A Ordem / Fragmentos da Eternidade, Livro 02

32 - MATTEO 夢

– Você não vai ser perder por aqui, certo Rô?

– Não enquanto eu puder captar tudo como um morcego!

Eu conhecia muito bem as capacidades dele, naquele momento, estava com parte da minha atenção voltada para recuperar minhas energias, e a outra, esperava que Diana estivesse a nossa espera assim que saíssemos dali.

Chegamos ao elevador escondido por alguns escombros e equipamentos, não tardamos em subir, aquele espaço fedia a odores repugnantes, Rô tirou um momento para averiguar seu próprio corpo, ele era forte e muito resistente, parte disso era devido as características de suas habilidades, cada joia conseguia dar a seu portador uma pequena peculiaridade que auxiliava no uso de seus poderes, Titânia, como uma boa caçadora, sempre procurava os melhores portadores, e isso era uma coisa que sempre me levara a me perguntar, além de qual joia ela possuía, claro, como ela detinha tantas informações assim? Como ela tinha fundado tão facilmente toda aquela organização, e como conseguia sempre saber onde encontrar portadores tão fortes?

­– Sua família sempre foi muito rica, e ela tem posse de um livro contendo diversos segredos a respeito das joias!

Pude ouvir a voz de Diana diretamente em meus pensamentos, o que significava que eu já estava no alcance de seu poder, ela nos esperava no térreo do armazém que saímos, suas habilidades de dedução conseguiam ser ainda melhores que seus próprios poderes para saber exatamente onde nos esperar.

– Vocês demoraram, o que aconteceu lá embaixo? – Ela perguntou assim que saímos do elevador, o deposito em questão era bem iluminado, sinal de que Titânia havia pago apropriadamente as contas daquele lugar, o que também significava que era melhor não ficarmos muito tempo por ali.

– Seria mais fácil se você bisbilhotasse logo a minha memória! – Não estava sendo rude, estava apenas cansado pra ter que dizer palavra por palavra.

– Sabe que não gosto de fazer isso, mesmo podendo facilmente com você, ainda não me sinto confortável.

Dei de ombros para sua constatação, nobre até mesmo quando não éramos mais tão nobres assim.

– Aquela besta sanguinária fez de novo, usou nossas vidas como uma brincadeira de boneca pra se divertir, foi isso! – Quem respondera as indagações de Diana foi Rô.

– Quem você está chamando de besta sanguinária, besta sanguinária? – Ela se voltou para ele debochando do comentário, Rô se contentou em sair de seu campo de visão e ir sentar ao longe.

– Diana, eu sei que você ainda tem um pouco de respeito por aquele monstro, mas você, agora, já deve saber que ela não é digna desse apresso todo.

– Eu sei disso, mas ainda sinto que tenho uma divida com ela por ter nos ajudado, mesmo sabendo ainda mais o tipo de criatura mesquinha que ela é. – Diana falava mais pra si mesma do que pra mim.

Eu não pretendia sair como um mártir também, não fazia meu estilo inocentar minhas próprias culpas, que me matassem antes que desejasse me inocentar delas, mas um fato era importante ali, Titânia havia feito de novo, ela havia novamente armado o palco para um joguinho ridículo em busca de simplesmente nada. Se ela queria os Guardiões, ela os tinha na palma da mão, se ordenasse que mais pessoas estivessem ali conosco eles não teriam chance, além do mais, soltar as Calamidades, tudo foi fruto de um mero divertimento, e eu já estava cheio desse divertimento, se pretendia conseguir tudo que me era agradável, deveria ser não mais pelas mãos dela, mas pelas minhas próprias.

– Ela nos acolheu, nos deu abrigo e nos ajudou a desenvolver nossos poderes, não éramos mais nada... sei que isso é um sentimento pífio pra me apegar, tudo bem?