bom, já que ele trabalhava demais e também merecia um descanso. Estar todo arrumado era para causar uma boa impressão, ele até tinha mandado lavar os ternos dele!

Isso significava que no meu tamanho, no meu estado de espírito, eu estava vestida à la Mason. Acho que as únicas peças que ainda eram do meu guarda roupa original eram a calcinha e as meias. De resto, a camiseta do uniforme era da coleção masculina cedida pela Celeste. A calça jeans e o sutiã já eram da sessão de grávidas há muito tempo. E obviamente, o kit inverno não tinha mudado muito, a touca, o cachecol e as luvas eram o que eu tinha desde... Sempre. Mas com certeza, a botina e a jaqueta eram do Mason. Com quase trinta e nove semanas de gravidez, tudo o que eu mais desejava era pode ficar em casa e nua. Nada mais me servia. Absolutamente nada.

— Rose, Deus do céu, você está para explodir! – Angie comentou ao me ver de manhã. Eu só tinha mais duas semanas para continuar trabalhando e depois terei um mês de férias. Com sorte, na verdade, terei os três meses de licença maternidade. Eu podia aguentar mais vinte e quatro dias de trabalho.

— Eu sei. Eu também sinto isso. – Choraminguei e dessa vez eu tinha certeza que o que eu mais queria era que esse bebê nascesse. Eu já tinha tudo o mais pronto possível para ele. Infernos, até a nossa mala de maternidade já estava pronta. Estava muito bem escondida no meu armário, mas estava pronta. — Cara, eu preciso me sentar em uma cadeira decente. Eu não dormi nada essa noite, se antes eu achava que não tinha posição para dormir, dessa vez elas acabaram. Fui tentar dormir até no sofá, não consigo mais. Essa criança precisa nascer. – Eu me ajeitei no banquinho, gemendo da pressão insana que eu sentia na minha região íntima há semanas. Já passara do nível insuportável há éras. Tudo envolvendo a gravidez estava me incomodando demais.

— Você já tem ideia de quando ele vai nascer? – Angie perguntou e nós observamos o irmão dela ir atender o casal que tinha acabado de chegar. Não tinha chances que eu me levantasse nos próximos minutos. Talvez até durante essa hora inteira.

— Pois é, fato engraçado que... Pelo último ultrassom que eu fiz, ele deve vir exatamente no dia do meu aniversário... Em algumas semanas.

— Que presente maravilhoso, Rose, você vai para a maternidade, vai parir, receber o resto do dinheiro e ter um mês de férias. Vai tirar todo o atrasado dos nove meses mal dormidos nesse mês inteiro, né?! – Angie ironizou e eu me senti mal por não contar para ela e nem ninguém a verdade. Eu ia sim para a maternidade no dia do meu aniversário e voltaria para casa com um bebê recém-nascido nos braços para passar mais alguns meses, ou anos, sem dormir. — Já pensou o que vai fazer durante todos esses dias? Eles... Eles vão fazer alguma festa de apresentação da criança tipo "O rei leão"? Você vai visitá-lo?

— Por que você acha que eles vão fazer uma apresentação tipo "O rei leão"? – Eu ri, quase imaginando a cena. Merda, agora terei que chamar o monstrinho de leãozinho! Embora a situação toda fosse trágica.

Per te, mi amoreWhere stories live. Discover now